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Culpar os gratuitos é fácil

Segundo esta notícia, os responsáveis dos jornais portugueses acham que os “jornais gratuitos provocaram a queda das vendas dos diários e semanários pagos”. Pois. Porque a pergunta foi essa, certo? Se a pergunta fosse construída à volta do fenómeno dos blog e da difusão de notícias online, seriam esses os responsáveis, suponho. Ou outra coisa qualquer que sirva como forma de “sacudir a água do capote” e sustentar decisões de gestão de recursos como o “aumento das rescisões contratuais”, a exigência de “multi-tasking” excessivo e a persistência na precariedade como condição para o trabalho na comunicação social.

Quem anda atento, sabe que os gratuitos são um fenómeno comum um pouco por todo o lado e que a melhor reacção é assumir que se tratam de campeonatos “à parte”. Há até gratuitos que são fomentados e partilham recursos dos pagos, certo?

Para isso, é preciso apostar na qualidade, no rigor, na diferença e na diversificação estratégica. E isso faz-se com investimento e com projecto.

Os gratuitos têm o seu lugar e a sua função. Se em Portugal o seu impacto é maior, a culpa não é deles: é da diminuição acentuada do poder de compra e de décadas de desinteresse face à leitura e à comunicação social.