#1. Participação. Sem ser uma vitória tão contundente como podia parecer antes do fecho das urnas, a descida da abstenção não deixa de ser uma das mais importantes vitórias do dia eleitoral.
#2. Multipartidarismo. Apesar da expressiva maioria absoluta do Partido Socialista, os portugueses demonstraram que o sistema multipartidário que temos está de boa saúde e recomenda-se.
#3. Lucidez. Os portugueses que tradicionalmente não votavam e que decidiram ontem dar uma lição à abstenção, não são estranhos à realidade política portuguesa. A afluência às urnas não foi um “efeito Bush”. Pelo contrário.
#4. Movimentos. A aposta na fulanização da campanha, demasiado explícita na direita, pode ser um dos principais motores da sua derrota. Os portugueses, pela forma como votaram, mostraram que já não estão assim tão à espera dum D. Sebastião, saído da bruma, “contra ventos e marés”. E, como não se pode dizer que a vitória do PS seja fruto do carisma do seu líder, podemos voltar a ter uma política que se concentra em ideias e movimentos de pessoas, em vez de se perder na esgrima das personalidades.
#5. A Esquerda. Afinal, a “Esquerda” podia ganhar toda. As esquerdas afirmam o seu espaço vital, com a consolidação e reforço da CDU sob uma liderança refrescada e refrescante e o Bloco de Esquerda, com o seu crescimento espectacular (apesar de previsível), ajuda a redefinir o papel da Esquerda na vida parlamentar portuguesa. Quem abanou o “fantasma da Esquerda” e da “Esquerda Radical” ficou só mesmo com o ridículo, e sai de cena com o rabo entre as pernas (de facto até sai com mais dignidade do que outros que, aparentemente, terão que ser “empurrados”).
#6. O Sampaio. Disse o António Vitorino que os resultados eleitorais de ontem eram a prova que para alguns faltava do acerto da decisão do Presidente da República. Descontando um bocado da demagogia inerente à afirmação, não se pode dizer que ele esteja completamente errado.