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Open Source: ideia ou doutrina?

É-me difícil deixar de pensar na questão do Open Source, principalmente depois de episódios como este, em termos globais ou conceptuais, tentando perceber as diferentes abordagens possíveis ao fenómeno e tentando compreender ou descobrir a minha real relação com o fenómeno. De certa forma, dou por mim  a pensar que os puritanos de que falava, se calhar, têm razão e, na verdade, eu não apoio o Software Livre.

De facto, pensando nisso com algum cuidado e profundidade, do ponto de vista filosófico, quase, não me seria possível apoiar o Software Livre da mesma forma que um programador o faz, porque o significado desse apoio é fundamentalmente diferente. Basicamente, tudo se resume a uma ideia de liberdade e aos processos e ferramentas necessárias ao exercício dessa liberdade. Para um programador, de facto, o acesso ao código é condição de liberdade, mas, por muita retórica que se use, esse acesso não se traduz num exercício de liberdade para os restante utilizadores do código. Para os utilizadores, poderá ser útil e conceptualmente positivo, como eu acho que é, estar dependente duma comunidade activa e eticamente saudável de programadores, em vez de estar nas mãos duma corporação centrada no lucro, mas o acesso ao código não é condição de liberdade desses utilizadores. Esse “exercício de liberdade” é restrito e, no fundo, estabelece uma outra forma de tecnocracia.

É por isso que a mim me parece que defender e apoiar um ideia de Open Source, consiste em compreender quais as fontes de conteúdo que permitem o exercício real de liberdade a todos. E isso, nem sempre resulta da adopção ou na adopção de soluções de Software Livre. A liberdade no acesso e manipulação de conteúdos como música, imagem, vídeo ou texto é um problema igualmente importante quando se fala de liberdade. Mas é um problema que diz respeito a questões de direitos de autor, propriedade intelectual, formatos de distribuição, etc… Filosoficamente falando, as ligações entre o Software Livre e a luta contra os DRM são evidentes não são? Mas haveria música em formatos digitais (com ou sem DRM) se os músicos e os estúdios estivessem dependentes de Software Livre? Não.

Por isso, e para esclarecer eventuais dúvidas, assumo: não sou apoiante do Software Livre como tal, de forma absoluta, já que a liberdade contida no código aberto é, para mim, uma abstracção de liberdade que, na esmagadora maioria dos casos, não posso exercer. Sou favorável à dependência de comunidades de programadores empenhados, em vez de corporações gananciosas, mas não presumo que essas comunidades, por mais bem-intencionadas que sejam percebam todas as minhas necessidades. Não sinto por isso, na adopção de ferramentas com código proprietário, uma  limitação da minha liberdade. A minha liberdade passa por outras lutas, muito mais centradas na forma de distribuição de conteúdos e nos modelos de propriedade intelectual, com protecção dos autores, mas liberdade para a utilização e derivação.

Sinto muito.

18 comentários a “Open Source: ideia ou doutrina?”

Concordo com esta visão! Para mim enquanto consumidor preocupa-me mais com standards livres (para a web, para musica, documentos de texto, imagens…) do que o facto de o software ser opensource ou não. Os formatos livres, esses sim, dão-me liberdade de escolha.

Acho que estás a confundir em muito o que é “open source” e o que é “software livre”, e as suas relações. Em particular, aqui:

Mas haveria música em formatos digitais (com ou sem DRM) se os músicos e os estúdios estivessem dependentes de Software Livre? Não.

Não percebo porque não: mais por coincidência que por outra coisa, quase todas as músicas do meu projecto musical são feitas sem recurso a software que não seja o livre. Mas, além de não concordar com ela, não entendo a tua afirmação: provavelmente falha minha, mas não entendi bem o raciocínio que aqui aplicas… Importas-te de explicar melhor?

@Mind Booster Noori: Sem menosprezar o exemplo que dás, a verdade é que a esmagadora maioria dos músicos não escolhe as ferramentas que usa com base em critérios destes. Escolhe pela qualidade do som produzido, pela facilidade de utilização, pela formação que tem e partilha, pela disponibilidade nos estúdios que usa. E não há ferramentas de qualidade profissional em imensas áreas de captação e edição digital de áudio e/ou MIDI, nem técnicos de som preparados para os eventuais workarounds necessários para integrar hardware básico (placas de som, prés digitais, controladores, etc.) com as improváveis soluções open source de DAW (Digital Audio Workstations).
Ou há?
Para lá de setups muito específicos, como será o teu, que possibilidades, ferramentas e liberdade real dá o mundo do software open source aos músicos (este exemplo é extensível a outras áreas criativas, claro). E não estou a falar de músicos/programadores. Estou a falar de músicos.

