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Conhecem a nova pateira de Aveiro?

Pateira de Fermentelos (in Wikipedia)

A Pateira de Fermentelos é uma lagoa natural, localizada no triângulo dos concelhos de Águeda, Aveiro e Oliveira do Bairro, antes da confluência do Rio Cértima com o Rio Águeda.

Considerada uma zona húmida de elevada riqueza ecológica, a Pateira de Fermentelos desde cedo se tornou um sistema em que as actividades humanas se integravam perfeitamente na sua dinâmica, permitindo assim a manutenção da lagoa. A prática de uma agricultura drenante e a recolha constante do moliço (para posterior utilização como adubo natural), permitiu a manutenção de uma significativa superfície livre de água e impediu o avanço do pântano.

Este equilíbrio, entre a actividade agrícola e a recolha do moliço, conduziu a uma paisagem humanizada de elevada organização e diversidade, na qual a lagoa atingia a sua maior dimensão. No entanto, as alterações económicas e sociais operadas por volta da década de 1960, com a emigração de muitas pessoas da zona, reduziram progressivamente a prática de recolha do moliço, permitindo assim o seu livre desenvolvimento. Este processo foi ainda grandemente acelerado pela descarga de esgotos, efluentes orgânicos e industriais e drenagem dos terrenos agrícolas envolventes.

Margem da Pateira de Óis da Ribeira - Foto de Luís Neves
Margem da Pateira de Óis da Ribeira – Foto de Luís Neves

Eu gosto muito da Pateira de Fermentelos no sítio dela, por isso, é com estranheza e algum desconforto que tenho atravessado no meu percurso diário até ao escritório a nova “pateira” em que se está a transformar uma das áreas do lago no Jardim da Baixa de S.to António. Mais alguém reparou ou sou só eu?

Pateira da Baixa de S.to António

Cá está mais uma utilização possível para o Skitch… será que é um vício?

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Lembram-se do “cambalacho”?

Cambalacho era o nome duma telenovela brasileira que popularizou o termo “cambalacho” como sinónimo de golpe, logro, tramóia.

Cambalacho é o que se prepara na Comissão Técnica de “Linguagem de Normalização de Documentos”, como podem ver neste artigo do Paulo Vilela.

Alegar “falta de espaço” para recusar a participação da Sun Microsystems na CT não é só ridículo: é um sinal grave da falta de vergonha de quem está a preparar um golpe vergonhoso e que tem Portugal em tão má conta que nem acha necessário disfarçar que nos tem no bolso.

Notícias recentes (regionais) relacionadas:

  • Presidente da Câmara de Ílhavo de visita oficial à Microsoft
    O presidente da Câmara de Ílhavo é um dos autarcas portugueses presentes em Seatle, nos Estados Unidos da América, a partir de hoje e até dia 13, a convite da Microsoft, para uma visita à sua sede.
    Este convite (dirigido a dez presidentes de Câmara do nosso país), tem como objectivo a partilha da visão das tecnologias informáticas, de informação e de comunicação, em particular as aplicadas ao sector da gestão autárquica portuguesa.A visita, que decorrerá no Microsoft Executive Briefing Centre, em Seatle, pretende apresentar a visão da Microsoft para a inovação na gestão autárquica, e a prestação de serviços integrados aos Cidadãos/Munícipes, passando por soluções documentais, tramitação e colaboração, bem como ferramentas de apoio à gestão do território, utilizando sempre as mais recentes tecnologias desenvolvidas pela Microsoft Corporation.”Apostado que está na contínua modernização e melhoria da eficiência da gestão autárquica, quer como presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, quer como presidente da Junta da GAMA e da AMRia (com a importante experiência constituída pela gestão do programa Aveiro Digital 2003/2006), entendeu por bem o presidente Ribau Esteves aceitar este honroso convite, por entender que o mesmo alargará horizontes na busca de oportunidades que poderão potenciar tais objectivos, no âmbito do desenvolvimento da aplicação das novas tecnologias para o Município de Ílhavo e para a região”, diz nota da Câmara de Ílhavo.
  • ZING criada com nova filosofia assente no desenvolvimento regional
    A localização da Zona Industrial de Nova Geração (ZING) e os resultados do Projecto GeoInvest foram apresentados no seminário sobre «Zonas Industriais de Nova Geração – A Estratégia da Localização» que se realizou no Auditório da AIDA (Associação Industrial do Distrito de Aveiro).
    (…)
    Os representantes da Microsoft e da Inova-Ria – Rede de Inovação em Aveiro estiveram de acordo relativamente aos requisitos que uma ZING deve ter para captar investimento de empresas de Nova Geração, tendo dado especial importância ao funcionamento em Rede e à grande utilização de conhecimento, valorizando assim a necessidade de recursos qualificados e a colaboração com universidades e centros de investigação. Foi ainda referida a necessidade de existirem infra-estruturas de informação, comunicação e transportes, bem como qualidade de vida.
    (…)

