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Assinem a Petição Em Defesa do Direito à Cultura

Da reunião da Plataforma das Artes do passado dia 13, no São Luiz Teatro Municipal, resultou uma petição, disponível online. Aconselho uma leitura atenta, seguida de subscrição e divulgação.

PETIÇÃO EM DEFESA DO DIREITO À CULTURA

APOIO ÀS ARTES

Considerando que a Cultura é um sector estratégico e estruturante para o país; considerando que a relevância política do Ministério da Cultura no actual Governo é praticamente nula, reflectindo-se num constante desinvestimento que contraria as repetidas promessas públicas do Primeiro Ministro; considerando o papel nuclear das artes na sociedade; considerando que o apoio às artes atribuído pela DGArtes significa apenas 10% do Orçamento para a Cultura e, portanto, 0,03% do Orçamento de Estado (o equivalente a três milímetros numa linha de 10 metros); a Plataforma das Artes toma as seguintes posições:

  1. Não aceitamos o anunciado corte de 23% no montante destinado ao apoio às artes, através da Direcção Geral das Artes. Consideramos que estes cortes, aplicados em contratos em vigor relativos aos apoios quadrienais poderão ser ilegais. Consideramos, porém, que o Ministério da Cultura não realizou esforços suficientes para minimizar estes cortes, esmagadoramente superiores ao corte de 8,8% anunciado para o Orçamento do Ministério da Cultura. Exigimos uma política de diálogo e procura de soluções em conjunto com os agentes culturais. Exigimos que ouçam as nossas ideias.
  2. Não aceitamos um Orçamento de Estado que esvazia o Ministério da Cultura da sua função. Os cortes anunciados no Orçamento do Ministério da Cultura não têm um real impacto no combate ao défice e comprometem irreversivelmente o tecido cultural português.
  3. Não aceitamos a desresponsabilização da Senhora Ministra da Cultura, que imputa ao Ministério das Finanças a responsabilidade dos cortes anunciados. Um governante deve ser responsabilizado pessoalmente pelas medidas que anuncia e aplica.
  4. Não podemos aceitar medidas que são ineficazes na diminuição do défice, mas comprometem o já tão fragilizado tecido cultural português e o direito constitucionalmente consagrado à fruição e criação culturais. Cortar no apoio às artes é cortar nos direitos dos portugueses. Por outro lado, estes cortes terão consequências sociais dramáticas, nomeadamente despedimentos e incumprimentos contratuais, numa área onde os trabalhadores pagam os mesmos impostos que quaisquer portugueses, sem acesso a protecção social.
  5. Exigimos que o Ministério da Cultura cumpra a lei e funcione. Exigimos a abertura dos concursos de apoio a projectos anuais e bienais em todas as áreas, dentro dos prazos legais, abrangendo o mesmo número de estruturas contempladas em 2010. Exigimos igualmente a garantia de abertura de concursos de apoio a projectos pontuais em todas as áreas, nos dois semestres de 2011, reforçando a sua importância no plano da inovação e renovação do tecido artístico. Não podemos aceitar que a Senhora Ministra da Cultura tenha tentado imputar ao sector a responsabilidade pela aplicação dos cortes, numa tentativa de dividir os agentes culturais. Não aceitaremos uma política que se encaminha para a extinção da Direcção Geral das Artes e, em última análise, para a extinção do Ministério da Cultura.
  6. Exigimos a manutenção do sistema de concursos públicos como formato de apoio estatal às artes. Quaisquer alterações ou melhorias, devem sempre pugnar pela democracia, pluralidade, equidade e transparência na aplicação dos dinheiros públicos. Nesse sentido, a Plataforma das Artes compromete-se a, até Maio de 2011, produzir, tornar público e oferecer ao Ministério da Cultura um documento que reúna o máximo de propostas e sugestões para uma nova regulamentação do sistema de apoios às artes.
  7. Exigimos que o Ministério da Cultura produza e torne público, durante a próxima semana, um documento divulgando com clareza, qual a verdadeira execução orçamental de 2010. Quantos foram os milhões de euros não executados e porquê? Exigimos saber quais os critérios que presidem à aplicação de verbas do orçamento para 2011, designadamente a razão de ser de uma diminuição de 23% no apoio à artes e de um aumento de 29% do Fundo de Fomento Cultural. Queremos perceber se existe alguma estratégia de futuro ou políticas culturais claras que orientem a aplicação de dinheiros públicos no sector da Cultura. Duvidamos da vantagem financeira das extinções dos Teatros Nacionais S. João e D. Maria II e respectiva integração na OPART, bem como da extinção da DGLB. Queremos esclarecimentos nesta matéria.
  8. Não aceitamos o papel meramente reactivo a medidas governamentais. A Plataforma das Artes compromete-se com um papel activo de reflexão e acção directa em continuidade, que permita defender uma visão das artes como elemento estruturante da sociedade e motor da cidadania.