O meu raciocínio assenta precisamente nesta premissa: o que é fundamental é a liberdade, que é um conceito tramado, porque provoca conflitos. Nomeadamente este conflito entre a liberdade de quem é capaz de manipular códigos e, por isso, quer que eles sejam livres e a de quem é apenas capaz de usar as ferramentas produzidas por esses códigos.
É uma coisa que me dá muito que pensar, confesso.

joaomartins:
Quanto à questão levantada pelo MindBoosterNori (por acaso ia levantar a mesma questão, até já tinha copiado o texto), penso que estás a começar pelo fim, isto é, dizes que:
“Mas haveria música em formatos digitais (com ou sem DRM) se os músicos e os estúdios estivessem dependentes de Software Livre? Não.”
Quando de facto o que acontece é que até agora não há estúdios/músicos de renome a apostar em Software Livre. O problema está num conjunto de situações criadas ao longo dos anos, que impede o pessoal do Software Livre de desenvolver aplicações/drivers/whatever para algum hardware(tipo placas de som/daw/etc e tal) que por acaso é o mais usado na comunidade artística e musical. Se houvesse uma abertura por parte dos fabricantes de hardware no sentido de abrirem as especificações dos seus produtos para permitir aos programadores criar software para eles, haveria com certeza soluções na área do Software Livre.

Quanto aos conflitos, penso que não têm razão de existir. Se os programadores são capazes de manipular o código e os utilizadores apenas o usam, o que têm estes últimos a perder ?

Eu concordo plenamente com o Spiff. Apesar de ser a favor do software proprietário, sou a favor de standards abertos e de interoperabilidade. Assim se não gostar de um software ou achar que a empresa já está mais interessada no lucro no que na qualidade (ou por quaisquer outras razões) tenho a liberdade de mudar para outra aplicação sem perder os meus dados.

Isto é a liberdade que interessa às pessoas. Ser software livre ou não, acabam por associar a ser grátis ou não. Nunca pensam em que o código é alterável.

Não consigo perceber muito bem o raciocínio, pois este parece-me um pouco errado. Mas respeito-o.

O facto do software se livre não quer dizer que exclui alguém. Mesmo sendo livre, as pessoas têm acesso ao formato binário. Assim, podem utilizar sem qualquer problema esse software. Vê o caso da distribuição de GNU/Linux GnewSense.
É verdade que não existe liberdade total, mas o software livre dá mais liberdade a todos que o open source, apesar de não haver muitas diferenças entre os dois movimentos – um quer ter acesso ao código e o outro é mais acesso ao código por conveniência.

Em relação ao software para gravação, edição, produção e pós-produção de áudio, o m42 faz uma observação muito acertada. O problema não é do software livre ou do open source, é dos fabricantes que não se mostram disponíveis para facilitar, pelo menos, o suporte do seu hardware em sistemas livres.

Só a título de curiosidade: já experimentaste o Dyne:Bolic? É uma distribuição de GNU/Linux direccionada para a criação de conteúdos multimédia com formatos livres. http://dynebolic.org/

Uma questão curiosa que destaco dos comentários é a ideia, estranhíssima para mim, de que o software é da autoria aparentemente exclusiva de programadores e que o seu desenvolvimento é, ou pode ser, sempre independente do hardware.
No caso concreto do áudio por exemplo, duvido que os porgramadores tenham mais importância que os engenheiros de som, técnicos e músicos que estão na origem e se envolvem no desenvolvimento das soluções de software e hardware. Esse será um dos modelos de desenvolvimento mais difícil de replicar nas lógicas do open source, uma vez que os autores “fundamentais” das aplicações não são codificadores. Como fica o trabalho dos músicos, engenheiros e técnicos de som que trabalham em empresas como a Digidesign, Apple, Motu ou Ableton se as suas representações codificadas passarem a domínio público? Esta é uma das questões que levanto: qual a capacidade do modelo open source de desenvolvimento de software de recrutar, manter e usar as competências específicas dos não programadores, se se centrar absolutamente na liberdade do código?
Posso estar a baralhar conceitos e a não me explicar bem, mas custa-me a ideia de que, para ser coerente com algumas das minhas convicções, a minha liberdade como utilizador de plataformas avançadas de edição de som ou imagem (ou outra coisa qualquer) possa ser limitada pela liberdade dos programadores acederem a um qualquer código.
Isso não significa que seja contrário ao Software Livre – Open Source. Pelo contrário: defendo a sua implementação sempre que possível e acho que na esmagadora maioria dos contextos, as soluções open source são tão boas ou melhores do que as soluções proprietárias. Por isso mesmo, por prezar a minha liberdade e por reconhecer que há muitas coisas que desconheço, acho que deveria ser parte integrante da filosofia do Open Source o reconhecimento e a reflexão sobre áreas de especialidade nas quais o modelo de desenvolvimento pode precisar de ajustes ou não ser adequado de todo.
Ou seja, deveria fazer parte da filosofia do Open Source, alguma forma de humildade dos programadores na sua relação com o mundo.

