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Quem é que fica com este 1%?

A anunciada descida do IVA de 21% para 20% deixa, antes de mais, uma questão no ar: quem é que vai absorver de facto esta medida? É a questão colocada pelo Francisco Louçã e faz todo o sentido. Diz-nos a experiência que estas pequenas flutuações nos impostos, que se traduzem, teoricamente, em descidas de preços, acabam por nunca beneficiar de forma directa os consumidores, uma vez que, entre manobras de arredondamento e, com um vasto rol de razões sempre à mão de semear que justificam toda a rapidez na subida de preço e toda a lentidão na descida, é provável que esta “esmola” do Estado seja apenas sentida pelas empresas.

Viu-se isso nas alterações do IVA nos ginásios, por exemplo, e todos observamos a rapidez com que as ténues vibrações de taxas e indicadores se reflectem em aumentos nos combustíveis, nas taxas dos empréstimos e no custo de todos os produtos e serviços, enquanto que, para haver descidas de preços, as alterações têm que ser claras, substanciais e estabilizadas.

Ao contrário do que diz o ditado popular, no caso dos preços, é mesmo a subir que todos os santos ajudam.

2 comentários a “Quem é que fica com este 1%?”

Quanto a mim, vou fazer o seguinte exercício: no dia anterior à alteração vou deslocar-me a uma superfície comercial e com a câmera do telemóvel vou registar o preço de alguns produtos. No dia seguinte farei o mesmo. Desconfio que os preços serão os mesmos…

A verdadeira questão é: “O mercado funciona, na auto-regulação de preços?”. Se a resposta for afirmativa, então o 1% reflecte-se no preço ao consumidor. Se a resposta for negativa, será para as empresas.

No imediato, é escusado ir confirmar. Ninguém vai descer preços. No entanto, a prazo, a inflação e a pressão de concorrência corrigem.

Obviamente, o bloco de esquerda não acredita no mercado e chega à conclusão que os malvados capitalistas vão directamente ao bolso dos portugueses. Claro que, se o mercado não funciona, os mesmos malvados capitalistas não precisavam da descida de IVA para ir ao bolso. Bastava aumentar preços. 1% nem se nota assim tanto.

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