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Lá se vai o chafariz, uma radionovela

Começa esta semana a transmissão da radionovela “Lá se vai o chafariz“, resultado duma oficina promovida pelo Centro Cultural Vila Flor, dirigida por mim e pela Manuela Ferreira (Teatro A Oficina). Foi um trabalho realizado entre 11 e 15 de Julho, com adolescentes, que definiram o tema, escreveram os episódios, fizeram gravações dos locais onde se passa a acção e deram voz aos diferentes personagens. Foi uma experiência intensa sobre a qual ainda hei-de escrever mais qualquer coisa. Mas gostava de vos convidar a sintonizar e ouvir.

  • Rádio Universitária do Minho (RUM): a emissão começa hoje (2ª feira, 8 de Agosto) nos seguintes horários: 9h20, 14h30 e 17h45. Posteriormente irão disponibilizar os conteúdos em podcast. É o indicativo deles que podem ouvir ali em baixo.
  • Rádio Santiago: A Radionovela vai ser emitida durante esta semana (2ª a 6ª) depois do informativo e bloco de publicidade das 21h00.

Posteriormente, também a Rádio Fundação irá emitir esta radionovela sobre um “chafariz perdido e uma comunidade em choque”. 😉

ACTUALIZAÇÃO: A Radionovela vai para o ar na Rádio Fundação de segunda, 22 de Agosto, até sexta-feira, 26.. Os episódios (1 por dia) passam nos seguintes horários: 08h15; 14h15; 16h15; 22h15; e madrugadas: 02h15 e 04h15.

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Ainda sobre o filtro de Vuvuzelas

Notícias recentes fazem saber que algumas televisões vão transmitir jogos do Mundial sem Vuvuzelas. O Meo prepara-se para oferecer essa opção e a BBC também a estuda. Obviamente não o farão com uma solução parecida com a que andámos a estudar (houve quem perguntasse).

Um fitro de Vuvuzelas, para os emissores de TV, é uma coisa relativamente elementar. Um filtro simples como o que desenvolvemos, aplicado exclusivamente ao som do estádio chegaria para atenuar a irritação, mas podem e devem usar filtros mais avançados, com análise em tempo real de padrões de ruído, como o Vuvux da Prosoniq, específico para Vuvuzelas (gratuito, mas exclusivo para Mac OS) ou o SoundSoapPro da Bias, por exemplo, que é usado para “limpar” registos sonoros ruidosos— desde vinis antigos e riscados a gravações ao ar livre com ruídos de fundo irritantes (motores, ares condicionados, vuvuzelas…). Estes softwares específicos para “limpeza” e/ou “restauro” incluem algoritmos que visam a protecção da voz e, apesar de não fazerem milagres, no caso das Vuvuzelas, a sua aplicação é relativamente elementar e os benefícios evidentes. Considerando que quem transmite tem a possibilidade de separar o som do estádio do som dos comentários e aplicar os filtros de forma doseada, só não se compreende porque é que tardaram tanto a tomar medidas, mas deram-me indicações que o relato da TSF já era relativamente livre de Vuvuzelas, por exemplo. Não tive oportunidade de confirmar.

Entretanto, para quem não tem acesso a emissões pré-filtradas, o filtro que desenvolvemos está disponível para ser usado e melhorado.

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O futuro da last.fm

Os utilizadores da last.fm e outras pessoas interessadas devem já saber das alterações ao serviço que foram anunciadas e saberão, eventualmente, que, por pressão popular, houve um adiamento.

Os leitores do blog saberão que eu sou um utilizador da last.fm (como ouvinte e como artista) e terão inclusivamente lido os artigos em que expunha o meu entusiasmo pela plataforma, como este. Por isso, talvez seja estranho eu demorar tanto tempo a reagir a esta alteração no funcionamento do serviço que mais me agrada (o rádio). A demora, ou hesitação, tem a ver com o reconhecimento da validade de alguns argumentos apresentados e com o facto de, para mim, o serviço prestado valer o dinheiro que agora vão começar a exigir. Mas da mesma forma que reconheço isso e não sendo defensor de que o que é gratuito é, por princípio, bom, e o que é pago é, por princípio, mau, não consigo aceitar a descriminação que significa todos os utilizadores passarem a ter que pagar pelo serviço, menos aqueles que estão em países onde o negócio publicitário é directamente rentável.

