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Theo Angelopoulos

Theo Angelopoulos no seu escritório, em Atenas

Em Maio de 2001, o Visões Úteis esteve no escritório de Theo Angelopoulos, em Atenas. Estávamos a construir um espectáculo sobre a Europa, sobre as Fronteiras, sobre Heróis… O espectáculo chamou-se “Orla do Bosque” e é, muito provavelmente, uma das criações mais significativas para a maior parte dos envolvidos e, quem sabe, para algum do público. O processo de criação, novo e arriscado, valeu ao Visões a perda de apoios institucionais importantes e foi documentado num site específico, um “blog” de viagem, antes dos blogs ou das viagens estarem na moda. Deu origem também a um ensaio, publicado na altura pelas já extintas Quasi Edições.

Theo Angelopoulos, a par de Tonino Guerra e Daniel e Nina Libeskind, foi uma das figuras que mais me marcou nesta viagem.

Theo Angelopoulos morreu esta terça-feira. Fará falta à Europa.

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O Fantasporto já tem idade para merecer respeito

A Ministra da Cultura, ao sugerir que o Fantasporto se passe a realizar no futuro e hipotético pólo do Porto da Cinemateca Portuguesa, na Casa das Artes (ver notícia do Público) mostra uma de duas coisas: ou não conhece, ou não respeita um dos mais importantes festivais de cinema do país que, com as suas 30 edições já merecia algum respeito.

Sobre o futuro do Fantasporto devia falar-se de forma clara no imperativo cívico que é a sua realização num equipamento cultural público de dimensão apropriada como é o Teatro Municipal Rivoli. E devia aproveitar-se essa clareza para explicar aos energúmenos que teimam em não perceber que este é um dos muitíssimos motivos para combater ferozmente as estratégias de privatização de espaços como este.

Infelizmente, a Ministra da Cultura que, como o Fantasporto, tem idade para ter juízo e merecer respeito, mostra aqui, como noutros acontecimentos recentes (1) (2), que lhe falta coragem, bom senso e, quiçá, cultura.

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Workshop: O Som no Drama

A convite da SOOPA / OOPSA – Associação Cultural, vou orientar um workshop no Maus Hábitos (Porto) sobre sonoplastia e dramaturgia.

O Som no Drama, exercícios de sonoplastia e dramaturgia

por João Martins
13, 14, 21 e 28 Fevereiro

O workshop pretende ser uma forma introdutória, elementar e bastante prática de abordar questões recorrentes em qualquer exercício de sonorização. Dirige-se a todos os interessados na problemática do som e do seu significado e impacto em contextos narrativos e/ou dramático, sejam músicos, técnicos de som, performers (teatro, dança, etc), criadores (encenadores, escritores, etc), estudantes em qualquer uma destas áreas ou simples curiosos.
O workshop abordará questões como “Significado do Som e da Música”, “Convenções e Clichés”, “Gestão do Silêncio” e “Som como Espaço”. Através da análise e discussão de exemplos práticos, procurar-se-á fomentar reflexões pessoais e exemplificar várias técnicas, de acordo com o perfil dos participantes. A vertente prática do workshop assume particular importância, definindo a sua própria estrutura temporal: após as primeiras sessões de exposição, análise, reflexão e pequenos exercícios técnicos, sera proposto um exercício prático para ser realizada de forma autónoma, por cada participante num período de 2 ou 3 semanas. A meio desse exercício, será organizada uma sessão para que cada participante possa fazer um ponto de situação do seu exercício e esclarecer quaisquer questões (teóricas ou práticas, conceptuais ou técnicas). A apresentação final dos exercícios será o mote para uma reflexão conjunta global.

Nota: as questões abordadas no workshop têm aplicação prática não só em objectos artísticos (peças de teatro, dança performance, vídeo, cinema, sound art, etc), mas também em objectos de consumo (publicidade, aplicações multimédia, video-jogos, etc).
Os formandos deverão trazer o seu próprio equipamento (computador portátil e equipamento de gravação, se tiverem).

Datas e horário:

  • 13 e 14 de Fevereiro | 10:00- 13:00 15:00-18:00
  • 21 de Fevereiro | 15:00-18:00
  • 28 de Fevereiro | 10:00-13:00 15:00- 18:00

Duração: 15 horas, em 5 sessões de 3 horas

Nº de formandos mínimo: 4
Nº de formandos máximo: 10
Custo: 70€ por aluno

Biografia
João Martins nasceu em 1977. Estudou Música, Arquitectura e Design. Colabora com o Visões Úteis (companhia profissional de teatro do Porto) desde 1998, como músico e sonoplasta, sendo responsável por diversas bandas sonoras, assim como pela sonoplastia e pela criação de paisagens sonoras para peças de teatro e audiowalks. Criou também música para cinema e para instalações multimédia e desenvolve inúmeros projectos como músico quer em colectivos, quer a solo.
Desenvolve paralelamente a actividade de designer e tem experiência como formador e consultor na área das ferramentas informáticas e da comunicação.

