Quem não for capaz de perceber isso, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, e quem quiser fazer de conta que o movimento liderado por Helena Roseta tem alguma coisa que ver com os pseudo-movimentos que elegeram Isaltino Morais ou Fátima Felgueiras, ou com o pseudo-movimento que deu este resultado a Carmona Rodrigues, ou está alheado da realidade ou quer alhear e confundir os seus interlocutores.
O resultado de Helena Roseta é um dos únicos bons sinais desta eleição. E o modelo de democracia participativa que ela preconiza (e que faz parte do discurso bloquista desde a sua fundação) é muito mais do que uma “moda”. Trata-se da evolução inevitável dum sistema democrático capaz de se renovar e aprofundar, por oposição à cristalização que tão confortável seria para os grandes partidos e os seus opinion makers de serviço.
Ameaçar com o possível abuso futuro deste modelo por parte de autarcas mal intencionados é duma baixeza inqualificável.
Como nota final, fica o desplante da afirmação de Carmona Rodrigues de que os números da abstenção revelam que os lisboetas não quereriam estas eleições intercalares e a minha estranheza ao concordar com Nuno Rogeiro, que acha que, acima de tudo, os candidatos não souberam estar à altura da ocasião e mostrar porque é que estas eleições eram importantes. Isso é verdade, assim como é verdade que o tratamento geral dado pela imprensa à candidatura de Carmona e aos casos em que está envolvido não facilitou em nada a atenção ao facto de que ele e parte da sua equipa entraram nesta corrida na condição de arguidos. A perspectiva de que o resultado eleitoral poderia ser este, tornando-o peça fundamental na “dança de cadeiras”, pôs toda a gente de bicos de pés e luvinhas à volta dele…
Aliás, em tudo isto, os casos em que Carmona e a sua equipa estão envolvidos parecem ter feito perder mais tempo em esclarecimentos e defesas de posições à candidatura de José Sá Fernandes e ao seu irmão, denunciante e testemunha chave no processo Bragaparques.