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Azar ou gozo?

Carris do eléctrico do Porto (des)alinhados

Ou timing do fotógrafo?

Se tiver sido uma questão de timing, que grande fim de tarde que foi…

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Visibilidade

Uma questão que me preocupa (na qualidade genérica de activista) é a avaliação da visibilidade que determinado fenómeno, acontecimento ou causa tem na sociedade portuguesa. Todos sabemos que quando se está demasiado envolvido pode ser difícil perceber a dimensão das repercussões exteriores do que se faz e temos que procurar indicadores de visibilidade.

O indicador clássico é a presença da comunicação social: contar os microfones das rádios, as máquinas fotográficas dos jornais, mas, acima de tudo, as câmaras das televisões é, em teoria, uma boa forma de prever até onde é que a “mensagem” está a chegar. Mas sabemos, também, que, com o funcionamento cada vez mais errático da imprensa, a cobertura in situ não garante o tempo de antena. Assim, é necessário procurar outros indicadores e um “estranho” indicador que descobri no Porto foi o factor Emplastro (quem não se lembra dele?), cuja presença assegurava que estávamos perante um evento com significativa projecção.

Emplastro numa multidão

O Emplastro (que não sei se é figura única no nosso panorama) fareja as câmaras e os directos e a sua presença é muito mais indicativa da dimensão de determinado fenómeno do que a “simples” presença de jornalistas. Desconfio mesmo que o Emplastro tem lugar cativo nos conselhos editoriais de alguns órgãos de comunicação social de “referência”.

Confesso mesmo que foi só quando o Emplastro apareceu à porta do Rivoli, na altura da sua ocupação, que senti que aquele acto de protesto estava a chegar a todo o país.

E isto a propósito de quê?
É que descobri hoje, durante o almoço, que há um outro indicador “bizarro” mas fiável de visibilidade: o Destak (ou uma publicação similar). Descobri isso quando percebi a minha “excitação” ao ver que, na edição de hoje, o Destak alertava os seus leitores para o facto de que em cada 4 famílias europeias, uma tem um elemento com deficiência.

Destak: 1 em cada 4 famílias europeias tem elemento com deficiência

E suponho que um pequeno parágrafo destes numa publicação deste tipo, com a distribuição que tem, faz mais pela visibilidade das questões de acessibilidade e pela sensibilização geral para a necessidade de lutar contra barreiras arquitectónicas e outras do que encontros de arquitectos onde há gente que não sabe se a nova legislação já entrou ou não em vigor, ou que duvida da necessidade de se aplicar essa mesma legislação a todo o parque habitacional

Não desfazendo no Fórum Arquitectura Acessível ou na necessidade de se dinamizarem debates disciplinares sobre a implementação da nova legislação, estas são questões que precisam de fazer parte da consciência colectiva nacional e, dessa, o Destak está mais perto…

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Terá sido benção de S. João?

Ó meu rico S. João,
Estava mesmo a pensar em ti.
Deixarias aquele morcão
Abastardar o Rivoli?

O Ministério Público (MP) emitiu um parecer que considera irregular a concessão do Rivoli Teatro Municipal, no Porto, ao produtor e encenador Filipe La Féria”. “O parecer [não vinculativo] foi emitido a pedido do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto no âmbito da acção cautelar de suspensão da eficácia da concessão do Rivoli a Filipe La Féria interposta pela Plateia – Associação de Profissionais de Artes Cénicas a 20 de Janeiro último.

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Visto de fora é sempre tão bonito…

O Nelson Peralta chamou-me a atenção para este pedaço de prosa no New York Times acerca de Aveiro, em jeito de guia turístico. A ironia cósmica de que fala o Nelson é de facto curiosa, mas o artigo também nos põe a pensar sobre como a distância dá um charme especial a quase tudo.

Para quem vive o quotidiano de Aveiro, por muito que espaços como o Mercado Negro (justamente destacado no artigo), entre outros, introduzam uma componente de cosmopolitismo que não existia há 10 ou 20 anos atrás, basta olharmos para o estudo acerca dos públicos do Teatro Aveirense, por exemplo, para termos a confirmação de que a população universitária não está assim tão “ligada” à vida da cidade. Com culpas partilhadas, certamente…

Mas a descrição quase idílica da Sarah Wildman dá mesmo vontade de ser turista por cá.