(Desafio os leitores a encontrarem na segunda notícia uma explicação sobre o papel dos referidos representantes da Microsoft no seminário… não está lá nada porque já nem é preciso explicar qual é o papel dos representantes desta multinacional específica numa iniciativa sobre a gestão pública apoiada em TI…)

Não tive sequer que procurar estes exemplos. Tropecei neles, já que estão em todo o lado.

Com as coisas neste estado na administração autárquica e na generalidade da administração pública e mesmo em muitas instituições de ensino superior [1], não sei se a luta por standards a sério vai a algum lado neste nosso cantinho deprimente… 🙁

[1] contaram-me que os computadores da Universidade de Aveiro (os dos docentes, pelo menos) não podem ter instalado o Firefox, porque o contrato/acordo de licenciamento que a UA estabeleceu com a Microsoft não o permite… eu recuso-me a acreditar nesta barbaridade e parto do princípio que foram alguns técnicos do CICUA que perceberam mal as (estranhas) indicações que receberam, mas sei que o Firefox já foi instalado em algumas máquinas com a reserva explícita do técnico: “eu não posso fazer isto, mas é a melhor maneira de resolver o problema…”
Há algum técnico do
CICUA que, em público ou privado, possa explicar o que se passa?

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Bicing vs. BUGA

Através deste post no digit@lIP, fiquei a conhecer o projecto Bicingn, de Barcelona, que partilha imensos aspectos em comum com a nossa BUGA – Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro. Acho que vale a pena estar atento ao desenvolvimento deste projecto, para ver até que ponto numa cidade com a dimensão de Barcelona, os problemas que afectam o conceito original da BUGA se aplicam ou não.

Uma das questões, a ausência de vias e percursos cicláveis bem planeados parece estar a ser acautelada na capital catalã. E isso, juntamente com a lógica não turística e virada para a ideia base de que este sistema de bicicletas pode fazer parte dum sistema de transportes públicos alternativos, na minha opinião, conta muito… mais do que os aspectos hi-tech dos cartões magnéticos e da disponibilidade online e em tempo real dos números de bicicletas em cada “estação”.

É de estar atento.

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calendário concertos

II Festival Voz de Mulher

De 5 a 8 de Julho, aqui em Aveiro, no Teatro Aveirense, realiza-se a 2ª edição do Festival Voz de Mulher (uma ideia Segue-me à Capela).

Fátima MirandaDestaco, se me permitem, o concerto de abertura: Fátima Miranda apresenta Diapasón no dia 5 de Julho, às 21h30.

Mas vale a pena dar uma espreitadela ao programa completo.

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Se não fosse o concerto de hoje…

… ia assistir à reunião da Assembleia Municipal de Aveiro.
Mas vou estar em Castelo Branco, noutro tipo de animação

É que promete!

