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Odo @ Santo Tirso

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Odo @ Santo Tirso, um álbum no Flickr.

Uma nova versão do Odo estará agora disponível em Santo Tirso, no contexto do projecto Viagens com Alma.

Esta nova versão foi reconstruída apenas em HTML5 e a interacção depende da manipulação dum teclado numérico. Vão lá experimentar e digam qualquer coisa.

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Aveiro Jovem Criador 2009

Foi hoje a sessão de entrega de prémios e a inauguração da mostra relativa ao concurso Aveiro Jovem Criador 2009. No ano passado, fui convidado a integrar o júri da área de Artes Digitais e a experiência teve os seus altos e baixos (o workshop de Pure Data proposto na altura não se chegou a realizar por falta de interessados, que acabaram por se reunir em Águeda, na d’Orfeu). Este ano, apesar de manter as minhas reservas quanto a concursos deste tipo que exigem anonimato, decidi experimentar o processo do lado dos concorrentes, por razões várias, que vão da oportunidade ao risco. Submeti ao júri uma instalação interactiva, a que dei o nome de Public Piano #0909, e que resultou da junção dum par de ideias que me interessava testar no contexto da criação das “Criaturas“: trata-se dum patch relativamente simples, em Pure Data + GEM que

  1. recolhe e analisa o som ambiente, convertendo-o em sinal MIDI, usado para tocar um piano sintetizado
  2. capta a imagem do público e espelha-a no monitor, alterando o espaço de cor e a opacidade de acordo com a frequência e amplitude do som ambiente

A instalação apresenta-se de forma simples, como uma mistura de jogo e setup performativo, com uma estante de música virada para o monitor-espelho, montado num plinto, à altura do olhar. O microfone está colocado de forma visível junto à estante e virado para o público e, sobre a estante e o plinto, vários objectos (um metrónomo, uma caixa de música de manivela, um martelo de São João, entre outros) complementam o desafio do jogo, impresso na superfície da estante:

Imagina que isto é um jogo. Ou imagina que é um instrumento musical: um piano para todos, tocado de qualquer maneira. Usa o teu corpo e a tua voz ou os objectos disponíveis. Experimenta novos objectos e, se quiseres e puderes, oferece novos objectos à instalação, depositando-os na estante ou no chão. Aqui não há intérpretes e audiência: todos somos tudo. Limita-te a participar.

O patch está programado de tal forma que a sensibilidade (a amplitude mínima para gerar reacção) e a espontaneidade (o tempo entre a acção no ambiente e a reacção do sistema) variam de forma pendular, algo aleatória entre valores pré-determinados, por forma a que, ao longo do tempo, as condições do jogo se vão alterando. Contribui também para essa ideia de imprevisibilidade o facto do som produzido pelo sistema integrar o próprio som ambiente e, assim, realimentar a cadeia de processamento— problema técnico que resolvi, aplicando uma operação de divisão da frequência e amplitude em cada ciclo, que dá origem a uma espécie de delay com pitch shifter ou arpeggiator e impede loops infinitos. A ideia é que, a cada momento, o som produzido possa ser imediatamente identificado como reacção a estímulos acústicos exteriores ou seja completamente imperceptível essa relação, dada a quantidade de material residual ainda em processo e que, na alternância entre esses dois estados, resulte um objecto orgânico e vivo. A imagem pretende apenas funcionar como espelho-simbólico, reagindo às condições acústicas, mas, acima de tudo, projectando a imagem do público-performer, confrontando-nos com a nossa actual condição de criadores obsessivos.
Ao criar esta peça não conhecia ainda o conceito do RjDj, mas, de certa forma, foi sobre ideias semelhantes e com as mesmas ferramentas que trabalhei. 😉

No processo de submissão da obra, juntamente com um registo vídeo pouco eficaz, em parte devido à limitação do anonimato que me obrigou a um registo muito parcial e limitado da instalação em uso, entreguei a seguinte Explicação de Processos e Argumentação:

Explicação de Processos
Public Piano #0909 é uma instalação intermédia que capta o som e a imagem produzidas no espaço expositivo e devolvem-nos, em forma híbrida de “piano de imitação” e “vídeo-espelho manipulado”. Usando o Pure Data e GEM, os parâmetros do som são analisados em tempo real e convertidos em sinal MIDI para accionar um piano sintético e, simultaneamente, para definir as alterações cromáticas no “vídeo-espelho”.
O público é, simultaneamente, performer.

