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Isto de “bloggar”

Cada uma das minhas tentativas de recomeçar este weblog é assaltada pelo medo do “vício”.
Porque sou um rapaz de vícios, capaz de ficar assim, como agora, até às 4 e 28 da manhã (não é a primeira destas madrugadas), a fazer pequenas edições do aspecto e conteúdo de tudo isto.
A estudar os “templates”, para perceber o XHTML e o CSS usado. Nem sequer a tentar acertar com nada… apenas a “brincar” com os pormenores invisíveis.

Cada uma destas madrugadas, afasta-me do “blogger” por uns tempos. Por medo de não ser capaz de deixar a plataforma ficar estável e quieta e cumprir, de facto, o seu objectivo: ser o suporte da minha disciplina mental, da minha necessidade de pensar escrevendo.
Quase sem excepções, o discurso curva-se sobre si próprio e acabo a discutir o acto de “bloggar”, num ciclo vicioso e viciante que já provou a sua perigosidade noutros contextos.

Talvez agora, escrito isto com as letras todas, possa encarar de novo a ideia simples de “escrever”. Registar.

Quanto mais não seja, como remédio para a tendinite.

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(re)Começar de novo…

Não voltou a passar um ano sobre a última entrada. Quase.

Entretanto os “weblogs” ganharam uma visibilidade quase pornogrófica. À pressa, revi o conteúdo destas páginas e decidi se ficavam ou não on-line.
Ficam (para já), por serem tão poucas as linhas gastas.
E ficam para cumprir o mesmo destino original: forçarem a disciplina de dizer o que faço e para quê e a disponibilidade de me expôr ao ridículo de não cumprir as expectactivas.
Que expectactivas? As que imagino nas cabeças das personagens que quotidianamente julgam os caminhos que vou tomando.

Entretanto, estão por cá “novos” bloggers. Se em Maio, era o weblog do Pedro Aniceto que me fazia “começar de novo”, agora é o weblog do meu pai, O Lado Esquerdo, que me faz repensar tudo isto.
Muito mais que as aventuras “bloggísticas” do Pacheco Pereira, ou os escândalos recentes do agora off-line, “Muito Mentiroso”, é a persistência do Arsélio Martins que me faz acreditar que estes exercícios de disciplina são, de facto, sãos.

Infelizmente, não é verdade que “quem sai aos seus, não degenera”.
Talvez só haja verdade naquela outra versão que diz que “quem sai aos seus, não é de Genebra”.

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Começar de novo…

Há um ano comecei este weblog. Num só dia escrevinhei várias entradas longas e confusas que reflectiam a minha opção por esta coisa de começar a registar acontecimentos e pensamentos on-line. À vista de toda a gente.
Durante um ano não voltei a tocar neste diário.
Isso diz quase tudo sobre aquilo que eu sou, mas também diz bastante sobre o que foi este ano…

Não sei se recomeçarei este weblog apenas para mais uma entrada anual. Não sei o que vai acontecer amanhã.
Hoje, vi que o Pedro Aniceto começou um weblog e lembrei-me que eu já tinha começado um também…
Talvez os tempos de “balanço” sejam bons para estas coisas de registar e partilhar…
Talvez este seja o melhor espaço para ir pondo as fotografias da Raquel, entretanto nascida e quase com um ano.

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Ainda o Dia da Mãe…

Afinal não vou ao tal almoço do dia da mãe… mais um episódio típico de me sentir ultrapassado pelo rumo dos acontecimentos.
Fico livre para acabar o trabalho para o Visões, arrumar umas ideias.
Decidir, por exemplo, que rumo tomará este diário, agora que começam a aparecer coisas diferentes, todas privadas, mas que abrem portas para alguns públicos da minha existência.
Mas escrever é uma forma mais rápida de pensar. Tem sido.
(mais uma das razões do weblog)