O assunto quente deverá ser apresentado antes da ordem do dia, por um grupo de pais e encarregados de educação de crianças das escolas do Agrupamento de Escolas de Aveiro, que não compreendem a decisão da Câmara de implementar o Projecto PETIz, que “não passa de um projecto de intenções, organizado em consórcio com uma empresa de ensino de inglês de Santarém, e, ainda por cima, erradamente apresentado em nome da Universidade de Aveiro. O PETIz foi formalmente apresentado aos pais numa reunião que teve lugar no dia 26 de Junho, terça-feira passada, no Instituto da Juventude”, segundo comunicação que recebi por e-mail.

Eu, não sendo pai, nem encarregado de educação, tive a sorte de ser informado e aproveito para divulgar a questão, apelando a quem se interessar pelo assunto para que apareça no edifício da Capitania (sede da Assembleia Municipal), às 20h30.

Aqui ficam então algumas das controvérsias associadas ao modelo de implementação do Projecto PETIz no Agrupamento de Escolas de Aveiro:

  • A decisão tomada pela Câmara Municipal, na pessoa do Exmo. Sr. Vereador Dr. Pedro Nuno Tavares de Matos Ferreira, com o apoio do Agrupamento de Escolas de Aveiro, de implementar no próximo ano lectivo o Projecto PETIz nas escolas deste agrupamento foi uma novidade absoluta para os Encarregados de Educação em geral, para as Associações de Pais enquanto seus representantes e mesmo para as coordenação das várias escolas.
  • A Senhora Representante da CMA [em reunião de apresentação do projecto aos pais e encarregados de educação] admitiu não estar em condições de responder às muitas questões colocadas e não apresentou nenhuma justificação para a conveniente ausência do Senhor Vereador.
  • Embora, segundo informação da própria representante da CMA, tenham chegada à câmara muitas propostas para a prestação deste serviço, a escolha deste projecto em concreto é completamente obscura já que não foram apresentados pela CMA nenhuns argumentos nem critérios adoptados na avaliação das várias propostas.
  • Esta é a única possibilidade (não se pode chamar opção, por ser uma solução única) que é oferecida aos pais, excluindo liminarmente a articulação com os ATLs já em funcionamento.
  • As IPSS que asseguraram estas actividades no ano lectivo que agora termina colmatando assim as insuficiências das escolas, não foram consultadas, nem participam nas actividades de enriquecimento curricular.
  • Não se pode perspectivar de forma realista a resolução dos numerosos e graves problemas de infra-estruturas existentes nas várias escolas, por forma a garantir as condições necessárias à implementação de tais actividades, com qualidade, para todos os alunos em Setembro de 2007.
  • As escolas não têm capacidade para assegurar toda a logística necessária nem foram apresentadas soluções alternativas que teriam que ser promovidas pela CMA.
  • Como, por quem, em que condições efectivas e com que custos para os Pais serão assegurados os períodos depois das 17:30h (dada a impossibilidade da maioria dos Pais de recolherem os seus filhos a esta hora) de férias escolares, dias de greve e outras interrupções, vindo a confirmar-se a hipótese das valências de ATL das IPSS encerrarem por falta de financiamento.
  • Como, por quem e em que condições é garantido o almoço no período compreendido entre as 12,00 horas e as 13,30, sabendo os pais as dificuldades com que algumas refeições são servidas actualmente nas escolas à não totalidade das crianças.
  • O projecto foi apresentado de forma generalista, vaga e com carácter de “declaração de intenções” não permitindo perceber que objectivos, que estratégias, que actividades e que recursos estão envolvidos para a sua implementação, o que mostra à priori as dificuldades de implementação no terreno.

Dada a gravidade da situação, acho mesmo que todos os interessados deviam aparecer na reunião de hoje. O tempo urge.

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Visto de fora é sempre tão bonito…

O Nelson Peralta chamou-me a atenção para este pedaço de prosa no New York Times acerca de Aveiro, em jeito de guia turístico. A ironia cósmica de que fala o Nelson é de facto curiosa, mas o artigo também nos põe a pensar sobre como a distância dá um charme especial a quase tudo.