Percebe-se melhor, assim?

Código livre não significa que ele é desenvolvido apenas por programadores. Um exemplo disso é o KDE. Para além dos programadores, ouve trabalho da comunidade em torno do projecto, que incluí designers e até mesmo simples utilizadores de desktop.
O software proprietário também aceita input dos seus utilizadores, mas isso acontece a uma muito maior escala no software livre. Pelo menos, em alguns que estou envolvido, de forma mais ou menos indirecta.
Software livre é um esforço de uma comunidade, que incluí todo o tipo de pessoas. Se um técnico de som quiser entrar num projecto de áudio, pode entrar e ajudar no desenvolvimento da aplicação.

@Mind Booster Noori: Sem menosprezar o exemplo que dás, a verdade é que a esmagadora maioria dos músicos não escolhe as ferramentas que usa com base em critérios destes.

Acho que não entendeste bem, eu disse “quase acidentalmente”. Eu nunca usei, para Merankorii, o critério “é free software”. O que é verdade é que não foi totalmente acidental: usei sempre o critério “corre em GNU/Linux”, porque esse é o Sistema Operativo que tenho, em exclusivo. Mas, tal como se compra software para música, consideraria comprar um sistema operativo para correr determinado software de música… Se ele valesse esse preço e esforço. Já valeu, para algum software que usei no passado, hoje em dia, para o meu caso em particular, já não vale. Resumindo, eu não usei “é free software” como critério, ele veio “por arrastamento”. Já agora, há muitos outros artistas que usam apenas software livre (se bem que não sei por que motivos), ao ponto de existir pelo menos um site (que, desculpa, já não me lembro dele) que funcionava como “repositório” de bandas que usavam apenas software livre (similar a “repositórios” que agregam informação sobre “bandas de jazz que lançam o teu trabalho com licenças CC” e coisas do tipo).

Escolhe pela qualidade do som produzido, pela facilidade de utilização, pela formação que tem e partilha, pela disponibilidade nos estúdios que usa. E não há ferramentas de qualidade profissional em imensas áreas de captação e edição digital de áudio e/ou MIDI, nem técnicos de som preparados para os eventuais workarounds necessários para integrar hardware básico (placas de som, prés digitais, controladores, etc.) com as improváveis soluções open source de DAW (Digital Audio Workstations).
Ou há?

Não sei bem… Tudo dependerá do que procuras, do que usas, do que conheces e dos teus “standards”… O que te digo é que há mercado para isso: ao ponto de haverem workshops sobre o assunto em Portugal…

Para lá de setups muito específicos, como será o teu, que possibilidades, ferramentas e liberdade real dá o mundo do software open source aos músicos (este exemplo é extensível a outras áreas criativas, claro). E não estou a falar de músicos/programadores. Estou a falar de músicos.

Não me parece que se possa falar de “setups muito específicos” quando se fala do meu, acho mais até que é ao contrário. Quem já tem um setup (como será, por exemplo, o teu caso) é que terá a tendência (que não considero errada) a tentar encontrar alternativas para cada uma das aplicações que usa no software livre, e se não encontrar uma delas, então vai deixar de considerar a migração. Aliás, até suspeito que fosse isso que tu querias dizer 🙂 Curiosamente os programas que usava no passado e que não haviam para GNU/Linux deixei de usar porque encontrei melhor para GNU/Linux. Ou seja, o factor “corre em GNU/Linux” só passou a ser relevante para mim a partir do momento em que já não tinha mais nenhum sistema operativo, e que a “facilidade de uso” de um programa para outro Sistema Operativo era medido, também, tendo em consideração a mudança de Sistema Operativo, et cetera.. Ah, e, por acaso, nunca usei (que me lembre, pelo menos) o factor saber programar em software que use para fins musicais, por isso estás a falar com um “músico” e não com um “músico/programador”.