Informações: producao [@] soopa.org

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A Floresta Animada, pelo Space Ensemble, dia 23 em Vila do Conde

O programa de filmes-concertos a que chamávamos Filmes da Terra do Pai Natal, passou a ter o título menos “sazonal” de A Floresta Animada. São os mesmos filmes de animação finlandeses, musicados ao vivo pelos mesmos músicos, mas em vez de destacarmos a origem dos filmes, destacamos o elemento comum da relação com a natureza.

Turilas e Jaara

São alguns episódios da divertida série Turilas & Jäara e algumas das obras mais emblemáticas de Heikki Prepula. Levamo-los ao Teatro Municipal de Vila do Conde no próximo domingo, dia 23, às 16 horas. Um programa para toda a família que a nós nos tem dado muito gozo apresentar.

Apareçam e ajudem a divulgar.

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Filmes da Terra do Pai Natal

Turilas & Jäärä

Filmes da Terra do Pai Natal é um projecto do Space Ensemble em parceria com Finnish Film Contact e conta com o apoio da Embaixada da Finlândia em Lisboa.

O programa, foi especialmente criado para as crianças do ensino pré-primário e primário, e é composto por curtas metragens de animação, contemporâneas, do realizador Heikki Prepula e de episódios da série Turilas & Jäärä, dos realizadores Ismo Virtanen e Mariko Härkönen.

Neste projecto o Space Ensemble apresenta-se com Ana Veloso (guitarra),  Eleonor Picas (harpa), Henrique Fernandes (contrabaixo e acordeão), João Martins (saxofones, melódica, flauta e berbequim), João Tiago Fernandes (bateria e marimba), José Miguel Pinto (guitarra e theremin), Nuno Ferros (electrónicas) e Sérgio Bastos (piano).

As sessões na Casa da Música, segundo nos informaram, já estão esgotadas, mas temos datas confirmadas ainda antes do Natal, em Viseu, Aveiro e no Alandroal.

A lista total em 2008 (para já) é esta:

Casa da Música, Porto
20 e 21 de Novembro 2008 | 11h00 e 14h30 (Sessões reservadas para Escolas)
13 de Dezembro de 2008 | 16h00

Teatro Viriato, Viseu
5 de Dezembro 2008 | 10h30 e 15h30 (Sessões reservadas para Escolas)
6 de Dezembro 2008 | 16h00

Teatro Aveirense, Aveiro
10 de Dezembro 2008 | 10h30

Fórum Cultural Transfronteiriço do Alandroal
12 de Dezembro 2008 | 10h30

Nós estamos a gostar imenso desta experiência e esperamos ansiosamente que as crianças adiram.

Eu, pessoalmente, ando a tentar encontrar uma boa estratégia para a Maria poder assistir, apesar de não ser uma coisa pensada para bebés.

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Space Ensemble em Portalegre

Este fim-de-semana é altura de rumar a sul, até ao Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre, onde vamos apresentar em dias consecutivos os dois projectos de filme-concerto do Space Ensemble: As Aventuras do Príncipe Achmed na sexta e Kino Eye, no sábado.

Um desafio para nós e, creio, uma oportunidade interessante para o público.

Apareçam! Nós até vamos ter t-shirts para vender! 🙂

PS: Além dos espectáculos à noite, para o “público em geral”, faremos espectáculos à tarde, exclusivamente para escolas.

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Pontapé de saída

DSC00006.JPG, colocada no Flickr por joaomartins.

No fim da apresentação de Kino Eye, estávamos satisfeitos. E tínhamos razões para isso: foi um óptimo pontapé de saída para a “digressão”.
No calendário, segue-se Barcelos, na próxima quarta-feira.

Se puderem, mantenham-se atentos ao Space Ensemble:

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Space Ensemble apresenta Kino Eye

O Space Ensemble começa em Abril a apresentar o seu novo projecto de filme-concerto. Do universo da animação de silhuetas de Lotte Reiniger, passamos à “primeira coisa cinematográfica não ficcional, sem guião nem actores, e realizado fora de estúdio e sem cenários“. Kino Eye, de Dziga Vertov é uma obra desconcertante realizada em 1924 e será o guião duma nova experiência, para novos públicos.