Para quem vive o quotidiano de Aveiro, por muito que espaços como o Mercado Negro (justamente destacado no artigo), entre outros, introduzam uma componente de cosmopolitismo que não existia há 10 ou 20 anos atrás, basta olharmos para o estudo acerca dos públicos do Teatro Aveirense, por exemplo, para termos a confirmação de que a população universitária não está assim tão “ligada” à vida da cidade. Com culpas partilhadas, certamente…

Mas a descrição quase idílica da Sarah Wildman dá mesmo vontade de ser turista por cá.

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Reacções cinéfilas

O meu post sobre as condições de exibição de cinema em Aveiro originou reacções diversas, como não podia deixar de ser.

O Cineclube de Aveiro respondeu de imediato, em comentário ao post e por e-mail, mostrando a sua preocupação pela situação descrita:

Boa noite,

No que concerne às sessões no Cineclube queria só esclarecer que, apesar de a máquina de projecção não ser das melhores, foram feitos vários investimentos no equipamento, nomeadamente na leitura óptica da banda sonora,no rectificador da máquina e nas lâmpadas. A qualidade da projecção obviamente depende do estado da cópia, os filmes mais antigos encontram-se a maior parte das vezes bastante degradados e como os filmes mais recentes que exibimos só costumam ter duas ou três cópias no país chegam às nossas mãos em mau estado.
Quanto ao intervalo, a máquina não permite ter um bobine para a película toda, por isso tem de ser substituída a meio.
Em relação às luzes da sala no intervalo, sugiro que exponha esta preocupação ao projeccionista e/ou a quem estiver a vender os bilhetes.
Cumprimentos cinéfilos.

Agradeci-lhes a resposta e reconheço as melhorias recentes introduzidas. Estarei atento aos intervalos e continuarei, obviamente, a desfrutar das sessões que programam.

A Lusomundo reagiu hoje, de forma compreensivelmente mais perturbada, mas positiva:

Exmo Sr:

Sao graves as acusações que faz sobre a Lusomundo.
Adoramos os clientes que sugerem e reclamam de maneira proactiva e não destrutiva.
Tomamos nota da reclamação que faz sobre o ecrã.
Lembro-lhe que tirar fotografias dentro de uma sala em exibição , ou dentro das nossas instalações é muito grave , pode inclusive constituir crime de violação aos direitos de autor.

Cumprimentos

Luis R Mota
Director Geral Lusomundo Cinemas

Respondi da seguinte maneira:

Ex.mo Sr.

Muito me agrada receber uma resposta de tão alto nível e saber que estão de facto preocupados com a situação que descrevo.
Recordo que a reclamação que faço acerca do ecrã da sala 4 tem já mais de um ano e só por isso me permito as liberdades literárias de supôr que a mancha pode, de facto, dirigir-se aos espectadores com comentários pouco apropriados.
Concordará, se partilha do meu gosto pelo cinema, que uma situação deste tipo que se mantém durante tanto tempo, pode levar-nos a comentários mais “abrasivos”.
E, de certo, reconhece a justeza da minha interrogação: dada a sua reacção enérgica, devo depreender que não têm recebido reclamações sobre esta situação, pelo que o “peso da vergonha” recairá, necessariamente, sobre os espectadores habituais.
Eu, pela minha parte, considero o meu dever cumprido: da primeira vez que vi aquela mancha (há mais de um ano), saí da sala e pedi o dinheiro do bilhete de volta. Da segunda, anteontem, vi o filme até ao fim e “despejei” a minha frustração num post no meu blog pessoal, fazendo-vos chegar uma cópia.
Obtive a reacção que pretendia: o compromisso de que a situação será resolvida.