APOIO AO CINEMA

Considerando que se anuncia, mas ainda não se assume, um corte de 20% no Programa de apoios financeiros para 2011 do Instituto do Cinema e Audiovisual; considerando que esse corte se justifica em parte pela estimativa em baixa das receitas da publicidade nas Televisões (quebra de 10%) e a outra para pagar a factura da austeridade imposta pela cativação de 10% das receitas próprias do ICA relativas a 2010; considerando que a prometida lei do Cinema a entrar em vigor em 2011 é neste momento uma miragem, uma vez que o Ministério da Cultura, promotor desta Lei, calou-se com a reacção de protesto dos Contribuintes do sistema de Financiamento (operadores de tv, cabo telecoms, plataformas de distribuição de tv, etc); considerando que, com isto, se antevê um ano de 2011 catastrófico para o Cinema; considerando que não se vislumbra qualquer calendário para a aprovação da Lei e para discussão das propostas de redacção alternativa apresentadas pelas associações sectoriais; exigimos da Senhora Ministra da Cultura:

  1. Que promova junto do Sr. Ministro das Finanças a descativação de 10% das receitas próprias do ICA de 2010, de forma a minimizar os efeitos profundamente negativos do corte de 20% ainda não assumido pela Sra. Ministra para o Programa de Apoios Financeiros do ICA.
  2. Que retome a discussão da Lei do Cinema, a qual foi bem recebida pelo Sector, de forma a apresentá-la e aprová-la na Assembleia da República, para que entre em vigor no mais curto espaço de tempo.

A PLATAFORMA DAS ARTES é constituída por

Para ler e subscrever a petição, é aqui: http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N3851

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jazz.pt | Violino Escravo, de Jon Rose @ Serralves

“Violino Escravo – A True Story of a Slave Violinist”
de Jon Rose

Auditório de Serralves
13 de Maio de 2010, 21h30

Ciclo Documente-se!
Sentidos do Reconhecimento

“Violino Escravo – A True Story of a Slave Violinist” resulta duma encomenda da Fundação de Serralves a Jon Rose que encontrou neste convite as condições necessárias para a realização dum projecto de “radio art” dedicado à figura e à história de Joseph Emidy, um escravo negro oriundo da Guiné, em finais do século XVIII, violinista quase acidental, com uma vida atribulada que inclui a passagem pela Orquestra da Ópera de Lisboa e por um navio da Marinha Britânica, com um fim de vida na Cornualha, onde se veio a afirmar como um dos mais importantes compositores, violinistas e professores do sudoeste de Inglaterra, nas primeiras décadas do século XIX, sem que alguma das suas composições tenha sobrevivido até aos nossos dias, muito devido à sua condição de ex-escravo e à cor da sua pele. Para nos apresentar esta peculiar biografia, Jon Rose recorre a um dos seus suportes de eleição, a “radio art”, que tem usado com frequência para re-escrever a História do Violino, contando com a colaboração de Flávio Hamilton na voz (gravada) e apresentando a peça com a particularidade de acrescentar à gravação (suporte tradicional destas peças) um solo ao vivo, executado pelo próprio Jon Rose.
A inclusão desta encomenda no Ciclo DOCUMENTE-SE!, que pretende “promover, a partir de um conjunto de propostas artísticas e de abordagens de cientistas sociais, uma reflexão sobre os processos do (não) reconhecimento do eu individual e social na contemporaneidade, estruturando identidades, relações de poder e contextos sociais” assume particular pertinência, não só pela construção própria de um objecto artístico de carácter documental, como pela apresentação dum “formato” que uma parte do público português tem, objectivamente, dificuldade em reconhecer como prática performativa, quer pelo destaque dado a um criador que, em todo o seu percurso, assume uma considerável fixação por processos de (re)conhecimento, particularmente, no que ao seu instrumento de eleição diz respeito.
Com uma vasta obra como compositor e improvisador e sobre um vasto número de suportes e formatos, Jon Rose continua indissociável do violino, enquanto instrumento, mas também enquanto tema central de grande parte da sua obra e a performance que trouxe a Serralves é plenamente ilustrativa disso mesmo.