No caso concreto do áudio por exemplo, duvido que os porgramadores tenham mais importância que os engenheiros de som, técnicos e músicos que estão na origem e se envolvem no desenvolvimento das soluções de software e hardware.

E não tem. Pareces-me ter uma ideia, errada, de que o software livre se centra nos programadores. A liberdade advocada pelo movimento do software livre, conturo, é a liberdade dos utilizadores, de todos, e não apenas dos programadores. De facto, é o movimento Open Source que irá interessar apenas aos programadores, pois aí não há “liberdades”, apenas “acesso ao código”, que para o não-programador serve de pouco.

Esse será um dos modelos de desenvolvimento mais difícil de replicar nas lógicas do open source, uma vez que os autores “fundamentais” das aplicações não são codificadores. Como fica o trabalho dos músicos, engenheiros e técnicos de som que trabalham em empresas como a Digidesign, Apple, Motu ou Ableton se as suas representações codificadas passarem a domínio público? Esta é uma das questões que levanto: qual a capacidade do modelo open source de desenvolvimento de software de recrutar, manter e usar as competências específicas dos não programadores, se se centrar absolutamente na liberdade do código?

Não consigo entender… Os autores de um pedaço de software livre podem ser uma equipa constituida, por exemplo, por programadores, músicos, engenheiros e técnicos de som, tal como no modelo de software proprietário. Nada muda de um cenário para o outro. O software livre não põe o programador à frente do resto…

Posso estar a baralhar conceitos e a não me explicar bem, mas custa-me a ideia de que, para ser coerente com algumas das minhas convicções, a minha liberdade como utilizador de plataformas avançadas de edição de som ou imagem (ou outra coisa qualquer) possa ser limitada pela liberdade dos programadores acederem a um qualquer código.

A tua liberdade como utilizador de plataformas avançadas de edição de som ou imagem nunca está limitada pela liberdade de programadores, está sempre, e apenas, limitada à oferta que existe. O que pode acontecer, e acontece, é que a liberdade de se fazer software livre para um determinado cenário (que pode ser, em última análise, irrelevante para ti) esteja condicionada (ou mesmo impedida) por outros factores (como especificações fechadas, patentes, et cetera).

Isso não significa que seja contrário ao Software Livre – Open Source. Pelo contrário: defendo a sua implementação sempre que possível e acho que na esmagadora maioria dos contextos, as soluções open source são tão boas ou melhores do que as soluções proprietárias. Por isso mesmo, por prezar a minha liberdade e por reconhecer que há muitas coisas que desconheço, acho que deveria ser parte integrante da filosofia do Open Source o reconhecimento e a reflexão sobre áreas de especialidade nas quais o modelo de desenvolvimento pode precisar de ajustes ou não ser adequado de todo.
Ou seja, deveria fazer parte da filosofia do Open Source, alguma forma de humildade dos programadores na sua relação com o mundo.

Ah… Agora descobri que confundes Open Source com Software Livre 😉 Podes ver a distinção no site da ANSOL. De qualquer forma, acho que “o reconhecimento e a reflexão sobre áreas de especialidade nas quais o modelo de desenvolvimento pode precisar de ajustes ou não ser adequado de todo” nunca se pode aplicar, visto que o software livre e o open source não são, por si só, modelos de desenvolvimento. Assim, qualquer modelo de desenvolvimento que funcione para o desenvolvimento de software proprietário poderá ser aplicado, de igual forma, para desenvolver (o mesmo software) e publicá-lo como software livre.

Não sei se conseguir explicar a minha opinião, ou se confundi ainda mais… Desculpa se estou a complicar demais esta questão O:-)

@joaomartins:

Queres maior forma de humildade do que dizer: “Isto foi feito por mim, vejam, revirem, usem, alterem ou deitem para o lixo.” ?
Isto é o que se chama o “peer review”: o trabalho pode ser revisto/criticado por quem percebe do assunto e sobrevivem os melhores, não os mais “comerciais”…
Outra coisa: Open Source é diferente de domínio público !

@Alcides Fonseca
Infelizmente, o software proritário não vivem bem da/com a interoperabilidade. Qual é a vantagem competitiva do software proprietário se puder concorrer com Software Livre nas mesmas condições, e.g., formatos de ficheiros, protocolos de comunicação, etc… ?

João,

Uma nota que julgo relevante: a tua conclusão pessoal não dá mais ou menos razão à questão do puritanismo nem é derivada a partir desta. Chegaste a essa conclusão pensando sobre o assunto.