Argumentação
Numa era de democratização dos meios de criação e produção artísticas e em que todos pretendemos ser mais do que meros espectadores-receptores, Public Piano #0909 apresenta-se como um resultado natural do encontro entre o video-jogo, o instrumento musical virtual e um espelho, símbolo do nosso crescente egoísmo. Se o aparato tecnológico remete para o universo das consolas, os objectos disponíveis convidam à experimentação e fruição acústicas.

O vídeo em causa, era este:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Wlq8rD9yYcw[/youtube]

O júri pediu para ser montada uma demonstração da instalação na Casa da Juventude, de acordo com sugestão da minha parte no momento da candidatura e em total respeito pelo regulamento e pelas normas relativas ao anonimato e teve, assim, acesso à montagem possível, dadas as limitações de espaço, tempo e recursos durante uma das suas reuniões.

A peça foi seleccionada para integrar a mostra, mas o júri decidiu não atribuir quaisquer prémios ou menções honrosas na área de Artes Digitais, na edição deste ano. A experiência de integrar o júri do ano passado ajuda-me a compreender a dificuldade destas decisões e a respeitá-las. Estivesse eu no lugar do júri e, provavelmente, não consideraria a minha peça digna de prémio ou menção honrosa, pela forma como foi apresentada e até por alguns aspectos da sua realização. Mas a experiência de preparar esta candidatura, este ano, mostrou-me de forma bem mais evidente, as fragilidades deste concurso, na área específica de Artes Digitais. Tenho pena que algumas das questões levantadas no ano passado não tenham ainda sido objecto de reflexão para o regulamento deste ano. Entristece-me saber que algumas obras interessantes foram desclassificadas, de novo, pelo problema da sua identificação e compreendi bem algumas dificuldades que se colocam aos concorrentes para apresentar as obras no seu melhor estado, sem as identificar. Espero que a regra do anonimato, que já não existe na área da Pintura, por exemplo, possa cair em todas as áreas. E, acima de tudo, espero que as limitações técnicas das obras a concurso na área de Artes Digitais sejam explicitadas com a clareza que se vê na Escultura, por exemplo (extraordinário o trabalho vencedor nesta categoria, já agora). Com uma descrição dos recursos técnicos disponíveis e das limitações existentes na mostra (projecção, computadores, monitores, sistemas de som, espaço expositivo, isolamento, iluminação) e a possibilidade de montagem prévia das obras, nos casos em que se justifique, para apreciação pelo júri, em local adequado e/ou com imposições claras relacionadas com a natureza da mostra, o trabalho dos concorrentes é facilitado. Eu, pessoalmente, arrependo-me de ter produzido sistematicamente versões e apresentações da proposta a pensar em eventuais limitações técnicas finais e usando apenas material que poderia ceder para a mostra (condição que acabou por se verificar), quando algumas experiências de montagem com mais meios me mostraram um objecto artístico muito mais bem conseguido, completo, compreensível, envolvente e impactante. Reduzi nos meios usados em função do que me parecia ser possível para a mostra e, com isso prejudiquei a “obra”. Mas a verdade é que a montagem final, na mostra, depende de facto do meu material e é uma versão “modesta”, na qual, entre outras coisas, os responsáveis pela organização não podem garantir som contínuo e/ou a alternativa de auscultadores que sugeri: na inauguração de hoje, por exemplo, várias pessoas pararam em frente à instalação, usando os objectos e esperando reacção que não existia, já que o som estava cortado, por causa duma intervenção musical a ocorrer no mesmo espaço.