Ainda antes de “Violino Escravo” ouvimos e vimos 2 partes de “Palinpolin” (2010), para solo de violino tocado com arco interactivo— manipulando som e imagem (no caso da 2ª parte)— num registo eventualmente mais reconhecível da sua obra, já que o arco interactivo e a sua utilização virtuosa constituem uma das imagens de marca mais fortes da carreira de Rose. A apresentação destas peças recentes, constituiu, assim, uma primeira aproximação a um “sentido do reconhecimento”, construindo-se sobre a manipulação extensiva mas relativamente clara e/ou explícita de formas de tocar ou fazer soar um violino e de manipular o material produzido (des)codificando um complexo vocabulário gestual que se constrói sobre a prática violinística convencional, expandindo os significados de cada arcada e cada movimento do arco, com tradução musical e visual imediata.
Destaca-se, na segunda parte de “Palinpolin”, que incluía a manipulação de vídeo, assim como em todos os momentos em que o arco se afastava do violino, clarificando a relação imediata entre os movimentos e os sons produzidos, uma certa preocupação em garantir uma maior adesão do espectador à performance, através duma espécie de demonstração da lógica interna da performance.
A linguagem performativa de Jon Rose não só é consequente, como tem a preocupação de ser explícita, o que, além de refrescante, é compreensível, pedagógico e positivamente assinalável.
Excluindo a eventual fragilidade da realização plástica da componente vídeo de “Palinpolin”, recorrendo a uma manipulação da imagem relativamente elementar e, porventura, demasiado previsível, esta primeira parte do concerto foi um solo entusiasmante de violino e electrónica em tempo real, com som quadrifónico, ao melhor nível do violinista britânico, figura central da música experimental australiana.

“Violino Escravo”, a peça radiofónica, apresentou-nos uma outra faceta de Jon Rose, num registo marcado pela consequência narrativa da peça e pela estrutura híbrida de documentário, reportagem e teatro radiofónico. O solo ao vivo, sem manipulação electrónica, permitiu um outro contacto com a sua técnica instrumental, e os recursos composicionais em uso, na gravação, apresentaram caminhos musicais diversos: pseudo-arqueologias musicais, referências folclóricas e humorísticas, construções ambientais e texturais bastante ilustrativas… Uma experiência interessante, eventualmente enfraquecida pelo recurso demasiado frequente a alguns dos motivos musicais que pareciam cumprir uma função pré-estabelecida no cânone radiofónico em uso.

Duas visões complementares do Violino, primeiro através da expansão da técnica instrumental, depois através dum episódio particular da sua História, quase tão extraordinário como desconhecido.

Texto escrito por João Martins. Depois de revisto e editado por Rui Eduardo Paes, foi publicado no nº 31 da revista jazz.pt. A publicação do texto neste blog tem como principal objectivo promover a revista: compre ou assine a jazz.pt.
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Aveiro cultura política teatro Visões Úteis

Boom & Bang em Aveiro

Boom & Bang, a 35ª criação do Visões Úteis vem ao Teatro Aveirense no próximo dia 9 de Junho. São duas sessões: uma à tarde, para escolas e sujeita a marcação via Serviço Educativo do Teatro, outra à noite, para o público em geral. Como é véspera de feriado, há menos desculpas para não ir ver.

Boom & Bang, 35ª criação Visões Úteis
dia 9 de Junho no Teatro Aveirense

Boom & Bang, logotipo

São contributos teatrais para a compreensão da crise mundial, que o Visões adaptou a um formato portátil que tem circulado com grande sucesso em variadíssimos espaços pelo país (1, 2, 3, 4).

Boom & Bang
a partir de “The Power of Yes” de David Hare

Isto é uma nova espécie de socialismo. É o socialismo para os ricos. Para os outros está tudo na mesma. Só para os bancos é que há socialismo. O resto do pessoal continua tão à rasca como dantes. E é nesta altura que começamos a sentir uma certa sensação de injustiça, ou não é?