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Mediação tecnológica

Falo, no dossier do próximo projecto do Visões Úteis, a propósito de um objecto multimédia, dum “universo que tende a render-se à mediação tecnológica, desistindo (cobardemente) de encontrar formas analógicas de satisfazer a necessidade humana de interagir.”
O que é, senão isso, a explosão de weblogs, como este?
Assumi há muito que me escondo atrás da “mediação tecnológica”— chamando-lhe vários nomes, claro— para suprir algumas das minhas dificuldades pessoais na interacção “real” com as pessoas.
(Um certo psiquiatra falou em termos de inteligência emocional, mas prefiro a abordagem do Ramiro…)
Depois pus-me a pensar nisto da “alienação física do indivíduo através da mediação tecnológica”. Neste discurso que se aplica constantemente às intervenções digitais. Uma atitude pós-moderna, de relativismo social/ histórico, diria que isto não reflecte uma verdadeira novidade antropológica ou social, apenas uma subtil mudança formal. A arte, desde as suas origens religiosas, reflecte exactamente a necessidade de filtrarmos certos aspectos da realidade, projectando-os de forma subjectiva nos meios disponíveis— desde o relato cosmogónico transmitido oralmente, à tela de Picasso. De facto, reconhecemos de tal maneira essa necessidade da mediação, que o reconhecimento social do feiticeiro, do padre e do artista são “tão velhos como as putas”. E aí, nada de novo no reino da produção digital de conteúdos culturais/ artísticos.
Mas há qualquer coisa de novo nisto tudo. Qualquer coisa que nos faz mexer e pensar nos fenómenos de “alienação/ des-espacialização/ des-sensibilização/ des-corporização associadas ao objecto multimédia” (isto também vem do dossier). Se dou por mim a pensar que não é na produção do objecto artístico/ cultural que reside a diferença… assumo que o problema está no processo de fruição e não de criação.
E dizer isto é reclamar para o artista (como para o feiticeiro, o padre e o louco) o direito de mediarem a sua relação com a realidade através dos seus próprios filtros subjectivos, negando-o ao indivíduo. É dizer que o que muda, na “digitalização cultural”, não é o processo pelo qual o artista/ autor se relaciona com a realidade ou com o objecto artístico, nem sequer a necessidade social de arte/ mito /cultura. O que muda, o que “estraga” tudo e nos faz apontar baterias ao “digital” como processo de alienação é a criação de processos individuais e generalizados de construir a mediação. O que nos preocupa é que, de repente, vemo-nos numa sociedade com uma enorme proporção de artistas/ autores/ feiticeiros/ padres/ loucos, indivíduos que usam os filtros com os quais se constrói uma representação da realidade, como realidade per si. O “virtual” é isto: a transformação dos filtros de compreensão da realidade em realidade, através de uma “overdose de informação que atordoa a mente”, que nos faz sentir próximos de uma verdade comum.
Por isso é que o Visões Úteis, que faz teatro, se preocupa com esta questão? Acho que sim. Não é uma preocupação pelos processos de criação artística “digitais” enquanto projectos de alienação, mas da “digitalização” generalizada, que nos põe a todos a publicar pensamentos na net, e nos faz correr o perigo de perdermos a noção exacta das fronteiras físicas do nosso corpo.

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E o Dia da Mãe?

Uma nota:
Como quase tudo, até a criação deste weblog se transformou numa coisa mais complicada do que eu previa. Dos 3 espaços onde supostamente podia publicar este diário, nenhum funcionou. Apenas o Clix foi claro na mensagem de erro: não aceita uploads a partir de servidores estrangeiros. A Netcabo dá um erro genérico. A Mac.com fica a mastigar, sem dizer sim, nem sopas. Por isso este endereço “blogspot”. Talvez o mais indicado, afinal. Aqui estou entre “bloggers”.
Não sei se me posso dar ao luxo de pensar nessas coisas.
Sei que daqui a umas horas tenho um almoço em casa da mãe da Cláudia. Um almoço de Dia da Mãe.
E a minha mãe? Pensará nisso? Na propriedade do dia?
E a Catarina? Celebrará com a Raquel, ainda no ventre, pensando “depois nunca vou ter coragem de te dizer que quero um dia no ano só para mim”…
Nunca percebi muito bem como funciona isto dos dias de. Por (de)formação não penso nisso. E depois, há uma vozinha que diz: apesar de tudo, se calhar o pai tem inveja das prendas dos outros pais, a mãe, das outras mães, a Cláudia, das outras namoradas.
(escrito assim parece que tenho várias namoradas, não é? mas parece que tenho várias mães?)
Também vai ser para isto este weblog. Para registar as coisas em que não sei se vou pensar… que é uma forma acanhada de o fazer, adiando.
Depois se verá da qualidade deste registo.
Vou dormir.

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Vaidades…

Inaugura-se assim este weblog.
Com uma certa vaidade de que haverá gente interessada no que tenho para dizer. Com um certo brilho no umbigo.
São quase quatro da manhã de 5 de Maio de 2002. Acabei de enviar uns textos à Catarina e voltei a pensar nesta coisa de ter um weblog. De ter um diário on-line.
Um exercício de exibicionismo.
Um exercício de disciplina mental.
Se conseguir fazer aquilo a que me proponho quotidianamente, anunciarei aqui o meu sucesso. Não garanto anúncios de fracassos.
Não explicarei nada a ninguém, partindo do princípio de que o estreito círculo de amigos que chegarão a estas linhas virão trazidos pela minha mão. Guiados.
Não acredito no acaso de quem tropeça na minha intimidade. Ou melhor, não estou preocupado com isso.
Escrevo da mesma forma que aquele velhote da Foz vive a sua vida com a porta aberta, o jornal pousado na janela, do lado de fora dos cortinados.
Estas palavras são esse jornal.
Um diário que de privado tem apenas a falta de notoriedade a que são naturalmente votadas as palavras de quem, às quatro da manhã do dia 5 de Maio de 2002, se decidiu a pensar sobre isto dos weblogs.
Não corro grandes riscos. Apenas o do ridículo, que talvez me faça bem.
Afinal, se calhar não há assim tanta vaidade nisto. E no umbigo, lembro-me agora, cabe apenas uma pequeníssima rodilha de cotão.