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Hábitos de leitura

Foi o Henrique Jorge, do Prego no Sapato que me juntou a esta cadeia de confissões de hábitos de leitura. Onde terá começado?
Demorei algum tempo, mas aqui vão as respostas.

1. Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Porque sou ambicioso, para poder ser tudo, quereria ser só um bocadinho das “Ficções” do Borges: “A Biblioteca de Babel”.

2. Já alguma vez ficaste apanhadinho por um personagem de ficção?
Sem saber bem o que quer dizer isso de ficar “apanhadinho por um personagem de ficção”, diria que isso me acontece frequentemente com boa ficção. Na adolescência acontecia-me muito ficar apanhado não tanto pelas personagens, mas pelos autores e a forma como escrevia ia variando de acordo com as coisas que lia. Talvez isso ainda me aconteça.
Sobre as personagens, acho que a verdade continua a ser a mesma: perante boa ficção, é-me quase impossível não ficar “apanhado”. E mesmo não sendo estritamente ficção, é possível. Recentemente, o Baudolino, do Eco, e o Bruce Chatwin no “Canto Nómada”, causaram-me grande impressão.

3. Qual foi o último livro que compraste?
“O Mel”, do Tonino Guerra, para oferecer.
Para mim, além de livros “técnicos” sobre eco-design e música improvisada, já não compro livros há algum tempo: faço saber que livros gostaria de ter e espero que mos ofereçam. 😉
Resultou para uma série de leituras recentes importantes: “O Canto Nómada”, do Bruce Chatwin, “Portugal Hoje: o medo de existir” do José Gil…
Acho que o último livro que comprei para mim foi mesmo “O Contrabaixo”, do Patrick Süskind, já lá vão uns meses…

4. Que livros estás a ler?
Estou a acabar de (re)ler “Arcana: musicians on music”, um conjunto de ensaios editado pelo John Zorn.
Além disso, tenho:
– na mesinha de cabeceira, o “Improvisation: its nature and practice in music” do Derek Bailey (também para reler);
– na mesa de trabalho, “The Eco-Design Handbook” e “Design for the Real World” (em leituras cruzadas);
– na outra mesa de trabalho, o guião da “Cidade dos Diários“, que é muito bom…;

5. Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Essa pergunta é um bocadinho tonta. Partimos do princípio que eu estava na ilha deserta de livre e espontânea vontade ou por má sorte? Por uns tempos ou para a eternidade? Quanto tempo de preparação teria, para me dar ao luxo de escolher 5 livros?
Seja…
“Ficções”, do Borges
“Poesia Toda” do Herberto Helder
“Rosa do Mundo”
“O Mel” do Tonino Guerra
“Ulisses” do James Joyce (que só numa ilha deserta é que deve fazer sentido como leitura)

6. A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
– ao Guilherme Cartaxo, do Enfado, porque, em Timor, todas estas perguntas têm um significado diferente;
– ao knuque, do Talento da Mediocridade, porque sei que vou gostar de ler as respostas;
– ao Abulafia, do Esquerda Volver, porque o blog dele está parado há demasiado tempo. 😉

4 comentários a “Hábitos de leitura”

achas mesmo que só numa ilha deserta é que o “ulisses” faz sentido como leitura?

para uma ilha deserta eu levaria “em busca do tempo perdido” de marcel proust.
não estou a ver muitas outras circunstâncias em que se consiga ter tempo para ler tudo de seguida.

Segui esta cadeia até ao suposto início, aqui, e concluí que deve haver um erro de tradução na primeira pergunta… que, de facto era um bocadinho estranha.
Tão estranha que mesmo no original e perto da origem deu azo a confusões.
Mas, se pensarmos em “you’re stuck inside Fahrenheit 451” e que isso significa que temos que escolher um livro que aceitaríamos queimar… será isso?
Fiquei sem perceber.

O Talento da Mediocridade já tinha respondido a este desafio, antes de eu o lançar…
Está aqui.

Sobre o “Ulisses”, Diana… nem sei que te diga.
Talvez tenha escrito aquele “só numa ilha deserta” um bocado por irritação: depois de várias tentativas, a verdade é que nunca consegui ler o “Ulisses”…

Talvez o melhor mesmo para a ilha deserta fosse o “Finnegan’s Wake”…

😉

também ainda não consegui ler o “Finnegan’s Wake” duma ponta à outra, mas acredito que tenha sido mais por circunstâncias da vida. a verdade é que, desde que comprei o finnegan’s, não li muito mais livros…
e para quem leu o “pêndulo de foucault” numa noite, duas semanas para o “ulysses” é “leitura desportiva”! talvez depois da cidade dos diários …e de outras coisitas pendentes. 🙂

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