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A disciplina é muito bonita

O PS vai impôr disciplina de voto na sua bancada parlamentar e forçar um voto contra os projectos do Bloco de Esquerda e de Os Verdes sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Porquê?

Não é por serem contra o casamento de homossexuais. Não é por não compreenderem ou discordarem da ideia de que a actual lei do casamento discrimina alguns cidadãos com base na sua orientação sexual, contrariando princípios básicos constitucionais. Não é por identificarem nos projectos estranhas ou perigosas segundas intenções.

Então, porquê? Porque não faz parte do Programa do Governo? Isso seria um bom argumento para que este projecto não surgisse num Conselho de Ministros, mas não para a bancada parlamentar do Partido Socialista disciplinar o voto de forma contrária à convicção confessável de muitos (se não a maioria) dos seus deputados e militantes. Por ser um tema “fracturante”? Mas não será igualmente “fracturante” a ideia de que um dos principais partidos políticos portugueses manipula a realidade democrática, “forjando” o chumbo duma proposta com a qual (aparentemente) concorda, por meras questões de “agenda”?

Ou será que, no conforto das suas câmaras privadas, uma parte substancial dos deputados e deputadas socialistas se afastam das convicções progressistas e “arejadas” que publicitam e revelam inconfessáveis costelas homofóbicas? Disciplinaram para adiar a questão e a porem nos seus termos, ou por terem medo do resultado da liberdade de voto? Ou quiseram dar uma ajudinha ao PSD que, neste contexto e depois das infelizes e ultra-conservadoras declarações da sua líder a propósito do tema, pode apresentar uma face liberal e democrática, dando liberdade de voto aos seus deputados numa matéria que está chumbada à nascença?

E que raio de coisa é esta, a da disciplina de voto?

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Jogos Olímpicos Pequim 2008: agora a sério

Campanha da Amnistia Internacional: Stop the World Record of Executions

Stop the world record of executions
China holds the current world record of executions with executing 1,010 people of 1,591 confirmed executions worldwide.
Although the Beijing Olympic committee declared that hosting the Olympics will ‘help the development of human rights in China’.
Join the fight against death penalty.

Do site da Amnistia Internacional Portugal:

“Daremos aos média total liberdade para realizarem o seu trabalho quando vierem para a China. (…) Estamos confiantes que os Jogos, ao serem entregues à China, promoverão não apenas a nossa economia, mas também irão melhorar todas as condições sociais, incluindo educação, saúde e direitos humanos”, disse Wang Wei, Secretário-Geral do Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim, a 13 de Julho de 2001, no China Daily.

Jacques Rogge, Presidente do Comité Olímpico Internacional, afirmou a 23 de Abril de 2002, no programa Hardtalk da BBC: “… estamos convencidos que os Jogos Olímpicos vão melhorar os registos de direitos humanos [na China]… Nós no Comité Olímpico Internacional solicitámos ao governo Chinês que melhorasse, o mais depressa possível, a sua prática de direitos humanos. No entanto, o Comité Olímpico Internacional é uma organização responsável e se a segurança, a logística ou os direitos humanos não forem satisfatoriamente postos em prática, então iremos actuar”.

No entanto, verificamos perseguição a activistas de Direitos Humanos, aumento da censura aos meios de comunicação social e acesso aos mesmos, aumento das detenções administrativas que levam à pena de “reeducação pelo trabalho”… e tantas outras situações que temos denunciado nos últimos tempos (ver relatório da Amnistia Internacional intitulado The Olympics Countdown: Broken Promisses, na versão integral, em inglês, ou resumida, em português).

É isto que a China entende por “melhoria” dos Direitos Humanos? Não é perante isto que o Comité Olímpico Internacional prometeu “actuar”?

Por que caminhos se perdeu a responsabilidade do Comité Olímpico Internacional e do seu Presidente, Sr. Jacques Rogge?

Porém, nem todos se calaram: Hans-Gert Pottering, o Presidente do Parlamento Europeu, apelou, num artigo de opinião publicado há dias no jornal alemão Bild am Sonntag, aos atletas participantes nos Jogos Olímpicos para denunciarem a violação dos Direitos Humanos na China.

A organização dos Jogos Olímpicos poderia ter sido – aliás foi esse o compromisso assumido entre as autoridades Chinesas e o Comité Olímpico Internacional para a realização das olimpíadas em Pequim – ocasião para a melhoria rápida do respeito pelos Direitos humanos na China.