Há muito caminho a fazer.
Pessoalmente, espero pegar neste objecto e apostar na versão mais ambiciosa, com meios mais capazes, quer em termos de captação de vídeo e áudio, quer em termos de difusão e ocupação de espaço. Espero encontrar o local e os parceiros necessários para, pelo menos, uma montagem e demonstração pública para efeitos de registo.

Entretanto, aconselho a visita à exposição, na Casa Municipal da Cultura Fernando Távora, aqui em Aveiro (em frente aos Paços do Concelho). Se o meu Public Piano #0909 estiver mudo, peçam a alguém para o ligar e avisem-me.

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(ainda que não o diga frequentemente) as tuas criaturas povoam os meus sonhos

Apresenta-se hoje, dia 5 de Novembro, quinta-feira, às 22h00, na Sala Estúdio do Teatro Aveirense, a minha mais recente criação, com o longo título

(ainda que não o diga frequentemente) as tuas criaturas povoam os meus sonhos

Esta obra resulta dum convite dirigido pelo Teatro Aveirense para que apresentasse uma nova criação no âmbito do CANT – Ciclo Arte e Novas Tecnologias e foi desenvolvida, na sua fase final, em residência, o que apresenta claras vantagens para um projecto desta natureza.
Este é um projecto muito mais “pessoal” do que qualquer outro que tenha realizado até agora, pelo que, por agora, falta-me um distanciamento mínimo para saber se resulta. Cabe ao público essa função, como sempre.

Imagem de divulgação das "criaturas"

Sinopse

Alguns dos sonhos mais extraordinários e marcantes são aqueles cuja verosimilhança nos deixa num estado confuso; sonhos que estão de tal forma contaminados de realidade e familiaridade que chegam a integrar as nossas memórias reais, até serem denunciados por um ou outro pormenor.

Nesses sonhos é frequente encontrar solução para problemas que nos afligem, ainda que ou a solução ou o problema pertençam, por vezes, apenas ao universo peculiar dos sonhos, faltando-lhes qualquer aplicação prática.

O poder sugestivo, quase hipnótico, da verosimilhança e da familiaridade cria também alguns dos mais intensos e assustadores pesadelos, mas nestes nota-se, com mais facilidade, que no universo dos sonhos estas sensações podem estar associadas não a elementos ou representações da realidade, mas apenas a sensações ou imagens que integram desde cedo um determinado vocabulário onírico. Elementos com os quais sonhamos frequentemente- sejam sensações, personagens ou imagens…- podem, paradoxalmente, deixar de denunciar a situação-sonho, já que se encontram no seu universo natural e, por isso, são verosímeis no contexto: verdadeiros porque completamente imaginados, como diria Boris Vian.

O que define a fronteira entre o sonho e a realidade e a forma como nos debatemos para a transgredir é o tema central da obra que se estreia no Teatro Aveirense: “(ainda que não o diga frequentemente) as tuas criaturas povoam os meus sonhos“, assim como uma pergunta recorrente: “tens mais medo do escuro ou do silêncio?“.

Som, imagem e palavras, situações e bandas sonoras e visuais recuperadas de fragmentos de sonho, pesadelo e realidade são apresentadas e propostas ao público num convite não à contemplação ou voyeurismo onírico, nem ao devaneio surrealista, mas como exercício colectivo de reconstrução das sensações individuais das viagens de e para o sonho.

Sobre o processo de criação:

A obra a apresentar intitula-se “(ainda que não o diga frequentemente) as tuas criaturas povoam os meus sonhos” e já teve duas apresentações como work-in-progress, em que explorei um trecho da obra que envolve processamento de saxofone baixo em tempo real associado a uma simples experiência de privação sensorial (a obra apresenta-se em escuro absoluto).

A experiência pretende explorar as sensações e os momentos em que o sonho se deixa contaminar pela realidade e nos faz acordar confusos pela aparente estranheza do que nos é(era) familiar. As motivações originais são os instrumentos que toco, uns familiares e outros muito estranhos e a forma como construo grande parte da minha música, por um lado e a relação que estabeleço entre isso e ilustrações que fazem parte do meu imaginário de criança.

