“Daremos aos média total liberdade para realizarem o seu trabalho quando vierem para a China. (…) Estamos confiantes que os Jogos, ao serem entregues à China, promoverão não apenas a nossa economia, mas também irão melhorar todas as condições sociais, incluindo educação, saúde e direitos humanos”, disse Wang Wei, Secretário-Geral do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim, a 13 de Julho de 2001, no China Daily.
Jacques Rogge, Presidente do Comité Olímpico Internacional, afirmou a 23 de Abril de 2002, no programa Hardtalk da BBC: “… estamos convencidos que os Jogos Olímpicos vão melhorar os registos de direitos humanos [na China]… Nós no Comité Olímpico Internacional solicitámos ao governo Chinês que melhorasse, o mais depressa possível, a sua prática de direitos humanos. No entanto, o Comité Olímpico Internacional é uma organização responsável e se a segurança, a logística ou os direitos humanos não forem satisfatoriamente postos em prática, então iremos actuar”.
No entanto, verificamos perseguição a activistas de Direitos Humanos, aumento da censura aos meios de comunicação social e acesso aos mesmos, aumento das detenções administrativas que levam à pena de “reeducação pelo trabalho”… e tantas outras situações que temos denunciado nos últimos tempos (ver relatório da Amnistia Internacional intitulado The Olympics Countdown: Broken Promisses, na versão integral, em inglês, ou resumida, em português).
É isto que a China entende por “melhoria” dos Direitos Humanos? Não é perante isto que o Comité Olímpico Internacional prometeu “actuar”?
Por que caminhos se perdeu a responsabilidade do Comité Olímpico Internacional e do seu Presidente, Sr. Jacques Rogge?
Porém, nem todos se calaram: Hans-Gert Pottering, o Presidente do Parlamento Europeu, apelou, num artigo de opinião publicado há dias no jornal alemão Bild am Sonntag, aos atletas participantes nos Jogos Olímpicos para denunciarem a violação dos Direitos Humanos na China.
A organização dos Jogos Olímpicos poderia ter sido – aliás foi esse o compromisso assumido entre as autoridades Chinesas e o Comité Olímpico Internacional para a realização das olimpíadas em Pequim – ocasião para a melhoria rápida do respeito pelos Direitos humanos na China.
O Presidente do Parlamento Europeu apelou, no passado dia 3 de Agosto, aos atletas que participam nos Jogos Olímpicos para denunciarem violações de Direitos Humanos na China: “Quero encorajar os atletas mulheres e homens a olharem a situação bem de frente e não ao lado. Cada um pode a seu modo lançar um sinal”. Segundo Hans-Gert Poettering, a alegria do desporto e dos Jogos Olímpicos não poderá “confundir o nosso olhar sobre os homens e os seus Direitos”. Acrescentou: “É nosso dever não esquecer o povo tibetano que luta pela sua sobrevivência cultural”.
O presidente do Parlamento Europeu foi apenas um dos vários políticos e analistas alemães que apontaram o dedo ao regime chinês, criticando-o pelos ataques à liberdade de imprensa e às violações dos Direitos Humanos na China. Também o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, e o ministro do Interior alemão, Wolfgang Schaüble, não pouparam nas críticas ao comportamento de Pequim, exigindo o respeito pela liberdade de imprensa.
A Amnistia Internacional Portugal apela:
Aos dirigentes Chineses que cumpram o compromisso que assumiram como condição para que os Jogos Olímpicos se realizassem em Pequim (melhorar a situação geral dos Direitos Humanos no país, nomeadamente na região do Tibete);
Aos dirigentes do Comité Olímpico Internacional que cumpram o compromisso que assumiram perante o Mundo, de actuar em defesa dos Direitos Humanos caso a China os violasse no contexto dos Jogos Olímpicos;
Aos dirigentes políticos, designadamente, aos Portugueses, que, à semelhança dos políticos alemães, tomem uma posição pública e firme contra a violação dos Direitos Humanos na China e nas suas regiões autónomas, nomeadamente do Tibete;
Aos atletas para que não calem a indignação perante a violação dos Direitos Humanos em nome do legítimo desejo de vitória;
A todos quantos se preocupam com as vítimas dos Direitos Humanos, que não se cansem de denunciar as violações.