[youtube width=”425″ height=”335″]http://www.youtube.com/watch?v=UD26ulGiUpI[/youtube]

  • dramaturgia e direcção: Ana Vitorino e Carlos Costa
  • banda sonora original e sonoplastia: João Martins
  • desenho de luz: José Carlos Gomes
  • interpretação: Ana Vitorino, Carlos Costa e Pedro Carreira
  • projecto fotográfico: Paulo Pimenta
  • coordenação técnica e operação: Luís Ribeiro
  • produção executiva: Joana Neto
  • assistência de produção: Helena Madeira
  • design gráfico: entropiadesign a partir de imagem de Ricardo Lafuente
  • produção: Visões Úteis
  • duração aproximada: 50 minutos
  • classificação etária: M12
  • informações
    Visões Úteis: 22 200 61 44 | mail@visoesuteis.pt
    Teatro Aveirense: 234 400 920 | info@teatroaveirense.pt

Sobre o projecto

Na sequência da crise económica que explodiu em Setembro de 2008, o National Theatre (Londres, Inglaterra) encomendou ao dramaturgo David Hare uma peça de teatro que se confrontasse com a referida situação e com os seus protagonistas. E desta forma David Hare dedicou vários meses não só ao estudo da situação mas também a entrevistas pessoais a banqueiros, economistas, especuladores, investidores, administradores, enfim, a todos aqueles que conheciam a história por dentro, desde que, naturalmente, estivessem dispostos a contá-la. O resultado final foi um texto rigoroso e complexo – em que se recusa qualquer desejo excessivo de dramatização e se procura antes contar uma história de ambição e ganância – intitulado “O poder do sim”, e bem a propósito sub-intitulado “Um dramaturgo tenta compreender a crise financeira”, cuja estreia mundial aconteceu, precisamente, no National Theatre de Londres, em Setembro de 2009.
Na versão do Visões Úteis “O Poder do sim” apresenta-se vocacionado para um contacto muito próximo com o público, através do trabalho de 3 actores que convocam uma pluralidade de protagonistas da crise financeira, sem esquecer uma imprescindível aproximação à realidade portuguesa, no que podemos classificar de um espectáculo extremamente divertido, apesar de não ter piada nenhuma! Ou por outras palavras, uma tragicomédia financeira completamente enraizada no nosso aqui e agora.

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“A Comissão” estreia a 27 de Maio

A Comissão, cartaz de entropiadesign a partir de imagem de Ricardo Lafuente

A COMISSÃO

36ª Criação Visões Úteis

27 de Maio a 5 de Junho 2010
Hotel Dom Henrique, Porto

Terça a Sábado às 22h00
Domingo e Segunda às 18h30, integrado no 33º FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica

Uma bem humorada reflexão acerca dos actuais mecanismos de decisão política e económica, nomeadamente em Portugal e na Europa.
Apresentado na sala de um Hotel onde uma Comissão se reúne, o espectáculo questiona a linguagem utilizada pelos decisores políticos enquanto mecanismo de exercício de poder e domínio.
Espécie de Lado B do recentemente estreado “Boom & Bang” onde abordámos as circunstâncias que levaram à crise financeira que atravessamos, “A Comissão” enquadra-se no desenvolvimento do projecto artístico do Visões Úteis, num cruzamento constante entre os temas que fazem o nosso aqui e agora e a procura de linguagens performativas contemporâneas.

  • Texto e Direcção: Ana Vitorino e Carlos Costa
  • Colaboração na Dramaturgia: Nuno Casimiro
  • Figurinos e Adereços: Inês de Carvalho
  • Banda Sonora Original e Sonoplastia: João Martins
  • Desenho de Luz: José Carlos Gomes
  • Infografismo e Audiovisuais: João Martins / entropiadesign
  • Projecto Fotográfico: Paulo Pimenta
  • Coordenação Técnica: Luís Ribeiro
  • Produção Executiva: Joana Neto
  • Assistência de Produção: Helena Madeira
  • Design Gráfico: entropiadesign a partir de imagem de Ricardo Lafuente
  • Interpretação: Ana Vitorino, Carlos Costa, Pedro Carreira e ainda Joana Neto e Luís Ribeiro com a participação especial (em vídeo) de Nuno Casimiro, João Teixeira Lopes, José Pinto da Costa, Miguel Guedes, Alice Costa, Carolina Gomes, Raquel Carreira, Ana Azevedo, João Martins e José Carlos Gomes
  • Produção: Visões Úteis
  • M12 | 80 minutos
    Condições especiais, info e reservas:
    (+351) 22 200 6144 | mail@visoesuteis.pt
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Teatro no Porto: O Anzol, de Gemma Rodríguez

aqui anunciei a estreia no Porto de O Anzol, de Gemma Rodríguez. É a 34ª criação do Visões Úteis, na qual participo com a banda sonora original e sonoplastia. De 11 a 13 de Dezembro, podem assistir ao espectáculo no Teatro Helena Sá e Costa (Porto), às 21h30.