O primeiro estudo-apresentação que mereceu esta designação e que iniciou o processo, apresentava-se assim:

Este estudo é a primeira apresentação (identificada como tal) dum work-in-progress, que conta já com alguns anos de existência / insistência: a procura e reprodução de sons sugeridos por criaturas nascidas em ilustrações familiares.
Essas criaturas, através dos novos instrumentos que “geraram” e das novas técnicas que me “ensinaram”, povoam a minha criação musical dos últimos 10 anos, sem exigir nada em troca. Ao preparar um momento de reconhecimento e retribuição, o plano de estudos prevê a apresentação pontual de algumas dessas criaturas, intercaladas com momentos de mais descoberta e diálogo.

Foi no Cinema Passos Manuel, no Porto, no contexto do Projecto Tell que propunha performances no escuro absoluto. Essa experiência foi bastante intensa, quer para mim quer para o público e decidi voltar a repetir esta forma de privação sensorial no AveiroSaxFest, em que fiz uma segunda apresentação, sem escuro absoluto, mas sem que a minha presença fosse visível, também.

Recrutei, entretanto, a colaboração da Cláudia Escaleira, para usar o desenho como instrumento narrativo.

Estes testes serviram para afinar algumas estratégias e, com o feedback de pessoas presentes (músicos e outros criadores, além de público), estou a desenvolver a estratégia global de cruzamento entre os instrumentos convencionais que toco e os que concebo e construo: a MeSA, o Contratear, o Munaciclo, etc.

Alguns destes instrumentos tiveram uma atenção particular em vários projectos e bandas sonoras, mas quero avançar particularmente no campo dos cruzamentos entre instrumentos e na construção duma experiência capaz de submergir completamente o público: som, vídeo, luz, etc.

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Schiu! – instalação

DSC00011.JPG, colocada no Flickr por joaomartins.

Estou particularmente orgulhoso com esta instalação do Visões Úteis, para a qual concebi a componente audiovisual. Ao trabalhar sobre material do qual não sou autor (a banda sonora do Albrecht Loops e o vídeo da Susana Paiva), e com o objectivo explícito de contaminar, mais do que ocupar, o espaço da Igreja do Grilos com o ambiente da peça e das histórias do Tonino Guerra, impus-me um desafio e acho que cumpri.
O carácter efémero da instalação (um dia apenas), apesar de ser um dado adquirido à partida, deixa-me um bocadinho frustrado. E fiquei com uma certa vontade de repetir a experiência.

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Schiu! – Instalação, na Igreja dos Grilos

Dia 18 de Abril assinala-se o Dia Internacional dos Monumentos e dos Sítios, este ano dedicado ao Património Religioso e Espaços Sagrados. Neste âmbito, e a convite da Diocese do Porto, o Visões Úteis apresenta em estreia absoluta a instalação SCHIU! na Igreja de São Lourenço (Igreja dos Grilos), no Porto (18 de Abril das 10h30 às 17h30).

Fotografia SchiuFotografia Schiu 2
Fotografia Schiu 3Fotografia Schiu 4

Em 2000 o Visões Úteis criou o espectáculo SCHIU!, para a Igreja de Nossa Senhora das Dores e São José, no Porto, a partir de “O Livro das Igrejas Abandonadas” de Tonino Guerra. Criamos agora uma instalação visual e sonora sobre os lugares da fé, a partir do material gerado por esse espectáculo. Esta instalação invade com as imagens, as histórias e os sons de SCHIU! um lugar de culto. Um local de fé.
As igrejas, como os teatros, são locais que celebram e preservam as ideias de memória e de comunidade. E são locais onde reinventamos a nossa identidade comum.

Ficha Artística
SCHIU! – Instalação
Direcção: Ana Vitorino, Carlos Costa e Catarina Martins
Espacialização, Edição e Montagem Audiovisual: João Martins
Realização Plástica: Ana Luena
Banda Sonora: Albrecht Loops
Vídeo: Susana Paiva
Textos: Tonino Guerra
Interpretação: Ana Vitorino, Carlos Costa, Catarina Martins e Pedro Carreira