12 de Abril, sessão no Passos Manuel, no Porto.
16 de Abril, sessão no Zoom Cineclube, em Barcelos.

Em Maio, vamos até Portalegre e Leiria.

Recomeça a temporada!

Eu sou o cine-olho.
Eu sou um construtor. Você, que eu criei, hoje, foi colocada numa câmara (quarto) extraordinária, que não existia até então e que também foi criada por mim. Neste quarto há doze paredes que eu recolhi em diferentes partes do mundo. Justapondo as visões das paredes e dos pormenores, consegui arrumá-las numa ordem que agrade a você e edificar devidamente, a partir de intervalos, uma cine-frase que é justamente este quarto (câmara).

Eu, o cine-olho, crio um homem mais perfeito do que aquele que criou Adão, crio milhares de homens diferentes a partir de diferentes desenhos e esquemas previamente concebidos.

Eu sou o cine-olho.

De um eu pego os braços, mais fortes e mais destros, do outro eu tomo as pernas, mais bem-feitas e mais velozes, do terceiro a cabeça, mais bela e expressiva e, pela montagem, crio um novo homem, um homem perfeito.

Eis, cidadãos, o que vos ofereço em primeira mão, em lugar da música, da pintura, do teatro, do cinematógrafo e de outras efusões castradas.

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Cinco filmes

“Não sou grande adepto deste tipo de coisas” parece ser a fórmula standard para iniciar estes artigos, apontando depois o dedo a quem nos “enrolou” na teia. De facto, dependendo do tema e das motivações da parte de quem passa a bola, estas cadeias de artigos não me fazem demasiada impressão. É o caso.

Quem me pôs nesta cadeia foi, simultaneamente, a Maria João Valente e o Marcos Marado e a ideia é destacar cinco filmes. Não exactamente os cinco filmes preferidos ou cinco filmes que se aconselham: apenas cinco filmes de que gostei.

Sendo assim, a responsabilidade não é grande. Para facilitar a minha escolha decidi concentrar-me em filmes de animação, que é um género que aprecio bastante e que fica muitas vezes fora das escolhas das pessoas sérias.

Além disso, é quase Natal (que é um argumento tonto que serve quase para tudo, certo?).

Então cá estão cinco filmes de animação de que gostei particularmente:

Imagem de A Suspeita, filme de animação de José Miguel RibeiroA Suspeita, de José Miguel Ribeiro (Portugal, 1999)

É um filme de animação com bonecos de plasticina, português, passado num comboio. Excepcional a vários níveis.
Vi os bonecos e parte dos décors em exposição na estação de comboios de S. Bento, no Porto (creio que o projecto teve um apoio da CP) e não descansei enquanto não vi o filme. Muito bom e muito recomendável. E bastante premiado. Não faço ideia se se encontra em algum circuito comercial, mas devia.

Corto Maltese na Sibéria, capa do DVDCorto Maltese na Sibéria, de Pascal Morelli (França, 2002)

Quando soube que alguém estava a tentar trazer o personagem maior de Hugo Pratt ao cinema, tive arrepios: a probabilidade de ser um desastre era enorme. Mas a verdade é que o projecto da ELLIPSANIME, dirigido pelo Pascal Morelli e muito apoiado em todas as vertentes, desde a realização plástica, à banda sonora, passando pela fotografia e o casting de vozes, é extraordinariamente bem conseguido. Não é perfeito, mas para isso é que existem os álbuns e a nossa imaginação. 😉

Belleville Rendez-vous / Les Triplettes de BellevilleBelleville Rendez-vous / Les Triplettes de Belleville, de Sylvain Chomet (França, 2003)

Este é um clássico instantâneo. Um daqueles que dá vontade de dizer “dispensa apresentações”. Tudo funciona neste filme que, além do mais, tem uma banda sonora excepcional.

Jack e Sally, no Estranho Mundo de Jack, de Tim BurtonO Estranho Mundo de Jack, de Tim Burton (EUA, 1993)

Outro clássico instantâneo, da dupla Tim Burton / Danny Elfman. Poderia igualmente ter destacado o igualmente excepcional A Noiva Cadáver (dentro da lógica dos filmes de animação), mas este é anterior e mais natalício.
Para mim, este é um filme da dupla Burton/Elfman porque o papel desempenhado pela música nestes filmes é avassalador e porque sou um fã quase incondicional do trabalho do Danny Elfman. O requinte gráfico é, como nos restantes filmes escolhidos, delicioso.

