Periodicamente revejo cada uma das redes para tentar ver até que ponto é que a minha sensação de desconforto é ou não partilhada e para ver que estratégias estão a ser adoptadas para permitir o máximo de integração.
A verdade é que a maior parte das redes tenta optar pela estratégia mais “concentracionária” de dizer: venham para aqui porque aqui podem ter tudo: as fotos, os vídeos, o blog, o diabo a quatro.
Em boa verdade isso se calhar até é possível, mas com a proliferação de redes e com as lógicas de funcionamento em que é preciso estar registado para comentar, ver conteúdos ou coisas que tais, ficamos sempre dependentes da avaliação do nosso potencial conjunto de “amigos-digitais” já presentes em cada uma das redes. Quem consegue escolher dessa form, pode dedicar-se a uma rede em exclusivo e esperar que os seus “amigos” o sigam para onde quer que seja. É uma estratégia muito fácil para machos e fêmeas alfa, mas para a malta mais fraca e menos popular não é tão fácil. 😉
Mas também é verdade (e já o disse mais do que uma vez) que as redes e serviços especializados oferecem um serviço logicamente mais completo naquilo em que se especializam. Todas as redes têm álbuns de fotografias, mas não como o Flickr. Todas têm vídeos, mas não como o YouTube. Todas têm música e “tabelas” de gostos musicais, mas não como a Last.fm. Todas têm blogs ou sistemas de “pensamentos e notas do dia”, mas sem as potencialidades que tenho neste blog em WordPress ou que teria com o Blogger ou similar.
É essencialmente essa a razão pela qual eu sou um adepto incondicional de eventuais estratégias de integração dos conteúdos: o ideal seria deixar que cada pessoa escolhesse as plataformas de introdução e partilha base dos seus conteúdos adaptados aos media e suportes escolhidos. Depois, o trabalho de social networking seria precisamente apenas o de estabelecer as ligações entre pessoas e entre as pessoas e os seus conteúdos.
Do lado das redes de distribuição de conteúdos há imensos esforços nesse sentido (widgets, feeds…), mas a resistência das plataformas de social networking é grande, porque é a utilização intensiva que lhes interessa (escrita de posts e comentários, upload de fotografia, vídeos e música, etc). No limite, uma rede social verdadeiramente eficaz podia simplesmente ir colher conteúdos aos vários locais indicados pelos seus legítimos autores e permitir trocas de comentários entre utilizadores, com notificações por e-mail, ou seja, poderia não receber visitas. É pouco provável que alguma das plataformas avance nesse sentido, de facto.
Até lá, podemos ir aplaudindo os pequenos esforços de integração, como seja o facto de no Virbº ser possível:
- usar um feed externo para a secção de blog, evitando duplicações de entradas
- integrar os álbuns do Flickr no perfil pessoal
- ter os vídeos do YouTube facilmente no perfil (não é automatizado, ainda)
Por estas e por outras, acho o Virbº uma das melhores plataformas de social networking, mas o número de utilizadores e o número de “amigos-digitais” que tenho no MySpace, por exemplo (ou que poderia ter no hi5), não me fazem ter grande vontade de me mudar para lá de armas e bagagens. Não sou suficientemente alfa para isso.
Mas a julgar pela quantidade de utilizadores de várias plataformas e pela sua aparente calma deve haver uma melhor estratégia de gestão dos hábitos de social networking por aí… eu é que não conheço. Ou isso, ou o retorno que tiram da sua presença nas redes é diferente do meu. 🙁
Entretanto mantêm-se duas redes por analisar: facebook e multiply. Para a segunda recebi um convite explícito (entra a parte alfa da coisa) e a primeira parece ser pensada em torno destes princípios que eu defendo: abertura para conteúdos vindos de fora por widgets e feeds e gestão apenas dos contactos e similares.
Alguém tem sugestões a dar?
2 comentários a “Social Networking: so many places, so little time…”
Há quem esteja precisamente a trabalhar nessa questão, especialmente na parte da gestão de relações, mas também conteúdos:
http://bradfitz.com/social-graph-problem/
Vindo de quem vem (mesmo criador de open-id, livejournal, memcached e outros projetos open-source) é apropriado pensar que vão conseguir resolver o problema e adopção por parte de muitas redes sociais de momentos a médio prazo.
Exactamente. E ele refere o esforço da parte do projecto nos microformats, de que falava o Zeldman e que já referi no tal post da “Fadiga Social”.
Mas como ele diz, os “grandes” do sector (MySpace, hi5, orkut, quem mais?) podem não ter grande interesse em cooperar, o que pode atrasar mais ou menos a implementação.
Mas o enunciado do Brad Fitz é realmente teoricamente perfeito: um sistema aberto, seguro, complementar, integrado e controlado pelo utilizador para resolver o grafo “social”, coloca as diferentes plataformas de serviços on-line concentradas nas diversas coisas que fazem bem. Mas isso não é a morte das plataformas de social networking como as conhecemos?
O problema será sempre a manutenção do equilíbrio entre as necessidades dos diferentes modelos de negócio e os serviços adicionais que justificam a adesão dos utilizadores. Aí, as plataformas “vazias” (MySpace, hi5, etc) ficam a perder para as plataformas especializadas (Flickr, YouTube, Last.fm), porque o modelo de negócio das primeiras depende precisamente da aquisição, manipulação e controlo dos dados de muitos milhares de utilizadores. Serão sempre esses os menos cooperantes.