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Primeiro S. João na D. João Primeiro

Somos filhos d(e uma cert)a madrugada

e

«…acendemos uma fogueira
para não se apagar a chama
que dá vida na noite inteira…»

sem grande tenda nem vips, só ralé posta ao relento

sem smoking nem lantejoulas, com leveza de balão
sem tapete cor de sangue, com muito sangue na guelra

sem a turma do croquete, com o pão, o vinho, a voz
sem mordomos nem lacaios, com farnéis a partilhar

sem champanhe a arrefecer, orvalho de sonhadores

NA NOITE MAIS CURTA DO ANO
Redescobrir a beleza da LUTA

Regina Guimarães

Vai ser um belo S. João, este…
A F.R.I.C.S. avisa:

A F.R.I.C.S. irá abrilhantar a noite de S. João com uma actuação em horário de ceia dançante. Prevê-se uma explosão psicadélica de luzes, sons, odores e cores (desde os mais diversos fluorescentes até ao azul-e-branco cósmico), manjericos ardentes, esquadrilhas de balões, e todo o tipo de fenómenos.

A apresentação irá iniciar-se pelas 23h30 debaixo da cruz do Jesus Cristo Superestrela, centro geo-psico-espiritual da actual cidade do Porto, seguindo em marcha sonora até à Rua Alexandre Herculano, 311 (à praça da Batalha), onde a F.R.I.C.S. irá presentear o público com mais uma série de temas festivos.

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Reacções cinéfilas

O meu post sobre as condições de exibição de cinema em Aveiro originou reacções diversas, como não podia deixar de ser.

O Cineclube de Aveiro respondeu de imediato, em comentário ao post e por e-mail, mostrando a sua preocupação pela situação descrita:

Boa noite,

No que concerne às sessões no Cineclube queria só esclarecer que, apesar de a máquina de projecção não ser das melhores, foram feitos vários investimentos no equipamento, nomeadamente na leitura óptica da banda sonora,no rectificador da máquina e nas lâmpadas. A qualidade da projecção obviamente depende do estado da cópia, os filmes mais antigos encontram-se a maior parte das vezes bastante degradados e como os filmes mais recentes que exibimos só costumam ter duas ou três cópias no país chegam às nossas mãos em mau estado.
Quanto ao intervalo, a máquina não permite ter um bobine para a película toda, por isso tem de ser substituída a meio.
Em relação às luzes da sala no intervalo, sugiro que exponha esta preocupação ao projeccionista e/ou a quem estiver a vender os bilhetes.
Cumprimentos cinéfilos.

Agradeci-lhes a resposta e reconheço as melhorias recentes introduzidas. Estarei atento aos intervalos e continuarei, obviamente, a desfrutar das sessões que programam.

A Lusomundo reagiu hoje, de forma compreensivelmente mais perturbada, mas positiva:

Exmo Sr:

Sao graves as acusações que faz sobre a Lusomundo.
Adoramos os clientes que sugerem e reclamam de maneira proactiva e não destrutiva.
Tomamos nota da reclamação que faz sobre o ecrã.
Lembro-lhe que tirar fotografias dentro de uma sala em exibição , ou dentro das nossas instalações é muito grave , pode inclusive constituir crime de violação aos direitos de autor.

Cumprimentos

Luis R Mota
Director Geral Lusomundo Cinemas

Respondi da seguinte maneira:

Ex.mo Sr.