Sobre o ilícito praticado no acto de fotografar o ecrã (no período de publicidade prévia à exibição do filme), alegarei, caso seja necessário, a exclusão de ilicitude prevista no artigo 31º do Código Penal Português.

Com os melhores cumprimentos,

João Martins

Afinal, o que estava em falta era uma maior consciência e exigência por parte dos espectadores de cinema na cidade.
Muito me apraz saber que a situação será resolvida e, brevemente, tentarei ir confirmar a qualidade da projecção da malfadada Sala 4.

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Era cinema que queria? Temos pipocas…

Cinemas Lusomundo, Forum AveiroEm Aveiro, uma das capitais de distrito deste nosso jardim à beira mar plantado, situada no litoral norte, equipada com uma Universidade e, por isso e muito mais, com aparentes condições para estar um bocadinho acima da média do país no que à qualidade dos equipamentos culturais diz respeito, há 16 salas de cinema com programação regular. De facto, há 3 espaços: 2 multiplexes da Lusomundo em Centros Comerciais (um com 8 salas, outro com 7) e o Cineclube / Cinema Oita. E, assim, temos, tipicamente, 10 a 11 filmes diferentes em exibição.

Sobre a hegemonia da Lusomundo e o mal que isso faz ao panorama geral da exibição de cinema em Portugal, já muito se disse e nem sequer me parece que seja uma boa solução responder a esse monopólio com outro, como tenta fazer a Medeia, mas nem é isso que me interessa, agora.

Eu, ultimamente tenho ido quase só ao Cineclube, mas há imensas razões para querer que haja boas salas de cinema e em quantidade razoável numa cidade de dimensão média e, ontem, fomos mesmo (eu e a minha cara-metade) a uma das salas Lusomundo, no Forum Aveiro, para nos entretermos com um filme, que é um direito que assiste a todos.

Bilheteira? Não, pipoqueira…Logo que chegámos ao cinema, lembrámo-nos porque é que há tanto tempo que não tínhamos grande vontade de lá ir: toda a experiência é deprimente, desde o momento de comprar os bilhetes. Pusemo-nos na fila das pipocas e quando chegou a nossa vez lá pedimos ao “pipoqueiro”, quase envergonhados, bilhetes para o cinema. Envergonhados por estarmos a fazer perder tempo ao senhor, porque não queremos pipocas, nem chocolates, nem coca-colas nem mais nada… só mesmo os bilhetes. E já agora, porque a sala está praticamente vazia, em lugares decentes, que não são nem na última fila, nem descentrados e… nem devia ser preciso explicar isso, pois não?

Passaram-nos para a mão uma espécie de factura que é o bilhete de todos e, mais uma vez, ficámos na dúvida sobre se podíamos ou não avançar para a área das salas, já que não há ninguém a não ser os vendedores de pipocas, que dão o “jeitinho” de vender bilhetes… e limpar as casas de banho e o chão, ver das projecções, abrir e fechar as salas… um espectáculo de produtividade e flexibilidade que deve fazer inveja a muitos dirigentes da administração pública.
Como não queremos perturbar o negócio principal dos senhores da Lusomundo— as pipocas— com as coisas que se passam nas “traseiras”—o cinema — seguimos para a sala e cruzámo-nos com um jovem (desta vez cruzámos, porque já aconteceu passarmos “indetectados”) que, quase por acaso, olhou para o bilhete e disse qual era a sala: sala 4… número familiar…

Entrámos, sentámo-nos e pasmámos! A razão pela qual a sala 4 nos era familiar, era por ter sido a primeira e última sala de que nos tínhamos levantado antes sequer do início dum filme (e que filme), para exigir o dinheiro de volta. A tela tinha uma mancha gigantesca, bem no centro, como se alguém tivesse tentado limpar alguma coisa, deixando um rasto circular gorduroso e com um reflexo muito brilhante. Essa mancha que nos fez sair da sala há mais de um ano atrás e que nos tentaram convencer a aceitar porque “quase ninguém se tinha queixado, mas [eles iam] tentar ver se era na tela ou no projector e resolver imediatamente” ainda lá está!! Eu repito: uma mancha enorme, mesmo no centro da tela, há mais de um ano!