É evidente que haverá sempre boas desculpas para não ir ao teatro, mas, ocasionalmente, como é o caso em muitas peças do Visões, há também óptimas razões para ir. Fiquem com o “trailer” que o Pedro Maia realizou, para vos ajudar a decidir.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=zUBmyAJ99rs[/youtube]

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O que eu gosto do Lidl! (2)

O meu artigo mais recente no blog— uma transcrição fiel duma conversa que ouvi recentemente no Lidl— era uma espécie de teaser, muito peculiar, relativo à reposição da peça O Anzol, do Visões Úteis. A peça, que estreou em Vila Real, em Abril de 2009, terá agora a sua estreia no Porto, mais precisamente no Teatro Helena Sá e Costa. De 11 a 13 de Dezembro, às 21h30.

O Anzol, de Gemma Rodríguez, pelo Visões Úteis, no Teatro Helena Sá e Costa

Com a minha história podia fazer-se um espectáculo de teatro; ainda que eu não saiba se se pode, porque só fui uma vez ao teatro e parece-me que seria difícil, por causa do cenário e isso tudo, e porque fazem falta muitas coisas para a contar.

Por exemplo, é preciso um autoestrada.

(…)

Também há um vídeo porteiro e um grande centro comercial com todos os produtos que se podem comprar nas grandes superfícies, e é preciso pôr os preços dos produtos numas etiquetas e assinalar com cartazes vistosos as promoções do dia porque pode haver pessoas, sobretudo mulheres, que desconfiavam se não se vissem as promoções, porque há sempre promoções nas grandes superfícies e toda gente sabe isso, especialmente as mulheres. Além disso era preciso contratar um grupo de dez pessoas, no mínimo, para que façam de trabalhadores do centro comercial e têm que ter experiência e alguns devem ter a pele escura e falar com sotaque, porque se são todos brancos as pessoas desconfiam.

(…)

PAI: Agora Jesus Cristo caminha comigo. E entramos juntos no Lidl. Jesus Cristo à esquerda e eu à direita. No Lidl há um corredor cheio de brinquedos que deixava qualquer miúdo babado. Jesus ajuda-me a escolher duas prendas: uma para o Óscar, o pequeno, e outra para o Eric. Também encontro um bolo cor-de-rosa em promoção. Até diz: “Feliz aniversário” escrito com letras verdes e está dentro de uma caixa de plástico transparente muito bonita. Então, quando vamos para a caixa, Jesus crava-me o cotovelo nas costelas, eu páro, e vejo o seu dedo levantado: “Promoções Lidl”, diz um cartaz pendurado no tecto e mesmo por baixo um barco insuflável, lindíssimo, verde e branco, com dois assentos de borracha e cordas pretas e um remo e essas coisas todas. E só por quarenta euros. Caralho, o que eu gosto do Lidl.

in O Anzol, de Gemma Rodríguez

O Anzol, de Gemma Rodríguez
Teatro Helena Sá e Costa | 11 a 13 de Dezembro de 2009 | 21h30

34ª criação do Visões Úteis
uma co-produção com o Teatro Municipal de Vila Real

texto: Gemma Rodríguez

tradução e direcção: Ana Vitorino, Carlos Costa e Catarina Martins
cenografia e figurinos: Inês de Carvalho
desenho de luz: José Carlos Coelho
banda sonora original e sonoplastia: João Martins

interpretação: Ana Vitorino, Carlos Costa, Catarina Martins e Pedro Carreira

coordenação técnica: Luís Ribeiro
assistência cenográfica: Rui Azevedo

produção executiva: Joana Neto
assistência de produção: Helena Madeira

design gráfico: entropiadesign a partir de Imagem de Ricardo Lafuente

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O Contrabaixo no Teatro Municipal da Guarda

Quarta-feira, 30 de Outubro, 21h30
O Contrabaixo no Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda.

Mais uma apresentação dO Contrabaixo. Mais uma visita ao Teatro Municipal da Guarda. Bela combinação.

Bem sei que o pré-aviso é curto, mas o tempo não ajuda.