Muito me agrada receber uma resposta de tão alto nível e saber que estão de facto preocupados com a situação que descrevo.
Recordo que a reclamação que faço acerca do ecrã da sala 4 tem já mais de um ano e só por isso me permito as liberdades literárias de supôr que a mancha pode, de facto, dirigir-se aos espectadores com comentários pouco apropriados.
Concordará, se partilha do meu gosto pelo cinema, que uma situação deste tipo que se mantém durante tanto tempo, pode levar-nos a comentários mais “abrasivos”.
E, de certo, reconhece a justeza da minha interrogação: dada a sua reacção enérgica, devo depreender que não têm recebido reclamações sobre esta situação, pelo que o “peso da vergonha” recairá, necessariamente, sobre os espectadores habituais.
Eu, pela minha parte, considero o meu dever cumprido: da primeira vez que vi aquela mancha (há mais de um ano), saí da sala e pedi o dinheiro do bilhete de volta. Da segunda, anteontem, vi o filme até ao fim e “despejei” a minha frustração num post no meu blog pessoal, fazendo-vos chegar uma cópia.
Obtive a reacção que pretendia: o compromisso de que a situação será resolvida.

Sobre o ilícito praticado no acto de fotografar o ecrã (no período de publicidade prévia à exibição do filme), alegarei, caso seja necessário, a exclusão de ilicitude prevista no artigo 31º do Código Penal Português.

Com os melhores cumprimentos,

João Martins

Afinal, o que estava em falta era uma maior consciência e exigência por parte dos espectadores de cinema na cidade.
Muito me apraz saber que a situação será resolvida e, brevemente, tentarei ir confirmar a qualidade da projecção da malfadada Sala 4.

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Apelo aos bebedores de cerveja

Rio e La Feria encontram-se com Sagres. Um autarca e um empresário querem roubar um Teatro Municipal. Uma cervejeira quer fazer negócio com isso. Não sejas parvo! Escolhe a cultura! Escolhe o Rivoli! Muda de cerveja!

via: imageshack

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Celebrações do S. João (F.R.I.C.S.)

A Fanfarra Recreativa e Improvisada Colher de Sopa (F.R.I.C.S.) celebra a noite de S. João na Sede do Sporting, no Porto, Sábado, 23 de Junho.

Antes do concerto, marcaremos presença na Praça D. João I, associando-nos ao protesto em forma de celebração que se prepara sob o mote “PRIMEIRO S. JOÃO NA D. JOÃO PRIMEIRO”. A que propósito? Este, claro.

Fanfarra Recreativa e Improvisada Colher de Sopa (F.R.I.C.S.) na Sede do Sporting, Porto, Sábado, 23 de Junho - S. João.

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Rivoli – História de Uma Morte Programada

Via argolas.blogspot.com, um vídeo com referências várias à Tramóia:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=NInR0lrWctI[/youtube]

Espero mesmo que, como dizem no filme, seja para continuar.

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Era cinema que queria? Temos pipocas…

Cinemas Lusomundo, Forum AveiroEm Aveiro, uma das capitais de distrito deste nosso jardim à beira mar plantado, situada no litoral norte, equipada com uma Universidade e, por isso e muito mais, com aparentes condições para estar um bocadinho acima da média do país no que à qualidade dos equipamentos culturais diz respeito, há 16 salas de cinema com programação regular. De facto, há 3 espaços: 2 multiplexes da Lusomundo em Centros Comerciais (um com 8 salas, outro com 7) e o Cineclube / Cinema Oita. E, assim, temos, tipicamente, 10 a 11 filmes diferentes em exibição.

Sobre a hegemonia da Lusomundo e o mal que isso faz ao panorama geral da exibição de cinema em Portugal, já muito se disse e nem sequer me parece que seja uma boa solução responder a esse monopólio com outro, como tenta fazer a Medeia, mas nem é isso que me interessa, agora.

Eu, ultimamente tenho ido quase só ao Cineclube, mas há imensas razões para querer que haja boas salas de cinema e em quantidade razoável numa cidade de dimensão média e, ontem, fomos mesmo (eu e a minha cara-metade) a uma das salas Lusomundo, no Forum Aveiro, para nos entretermos com um filme, que é um direito que assiste a todos.

Bilheteira? Não, pipoqueira…Logo que chegámos ao cinema, lembrámo-nos porque é que há tanto tempo que não tínhamos grande vontade de lá ir: toda a experiência é deprimente, desde o momento de comprar os bilhetes. Pusemo-nos na fila das pipocas e quando chegou a nossa vez lá pedimos ao “pipoqueiro”, quase envergonhados, bilhetes para o cinema. Envergonhados por estarmos a fazer perder tempo ao senhor, porque não queremos pipocas, nem chocolates, nem coca-colas nem mais nada… só mesmo os bilhetes. E já agora, porque a sala está praticamente vazia, em lugares decentes, que não são nem na última fila, nem descentrados e… nem devia ser preciso explicar isso, pois não?

