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Desabafo

Estou plenamente convencido que a capacidade dum pai se sentir confortável afastado dum filho é inversamente directamente proporcional à idade deste último.

Quero com isto dizer que este afastamento forçado por pouco mais duma semana da minha Maria, que ainda só tem 4 meses, está-me a pôr com os nervos em franja. Chamem-me frágil, papá-galinha, mariquinhas ou outra coisa qualquer, mas cada dia que passa é um dia arrancado a ferros. Felizmente recebo fotografias novas todos os dias e tenho novidades frescas à distância dum telefonema. Mas nada (nem a generosidade da Cláudia), me convence que não estou a perder, dia-a-dia, momentos irrepetíveis.

E sei que, com o passar do tempo, a tolerância a este afastamento vai melhorar. Faz parte do crescimento dela, enquanto criança e do nosso, enquanto pais. Mas agora (e até domingo) tudo me faz falta.

5 comentários a “Desabafo”

Nao querera antes dizer “directamente proporcional”? Quanto maior a idade do filho, mais confortavel se sente um pai em estar afastado.
Ou fui eu que percebi mal o post?

Viva,

Acho que és capaz de estar enganada, embora cada um seja como cada qual.

Eu estou afastado do meu filho de 10 anos e acredita que me sinto muito, mas muito mesmo… desconfortável.

Mário Gamito

Obrigado pela correcção, Vasco. Apesar de continuar a não ser claro o que queria dizer. Estava a pensar no tempo que se aguenta estar afastado duma filha ou dum filho, com algum conforto. Muito tempo é sempre desconfortável, independentemente da idade do filho, como diz o Mário. Mas se sentia que nos primeiros dias de vida da Maria, cada hora afastado me custava imenso, agora sinto que posso estar até um ou dois dias sem a ver, se tiver mesmo de ser, sem ser demasiado desconfortável. Uma semana, como esta, está a custar-me imenso. À medida que ela crescer, imagino que serei capaz de estar afastado períodos cada vez maiores, com conforto. Sempre dentro de limites razoáveis do que considero afastamento. E racionalizando, obviamente, a noção de que esse afastamento é preciso para o nosso desenvolvimento. Custar, custará sempre e a cada momento. Mas a escala de tempo que usamos para medir o desconforto do afastamento muda com a idade da criança, não acham?

João,

Tu vais amar a tua filha agora, tanto como daqui a 10 ou 15 anos e, quando ela tiver essa idade e estiveres ausente uns dias como agora, as saudades vão ser as mesmas. Estás agora é sob o efeito “novidade”, que não deve ser confundido com amor.
O relacionamento “face to face” é que se vai alterando com o tempo.

Eu divorciei-me quando o meu filho tinha 5 anos.

Fazes ideia do que é passar esse tempo habituado a chegar a casa todos os dias, vê-lo vir a correr para mim, abraçá-lo, ir brincar com ele, estar sempre com ele e de repente, de um dia para o outro isso acabar ?
E passar a ter só um dia no fim de semana para estar com ele e uns bocaditos poucos durante a semana ?

Fazes ideia do que é no passado dia 29 de Agsoto, ele ter ido com a mãe (professora contratada) para os Açores e eu nos próximos 4 anos só o ir ver no Natal, Páscoa e Verão ?

Isto, sim é que dói mesmo fundo :-‘(

Mas é a vida.

— Mário Gamito

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