Categorias
blog

Intervalos

Ninguém vê as suas vidas a passar através da janela estreita do diário, pois não?
Se disso estou relativamente certo, não consigo deixar de temer que seja nas biografias, no registo perceptível das influências que exercemos sobre a realidade que os outros procuram uma imagem de nós.
Se assim for, algumas vidas são mais fáceis de seguir que outras: uns marcam quotidianamente os mesmos sítios e as mesmas pessoas com os mesmos actos, enquanto outros parecem saltitar de sítio em sítio, de actividade em actividade, até atingirem o limite histérico da esquizofrenia.
Mas, se não for nas marcas reais que deixamos na superfície do quotidiano que se desenha o nosso perfil biográfico, talvez se possam encontrar outros padrões, outras regras, outros parâmetros que farão dos últimos sãos e, dos primeiros, paranóicos.
Que a loucura era uma questão de perspectiva nunca houve grande dúvida.
O problema está nos instrumentos de representação disponíveis a cada um dos biógrafos que todos somos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.