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O Teatro Aveirense

A notícia é esta:

Paulo Ribeiro deixa Teatro Aveirense
Lucinda Canelas e Rui Baptista

Conselho de administração invoca dificuldades financeiras para dispensar o coreógrafo

O coreógrafo Paulo Ribeiro deixou a direcção do Teatro Aveirense, cargo que ocupava desde 17 de Outubro e para o qual foi convidado pelo anterior executivo da Câmara Municipal de Aveiro (CMA), presidido pelo socialista Alberto Souto.
A saída de Paulo Ribeiro e do seu director adjunto, Albino Moura, foi dada a conhecer dois dias antes de terminar o período experimental estipulado pelos respectivos contratos. Não será paga, por isso, qualquer indemnização, informava ontem o comunicado divulgado pela autarquia, agora com um executivo da coligação PSD/CDS-PP. A desfavorável “situação económico-financeira” da Câmara de Aveiro foi o argumento invocado pelo conselho de administração da empresa municipal que dirige o Teatro Aveirense para dispensar os serviços do director geral e artístico e do director adjunto.

Buraco financeiro
Paulo Ribeiro e Albino Moura reuniram-se na semana passada com representantes da autarquia, tendo-lhes sido pedido que aguardassem uma decisão. “A única coisa que lhes dissemos nessa reunião foi que nos dessem garantias de que o executivo mantinha a confiança institucional e profissional em nós”, explicou ontem Paulo Ribeiro. Anteontem, os dois directores voltaram a encontrar-se com os representantes e foram informados de que a câmara pretendia rescindir os seus contratos. “Disseram-nos que a câmara anterior tinha deixado um grande buraco financeiro e que, por isso, sentiam necessidade de repensar a actividade do teatro”, acrescenta, garantindo que a anterior câmara PS previra um orçamento de 650 mil euros para o Aveirense em 2006.
A administração do Teatro Municipal de Aveiro, assegurada pela empresa municipal TEMA, garante que vai “honrar os compromissos” assumidos na área de programação por Paulo Ribeiro para os primeiros meses de 2006 (até Maio), mas manifesta vontade de adoptar “uma nova política” cultural na principal sala de espectáculos da cidade. Na próxima reunião da autarquia, marcada para 21 de Novembro, será proposto o nome de um novo director-geral do teatro, que terá poderes alargados na área da programação e da gestão. O PÚBLICO apurou que se trata de uma figura de Aveiro ligada ao ensino e à cultura. Para já, Paulo Ribeiro teme que venha a verificar-se um desinvestimento da autarquia num “equipamento cultural de grande qualidade” e com uma “equipa fantástica” como o Teatro Aveirense. “As autarquias continuam a olhar para a actividade cultural como uma coisa secundária, supérflua”, defende, “achando que qualquer pessoa pode programar, mesmo sem respeitar a necessidade de uma oferta diversificada, capaz de formar públicos e massa crítica”.
Paulo Ribeiro ficou numa situação delicada após a derrota nas eleições autárquicas de 9 de Outubro do anterior presidente da câmara, Alberto Souto, que o tinha contratado dois meses antes. Durante a campanha eleitoral, o coreógrafo terá tomado partido por Souto, facto que desagradou aos membros da coligação entre o PSD e o CDS, denominada Juntos por Aveiro, encabeçada pelo independente Élio Maia, que viria a ser eleito presidente da câmara. Apesar da rescisão, o conselho de administração da TEMA garante, em comunicado, “que o escasso período de tempo” que Paulo Ribeiro e Albino Moura passaram em Aveiro “foi suficiente para demonstrar a sua competência profissional”.

Mas há uma série de perguntas que ficam sem resposta… o “buraco financeiro” obriga a “repensar a actividade do teatro”… está certo.
Mas não faria sentido repensar essa actividade com o Paulo Ribeiro?
Com todos os elogios que ele mereceu de todos os quadrantes políticos durante a campanha autárquica, seria de esperar que se contasse com ele para ultrapassar as dificuldades existentes. E não é claro porque é que, suspeitando da eficácia da orgânica das empresas municipais existentes, este executivo nomeia, sem demoras, administradores para todas elas, mas põe em causa um lugar operacional decisório, como o de Paulo Ribeiro, por necessidades de “repensar”.
Mas, mais: as condições financeiras difíceis tiveram impacto no cumprimento dos contratos estabelecidos com o Paulo Ribeiro e o seu adjunto ou tiveram/terão impacto no cumprimento do perfil de programação que ele propunha?

Falou-se, a propósito da contratação de Paulo Ribeiro como director artístico do TA, dum “renascimento” do projecto que, “agora sim”, teria condições objectivas para evoluir no sentido de se afirmar como equipamento cultural mobilizador e de dimensão regional. Com a saída de Paulo Ribeiro e sem uma visão clara do que poderá ser o futuro do TA, receio que possamos assistir a um “regresso ao passado” que teria custos insustentáveis para o tecido cultural da cidade.
Espero estar enganado.

6 comentários a “O Teatro Aveirense”

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!!

É bom que haja gente que mantém o sentido de humor.

Mas tenha cuidado, caro anónimo. Nas entrelinhas do que escreveu, lê-se uma feia acusação ao Paulo Ribeiro.

Passe muito bem.

E então? Ele é algum anjinho??? Não me parece. Tudo se resume a €€€€. Passe muito bem.

Se eu estiver no estrangeiro e quiser saber de actividades culturais em aveiro a partir da segunda quinzena de dezembro, como poderei fazer?

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