Sala 4 do Cinema Lusomundo, Forum AveiroNa fotografia de telemóvel quase não se nota, é verdade, mas está mesmo no centro, quase a rir-se de nós, como quem diz “Vocês acham que eu justifico uma intervenção qualquer de limpeza, substituição ou reparação? Ainda se fosse uma das máquinas de pipocas a avariar, ou se acabasse o gás da coca-cola ou alguma dessas coisas importantes… eu sou só uma mancha irritante que vos impede, a vocês, picuinhas dum raio, de usufruírem do filme que, ainda por cima, querem ver sem consumir mais nada. Concentrem-se nas legendas, já que não têm baldes de pipocas ou coca-cola com que se distrair. Assim, como assim, os empregados desta casa já estão suficientemente ocupados com a venda de guloseimas, a limpeza das casas de banho e a cobrança de bilhetes. Querem dar-lhes ainda mais trabalho? Se quisessem ver cinema, iam a um cinema. Aqui vendem-se pipocas…”

Estávamos demasiado cansados e a precisar duma anestesia hollywoodesca para voltarmos a sair e reclamar, mas não consigo tirar da cabeça esta dúvida dilacerante: eles estão-se nas tintas para as reclamações, ou as pessoas que lá vão estão-se tão nas tintas para os filmes que já nem reclamam? Que os donos da Lusomundo se estão marimbando para o cinema, acho que não é novidade nenhuma. Mas será que os espectadores também já entraram nessa onda?

Se assim for, só me resta dizer: tirem-me deste filme!

Uma nota breve acerca das sessões do Cineclube, já agora: eu compreendo que o equipamento de projecção e de som, que já dá sinais de precisar de reforma, não possa ser substituído, assim como percebo que deve ser difícil arranjar cópias em melhor estado de alguns dos filmes (ultimamente não tenho tido razões de queixa)… eu até percebo, por muito que me custe, que as sessões tenham intervalo se for por razões técnicas (as pessoas nem saem da sala e, se saem é só para esticar as pernas), mas porque é que insistem em retomar o filme ainda com as luzes da sala acesas e… pronto, eu, picuinhas, me confesso.

(Uma cópia deste post será enviada para o Cineclube de Aveiro e outra para a Lusomundo, se eu lhes encontrar um contacto online.)

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Aveiro Antigo

Imagem(1).jpg, colocada no Flickr por joaomartins.

Ontem, aqui no centro de Aveiro, junto ao Mercado do Peixe, foi organizada uma recriação da venda de peixe a retalho, tal como se faria no final do séc. XIX, princípios do XX.
Admito o interesse pedagógico da iniciativa pela qual passei sem poder parar. Gosto, genuinamente, de ver barcos nos canais de Aveiro e, em dias bonitos, Aveiro, com iniciativas destas e outras, podia muito bem ser um forte pólo turístico. Um dia, quem sabe?
Mas, de facto, o que tiro destas recriações são os momentos, imagens e pormenores cómicos: os pescadores e marnotos ao telemóvel, varinas maquilhadas à la Britney Spears… ou burros “sujeitos a reboque”.

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O Caimão / Il Caimano

Il Caimano, posterMais uma coisa sobre a qual gostaria de ter tempo para falar: o prazer de ver bom cinema (proporcionado pelo Cineclube de Aveiro, ultimamente).

Ontem fomos ver “O Caimão” e, definitivamente, o Nanni Moretti faz parte da minha lista de realizadores contemporâneos preferidos.

E a conversa entre o triste produtor Bruno Bonomo e o cínico agente polaco Jerzy Sturovski, na piscina, sobre a espiral descendente italiana, lembrou-me tantas e tantas conversas que tivemos com os nossos amigos italianos em Parma e em Roma…