Quanto ao puritanismo em si, que evocas no texto, só pode ser visto como extremismo. Usar um binómio preto e branco para avaliar quem apoia o Software Livre é ridículo. “Ou usas totalmente Software Livre ou não és apoiante/simpatizante/whatever” é uma falácia ridículo. Transpondo esse raciocínio, também ou se apoiam causas humanitárias a vida toda ou então não se é humanitário.

Mas pronto, abstenho-me de juízos valorativos quando ao puritanismo, cada um é livre de ser como quiser e isso é o mais importante. Desde que, claro, depois não venham chatear os outros que não lhes seguem o rasto extremista.

Distribuiçoes de Linux para edição de som com kernel em tempo real:
http://www.jacklab.org
http://www.dynebolic.org/
http://64studio.com/
http://www.musix.org.ar/
http://ubuntustudio.org/

Alguns sites com muita informação sobre o uso de Linux para edição de som:
http://linuxaudio.org/
http://www.musicaudio.net/linux/
http://www.linuxmovies.org/software.html
http://linux-sound.org/

Sons de uso livre:
http://freesound.iua.upf.edu/
http://cchits.ning.com/recent/

“Esse será um dos modelos de desenvolvimento mais difícil de replicar nas lógicas do open source, uma vez que os autores “fundamentais” das aplicações não são codificadores.”
É exactamente o oposto, no software opensource que o desenvolve são os utilizadores e vão adicionando funcionalidades à medida das suas necessidades, ao contrário do software proprietário em que as funcionalidades que são implementadas são que vendem mais e muitas vezes ditadas pelos departamentos de marketing.
Muitas vezes a falta de qualidade do código de algum software opensource vem exactamente de não serem mesmo “programadores” a fazerem o código.

@Diogo: não faço ideia. Não me apareceu aqui nada para moderar e tudo tem funcionado bem, tanto quanto me é dado saber.
A única hipótese é ter sido apanhado pelo Akismet, por engano. Tinha muitas hiperligações ou termos estranhos? Vou verificar se tenho por lá (no SPAM) algum comentário seu.
Se eu não o encontrar, não quer tentar repetir?

Ao Diogo e ao Mind Booster Noori as minhas profundas desculpas pelo comportamento “estranho” do Akismet que decidiu que dois dos vossos comentários, por sinal, muitíssimo relevantes, eram SPAM.
Acabei de os recuperar e ler e agradeço todos os links e todos os esclarecimentos.

Creio que é óbvio, aqui e em posts posteriores, que ainda ando a tentar perceber exactamente o que são alguns dos conceitos usados.

É bom poder pensar em voz alta e ter interlocutores tão interessados.
Vou voltar a este assunto e tentar explicar melhor porque é que algumas das minhas “confusões” se mantêm e porque é que me parece que, independentemente de estarmos a falar de Software Livre ou Open Source, me custa a crer que os programadores não tenham um papel demasiado preponderante para o desenvolvimento de ferramentas em áreas que lhes são mais estranhas.

Admito, à partida, o meu desconhecimento relativo a uma série de ferramentas e agradeço todas as sugestões apresentadas, mas a experiência que tenho, quer como músico, quer como técnico de som em teatros e estúdios faz-me ter profundas dúvidas acerca de tudo isto. Nesta área e em tantas outras em que os computadores e as aplicações informáticas vêm ocupar um espaço relativamente pequeno num ecossistema complexo de máquinas, pessoas, competências disciplinares… a entropia é tão grande que as poucas coisas que funcionam como deviam não páram de me surpreender. Claro que serem ou não Software Livre não é condição de fracasso ou sucesso, mas continuo a achar que o know-how “antigo” de técnicos de som e músicos “tradicionais e analógicos”, assim como os seus procedimentos, são mais facilmente assimilados e recompensados por esforços comerciais de empresas com vários tipos de ligação à indústria do que por esforços voluntariosos de grupos multidisciplinares ligados ao Software Livre.

Chamem-lhe falta de fé ou ignorância. Ou mostrem-me um setup de gravação em multipista digital baseado em Software Livre cujo hardware e software se aproxime dos standards de mercado. Ou uma biblioteca de samples com a dimensão e qualidade das recolhas do Miroslav Vitous.

Eu reconheço facilmente que caí numa armadilha “mortal” com a habituação à combinação hardware software do ProTools, e que se tivesse que deixar de usar o Ableton Live ou o SampleTank, as minhas rotinas de criação, gravação e edição ficavam feitas num oito. E, se calhar é mesmo só isso. Mas será?

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