O Presidente do Parlamento Europeu apelou, no passado dia 3 de Agosto, aos atletas que participam nos Jogos Olímpicos para denunciarem violações de Direitos Humanos na China: “Quero encorajar os atletas mulheres e homens a olharem a situação bem de frente e não ao lado. Cada um pode a seu modo lançar um sinal”. Segundo Hans-Gert Poettering, a alegria do desporto e dos Jogos Olímpicos não poderá “confundir o nosso olhar sobre os homens e os seus Direitos”. Acrescentou: “É nosso dever não esquecer o povo tibetano que luta pela sua sobrevivência cultural”.

O presidente do Parlamento Europeu foi apenas um dos vários políticos e analistas alemães que apontaram o dedo ao regime chinês, criticando-o pelos ataques à liberdade de imprensa e às violações dos Direitos Humanos na China. Também o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, e o ministro do Interior alemão, Wolfgang Schaüble, não pouparam nas críticas ao comportamento de Pequim, exigindo o respeito pela liberdade de imprensa.

A Amnistia Internacional Portugal apela:

Aos dirigentes Chineses que cumpram o compromisso que assumiram como condição para que os Jogos Olímpicos se realizassem em Pequim (melhorar a situação geral dos Direitos Humanos no país, nomeadamente na região do Tibete);

Aos dirigentes do Comité Olímpico Internacional que cumpram o compromisso que assumiram perante o Mundo, de actuar em defesa dos Direitos Humanos caso a China os violasse no contexto dos Jogos Olímpicos;

Aos dirigentes políticos, designadamente, aos Portugueses, que, à semelhança dos políticos alemães, tomem uma posição pública e firme contra a violação dos Direitos Humanos na China e nas suas regiões autónomas, nomeadamente do Tibete;

Aos atletas para que não calem a indignação perante a violação dos Direitos Humanos em nome do legítimo desejo de vitória;

A todos quantos se preocupam com as vítimas dos Direitos Humanos, que não se cansem de denunciar as violações.

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Jogos Olímpicos Pequim 2008: que fazer à consciência?

Eu gosto de ver “as corridas”, como lhes chama o Nelson, mas isso não significa que não partilhe das convicções dele ou que não sinta que, de facto, precisamos de resistir ao “barulho das luzes“.

Sendo assim, que fazer à consciência, para podermos assistir às diversas proezas atléticas, sem nos sentirmos cúmplices da hipocrisia global que ofereceu ao regime totalitário chinês esta oportunidade de ouro de se legitimar em toda a sua contraditória condição de potência mundial?

Eu dei por mim a trautear Monty Python, um destes dias…

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=WkGkv7NWyl4[/youtube]

Title: I like Chinese
From: Monty Python’s Contractual Obligation Album

(spoken)
The world today is absolutely crackers.
With nuclear bombs to blow us all sky high.
There’s fools and idiots sitting on the trigger.
It’s depressing, and it’s senseless, and that’s why…

(singing)
I like Chinese,
I like Chinese,
They only come up to you knees,
Yet they’re always friendly and they’re ready to to please.

I like Chinese,
I like Chinese,
There’s nine hundred million of them in the world today,
You’d better learn to like them, that’s what I say.

I like Chinese,
I like Chinese,
They come from a long way overseas,
But they’re cute, and they’re cuddly, and they’re ready to please.

I like Chinese food,
The waiters never are rude,
Think the many things they’ve done to impress,
There’s maoism, taoism, I Ching and chess.

I like Chinese,
I like Chinese,
I like their tiny little trees,
Their zen, their ping-pong, their yin and yang-eze.

I like Chinese thought,
The wisdom that Confucius taught,
If Darwin is anything to shout about,
The Chinese will survive us all without any doubt.

So, I like Chinese,
I like Chinese,
They only come up to you knees,
Yet they’re wise, and they’re witty, and they’re ready to please

Wo, I chumba run,
Wo, I chumba run,
Wo, I chumba run,
Ne hamma, Ne hamma, Ne hamma sa chen.

I like Chinese,
I like Chinese,
They’re food is guaranteed to please,
A fourteen, a seven, a nine and li-cheese

I like Chinese,
I like Chinese,
I like their tiny little trees,
Their zen, their ping-pong, their yin and yang-eze

I like Chinese,
I like Chinese,
(fade out….)