E é mesmo natalício. 😉

Ghost in the Shell, imagem do filmeGhost in the Shell, de Mamoru Oshii (Japão, 1996)

Uma escolha japonesa, para equilibrar os universos da animação europeia e americana e para reconhecer o papel fundamental da produção asiática no progresso da animação como forma avançada e popular de arte. Além disso, o universo criado por Masamune Shirow nas suas variadas encarnações (livros, filmes, jogos) teve repercussões visíveis em objectos tão populares como a saga Matrix e é uma referência, ainda que muitas vezes encoberta, em muitas outras explorações do universo “cyberpunk”.
Fora tudo isso, é uma obra graficamente ao nível do melhor que se faz no género e a profundidade do guião é considerável, se estivermos disponíveis para embarcar em devaneios pseudo-existencialistas nos limites da definição do que pode ser uma Inteligência Artificial.

A minha escolha, pouco ponderada e centrada na animação, é esta. Tentei, mas duvido que tenha surpreendido alguém.

Passo a bola à minha irmã e ao meu pai, que são família e não devem levar a mal. E ao dactilógrafo, que gosta muito de cinema e já me fez responder a uns questionários cinéfilos do facebook. E, para acabar, ao Nuno Rebelo, que tem uma relação especial com o meio audiovisual e de quem me lembrei ao assistir a uma conferência do Christian Marclay na Tate Modern, nesta viagem recente.

Não levo a mal a ninguém se quebrarem a cadeia, como é óbvio. Nem pus este artigo com essa preocupação.

Siga a rusga!

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Carta aberta ao director do Diário Regional de Aveiro

cc: Jornal O Aveiro, Lusomundo Cinemas, Cineclube de Aveiro

Ex.mo Sr. Adriano Callé Lucas:

No passado dia 22 de Junho de 2007 enviei para vários órgãos locais de comunicação social a transcrição de um artigo do meu blog acerca das condições de exibição de cinema na cidade de Aveiro, referindo, nomeadamente, problemas na sala 4 do complexo da Lusomundo Cinemas no Forum Aveiro.

Esse artigo teve seguimento neste mesmo blog, através da publicação de uma réplica do Cineclube de Aveiro, também visado no artigo original e duma outra da Lusomundo Cinemas, logo no dia seguinte e, aproximadamente um mês depois, através da notícia de que o problema da Sala 4 estaria resolvido, notícia essa que me me foi dada pelo director-geral da Lusomundo Cinemas.

A publicação do referido artigo de 21 de Junho no semanário O Aveiro, poucas semanas depois, sem que algum contacto tivesse sido feito nesse sentido por parte da redacção e sem a publicação das réplicas disponíveis à data, pareceu-me estranha, mas poderia a redacção de O Aveiro ter encarado a minha comunicação como uma “carta ao director” e, nesse sentido, a publicação não seria abusiva, apesar de se justificar, na altura, a indicação do endereço do blog, referência que O Aveiro decidiu omitir e que permitiria aos leitores a consulta das réplicas.

O que não se percebe, de forma nenhuma, é que um jornal diário com forte implantação e projecção local— como é o que V. Ex.cia dirige— publique este mesmo artigo, 6 semanas depois e sem nenhum contacto prévio com o autor e sem sequer referir a sua data original! Nem que fosse porque o artigo, com o seguimento de que foi alvo no blog, deixou de ter qualquer sentido ou relevância.

Percebo que o preenchimento das páginas dum diário local nos meses de Verão seja difícil e percebo até que estamos na chamada “silly season”, mas creio que a publicação feita hoje não serve os interesses de ninguém. Pelo contrário: tem um elevado custo na credibilidade do jornal e da minha pessoa como autor do artigo e na imagem da Lusomundo Cinemas, que fez um esforço notável (e reconhecido no blog, mas não no jornal), para corrigir a situação denunciada.

A consulta do blog e dos comentários ao artigo original ter-lhe-iam poupado (e a mim, também) este embaraço duplo: a publicação de um artigo que já tinha estado nas páginas de um outro jornal local várias semanas antes e que, ainda por cima, estava já ultrapassado pelos factos.

Estou certo de que encontrará a melhor forma de dar a volta a esses embaraços. Eu, da minha parte, aprendi a lição: nunca voltarei a enviar textos para nenhum órgão de comunicação social confiando na capacidade dos seus profissionais fazerem o que lhes compete. Adicionarei os termos de utilização do texto enviado e, quem sabe, uma declaração com “termos de responsabilidade” para evitar complicações posteriores.

Despeço-me com os melhores cumprimentos,

João Martins