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Debate sobre políticas culturais promovido pela Plateia

Segunda-feira, 7 de Setembro, 18h00, FNAC S.ta Catarina, Porto

A PLATEIA – Associação de Profissionais das Artes Cénicas tem vindo a promover debates a propósito de políticas culturais no âmbito europeu, nacional e autárquico, por ocasião de cada uma das eleições. Este ciclo, que se iniciou em Junho com um debate acerca das políticas europeias, prossegue agora com um encontro com candidatos à Assembleia da República, dos partidos com assento parlamentar. Será uma oportunidade única para discutir e comparar as propostas dos vários partidos em termos de política cultural. O debate será moderado pela jornalista Carla Carvalho, da SIC e terá lugar na FNAC de Santa Catarina, no Porto, na segunda-feira, 7 de Setembro pelas 18h.
No debate participam Catarina Martins (Bloco de Esquerda), João Almeida (Partido Popular), Jorge Strecht Ribeiro (Partido Socialista), Manuel Loff (Partido Comunista Português) e Pedro Duarte (Partido Social Democrata).

Vale a pena ler com atenção o texto proposto pela Plateia como mote deste debate, aqui.

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Cocktail Intermitente: convite

via Granular

dia 9 de Setembro, às 18h
Cocktail Intermitente
Um estatuto para os profissionais do espectáculo e do audiovisual
no bar da esplanada das piscinas de São Bento

Na Rua de São Bento – perto da casa-museu Amália, entre o Rato e a Assembleia da República

A Plataforma dos Intermitentes está a organizar este evento para chamar a atenção à falta de legislação específica e adequada às nossas profissões.
Esperamos que o próximo governo, independentemente da cor política, não nos vote uma vez mais ao esquecimento.
Vamos fazer um comunicado de imprensa, seguido de breves intervenções de representantes das várias áreas das artes do espectáculo e do cinema.
E depois, um cocktail, ou dois (também há cocktails sem alcóol), em fim de tarde de Setembro, abrilhantada pela música de Nuno Lopes e Dj Mute!

DATA : 9/09/09
HORA: 18h
LOCAL : BAR DA ESPLANADA DAS PISCINAS DE SÂO BENTO
DRESS CODE: INTERMITENTE

Agradece-se divulgação.

A Plataforma dos Intermitentes é independente e é constituida por :
AACI – Associação dos artistas Comunitários Independentes, AIP – Associação de Imagem Portuguesa, Associação Novo Circo, ATC – Associação dos Técnicos de Cinema, GDA – Gestão dos Direitos dos Artistas, Granular – Associação de Música Contemporânea, Movimento dos Intermitentes do Espectáculo e do Audiovisual, REDE, Sindicato dos Músicos, SINTTAV – Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual, STE – Sindicato das Artes do Espectáculo e do Audiovisual, PLATEIA – Associação dos Profissionais das Artes Cénicas.

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Visões Úteis: Outubro em Lisboa

Visões Úteis, logotipoComo continua a ser verdade que, neste país provinciano e parolo, muitas decisões estão nas mãos de gente que, sem pensar, sente que “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”, este mês de Outubro, em que o Visões Úteis volta a pisar palcos da capital, é estranhamente importante:

Os espectáculos em Lisboa, envolvem-me “fisicamente”, um pouco para lá dos limites do estritamente necessário para assegurar a bandas sonora e sonoplastia.

Gosto de fazer O Contrabaixo e assumir a condição de “músico em cena”. O texto do Süskind é brutal (e um músico percebe isso um bocadinho melhor) e agrada-me a simplicidade, a portabilidade e a eficácia da encenação, além de não me deixar de surpreender com a interpretação do Pedro. E um espectáculo de teatro que tanto se faz em bares, como em auditórios (como em estações de metro), sem perder a eficácia, é, por definição, um espectáculo “forte”.

O Contrabaixo, imagem de Paulo Pimenta

Já o Muna, é “outro campeonato”: no que exige de cada um de nós, criadores, intérpretes e técnicos; no que exige do espaço; no que exige do(s) público(s)… ficará seguramente na História do Visões Úteis e, havendo alguma justiça, ficaria noutras Histórias, mais globais.

Muna, ilustração de Júlio Vanzeler

Na minha, como músico e sonoplasta, como inventor e construtor de instrumentos, como performer e como pessoa (e pai) fica certamente. E o esforço de adaptar o espectáculo à sala-estúdio do TNDMII está também a revelar-se digno de antologia, mas é sempre preciso sofrer qualquer coisa pela “Arte”. 🙂

Dos nossos amigos e conhecidos na capital, espera-se algum apoio: pela presença e por algum apoio na divulgação. Obrigado.