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Visão imparcial ou apologia do fascismo?

Colecção A mais recente e muito mediática colecção que se distribui com o Correio da Manhã e com a Revista Sábado chama-se “Os Anos de Salazar” e tem-se apresentado como “uma visão imparcial“, usando frases como: “o que se contava e ocultava durante o Estado Novo“, mas também “nem bom, nem mau, incontornável” e outras pérolas do género.

Associado a esta campanha de lançamento, surgiu, um pouco por toda a parte, a imagem dum Salazar “estrela pop”, colorido, e a leitura conjunta dos cartazes e das campanhas de rádio não deixa grandes margens para se duvidar de que esta é uma clara manobra de reescrita da História, se não for mesmo um caso de apologia do fascismo. E, ainda por cima, com intuitos comerciais, para “capitalizar” a outra manobra recente de Os Grandes Portugueses.

Eu sou profundamente favorável à discussão livre, plural e desempoeirada dos vários aspectos da nossa História recente, mas não posso aceitar contributos que sendo claramente parciais, se disfarcem, anunciem e se façam vender como visões independentes e objectivas.

Sejamos claros: neste momento, parece estar em curso uma manobra imoral de apagamento da memória, onde se associa a falta de ética de quem quer ganhar dinheiro à fraca memória e resistência dos portugueses, a que comummente se chama “brandos costumes”.

E se alguém duvida da parcialidade da obra em causa, vejam a opinião de alguns salazaristas empedernidos:

Caros visitantes, hoje o Jornal “Correio da Manhã” juntamente com a Revista “Sábado” vai começar a editar a Colecção “Os Anos de Salazar”, que é um conjunto de 30 volumes que retratam o nosso país de 1926 a 1974 ou seja, desde a Revolução do 28 de Maio de 1926 até ao 25 de Abril de 1974. Aconselho vivamente a leitura destes livros aos meus caros visitantes, porque são livros importantisimos para conhecer este brilhante período da nossa história.

O primeiro volume saiu hoje e custa apenas 1 euro. No próximo dia 13 sairão dois volumes pelo preço de 7,95 euros+jornal ou revista. A partir do dia 20 sairá um volume apenas pelo preço de 7,95 euros+jornal. Se quiserem saber mais visitem o site http://www.correiodamanha.pt/ .

Desde já dou os meus parabéns aos organizadores desta iniciativa, pois estão a dar um cntributo importantissimo para a memória histórica do nosso país.

Francisco Pereira in Falangista Campense

Comprei hoje o 1º livro sobre os “anos de Salazar” com o “correio da manhã” e devo dizer que está bem organizado e rico em conteúdo acerca do nosso estadista. Parece que a sociedade quer saber a verdade sobre o Portugal do Prof.Dr. Oliveira Salazar e eu enquanto estudante universitário reconheço que Salazar anda na ordem do dia, ouve-se, fala-se,saem livros,mass media etc…Muitos livros da história e política portuguesa descrevem sempre o Estado Novo e a personagem chave (Salazar) baseando-se no anti-fascismo, pronto paciencia … mas podemos analisar o salazarismo em várias vertentes, sobretudo penso eu em termos de contexto histórico em que se deu o salazarismo no nosso pais…
Vejam o que vai acontecendo fora de Portugal, sobretudo em Cuba em que Fidel Castro saiu do poder após 49 anos de uma ditadura comunista em que a maioria da populaçao é miserável sem entrada nem saida…Salazar era anticomunista e conseguiu prever a queda do comunismo na Rússia e nos paises de leste, o mundo deve-lhe uma profunda homenagem a esse respeito que ainda há de vir….é só esperar….
Como já referiu o senhor A.Oliveira a doutrina comunista já provocou mais de 100 milhoes de pessoas a nivel mundial… ainda querem mais provas pelo que parece….!!!
O botinhas de Santa Comba Dão afinal tinha razão…
Eu propriamente dizendo, vejo Salazar como um génio a nivel de finanças que afinal foi a especialidade dele e tambem um grande governante como nunca houve em Portugal e não só…

Deus Pátria e Familia!

David Dias- Norte in Salazar – O Obreiro da Pátria

E não são estes tipos que me preocupam. Preocupam-me mais os promotores da suposta visão “imparcial” que tanto agradam a estes tipos. Preocupa-me é a possibilidade de com campanhas destas uma visão distorcida da História se sobrepor aos olhos da opinião pública a documentos sérios que têm sido já publicados. E a verdadeira dimensão do drama é que é possível, no limite, que o conteúdo real da colecção seja de qualidade (a lista de colaboradores inclui muitos nomes relevantes) mas, como somos mesmo “brandos”, arriscamo-nos a não chamar os “bois pelos nomes” até ser demasiado tarde. E o que fica, depois da poeira assentar, é a imagem desta campanha de marketing. “nem bom, nem mau, incontornável“…