Passaram-nos para a mão uma espécie de factura que é o bilhete de todos e, mais uma vez, ficámos na dúvida sobre se podíamos ou não avançar para a área das salas, já que não há ninguém a não ser os vendedores de pipocas, que dão o “jeitinho” de vender bilhetes… e limpar as casas de banho e o chão, ver das projecções, abrir e fechar as salas… um espectáculo de produtividade e flexibilidade que deve fazer inveja a muitos dirigentes da administração pública.
Como não queremos perturbar o negócio principal dos senhores da Lusomundo— as pipocas— com as coisas que se passam nas “traseiras”—o cinema — seguimos para a sala e cruzámo-nos com um jovem (desta vez cruzámos, porque já aconteceu passarmos “indetectados”) que, quase por acaso, olhou para o bilhete e disse qual era a sala: sala 4… número familiar…

Entrámos, sentámo-nos e pasmámos! A razão pela qual a sala 4 nos era familiar, era por ter sido a primeira e última sala de que nos tínhamos levantado antes sequer do início dum filme (e que filme), para exigir o dinheiro de volta. A tela tinha uma mancha gigantesca, bem no centro, como se alguém tivesse tentado limpar alguma coisa, deixando um rasto circular gorduroso e com um reflexo muito brilhante. Essa mancha que nos fez sair da sala há mais de um ano atrás e que nos tentaram convencer a aceitar porque “quase ninguém se tinha queixado, mas [eles iam] tentar ver se era na tela ou no projector e resolver imediatamente” ainda lá está!! Eu repito: uma mancha enorme, mesmo no centro da tela, há mais de um ano!

Sala 4 do Cinema Lusomundo, Forum AveiroNa fotografia de telemóvel quase não se nota, é verdade, mas está mesmo no centro, quase a rir-se de nós, como quem diz “Vocês acham que eu justifico uma intervenção qualquer de limpeza, substituição ou reparação? Ainda se fosse uma das máquinas de pipocas a avariar, ou se acabasse o gás da coca-cola ou alguma dessas coisas importantes… eu sou só uma mancha irritante que vos impede, a vocês, picuinhas dum raio, de usufruírem do filme que, ainda por cima, querem ver sem consumir mais nada. Concentrem-se nas legendas, já que não têm baldes de pipocas ou coca-cola com que se distrair. Assim, como assim, os empregados desta casa já estão suficientemente ocupados com a venda de guloseimas, a limpeza das casas de banho e a cobrança de bilhetes. Querem dar-lhes ainda mais trabalho? Se quisessem ver cinema, iam a um cinema. Aqui vendem-se pipocas…”

Estávamos demasiado cansados e a precisar duma anestesia hollywoodesca para voltarmos a sair e reclamar, mas não consigo tirar da cabeça esta dúvida dilacerante: eles estão-se nas tintas para as reclamações, ou as pessoas que lá vão estão-se tão nas tintas para os filmes que já nem reclamam? Que os donos da Lusomundo se estão marimbando para o cinema, acho que não é novidade nenhuma. Mas será que os espectadores também já entraram nessa onda?

Se assim for, só me resta dizer: tirem-me deste filme!

Uma nota breve acerca das sessões do Cineclube, já agora: eu compreendo que o equipamento de projecção e de som, que já dá sinais de precisar de reforma, não possa ser substituído, assim como percebo que deve ser difícil arranjar cópias em melhor estado de alguns dos filmes (ultimamente não tenho tido razões de queixa)… eu até percebo, por muito que me custe, que as sessões tenham intervalo se for por razões técnicas (as pessoas nem saem da sala e, se saem é só para esticar as pernas), mas porque é que insistem em retomar o filme ainda com as luzes da sala acesas e… pronto, eu, picuinhas, me confesso.

(Uma cópia deste post será enviada para o Cineclube de Aveiro e outra para a Lusomundo, se eu lhes encontrar um contacto online.)