Do ponto de vista estritamente económico é evidente que percebo a argumentação, mas do ponto de vista comunitário (e a last.fm é uma plataforma de tipo social) é, simplesmente, absurdo.
Os utilizadores a quem se pede uma comparticipação directa estão em 2 tipos de países:

  1. países onde o mercado e panorama musical está de tal forma depauderado que não se podem gerar receitas significativas para financiar um projecto como este e que são, pelas mesmas razões, países onde o acesso à música que a last.fm representa tem um imenso valor para pessoas que não podem contribuir com estes 3 euros mensais
  2. países onde o mercado e panorama musicais têm força e expressão suficiente e onde vive gente que pode pagar sem grande dificuldade os 3 euros, mas que o terá que fazer apenas e só, porque os recursos da last.fm ainda não se conseguiram globalizar, de facto

Há, evidentemente, uma grande variedade de situações intermédias, mas estas duas situações são, para mim, bem evidentes e, claramente injustas. E não me parece que a plataforma possa fazer de conta que não é assim (o adiamento é sinal de que estão a ouvir): como plataforma social que é, a last.fm depende da comunidade global que usa os serviços, mas que também cria os conteúdos e manipula os mecanismos “editoriais”, se quisermos. E essa comunidade está-se a mexer. Esperemos que com resultados práticos.

Se assim não for, na qualidade de “utilizador-editor”, terei claramente que tomar uma atitude drástica, por muito que me custe.

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A Idade da Inocência

Quem não ouve TSF, ou não ouve a horas estranhas, talvez não conheça A Idade da Inocência. Eu, que só ouço rádio no carro, sou por vezes surpreendido por programas deste tipo, naquelas horas em que todas as rádios se parecem juntar na difícil tarefa de combater a insónia nacional. São programas de música para adormecer, essencialmente, pontuados a espaços com umas frases de significado aparentemente profundo, mas, na realidade, completamente vazias. Mas, depois de algumas breves experiências de audição estou convencido que estes programas devem constituir autênticos filões para músicos carenciados, já que, além de toda a música feita originalmente para adormecer, passam versões atrás de versões de músicas, cujo original já era muitas vezes meloso, mas não o suficiente, de tal forma que alguém decidiu fazer uma versão ainda mais melosa. Como se fosse um concurso. Hoje, por exemplo, ouvi um excerto duma versão inacreditavelmente melosa do já insuportavelmente meloso “How Deep Is Your Love“, dos incontornáveis Bee Gees. Para quê?

Mas o que me deixa ainda mais espantado é quando surgem versões melosas de músicas completamente despropositadas, como Eye of the Tiger, o tema dos filmes do Rocky, que ouvi hoje mesmo numa versão de adormecer brutos, em absoluto espanto. Nestes momentos, fico na dúvida sobre se A Idade da Inocência e programas similares não serão intervenções humorísticas ou mega-experiências psicológicas, para descobrir quão alienados do que se passa à nossa volta é que nós andamos.

Se vos interessa saber, eu, pelo menos, noto com espanto, estas agressões surrealistas. Às vezes dá-me para rir, outras para questionar se as pessoas responsáveis por estas coisas serão equilibradas e sãs.

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A magia da rádio

Não sou grande ouvinte de rádio. Ouço sobretudo no carro, como quase toda a gente, presumo, e acabo por procurar quase sempre notícias, sem grande esperança de encontrar nas playlists algum reflexo dos meus gostos musicais. Mas, regularmente, sou surpreendido e gosto muito da sensação. Quase sempre, as surpresas vêm das verdadeiras estações de serviço público: a privada TSF, na forma de reportagens, entrevistas ou crónicas fenomenais e a pública Antena 2 que, quase só em horários impróprios, oferece verdadeiras pérolas em programas “marginais”. Vem isto a propósito do Raízes de ontem, onde se ouviu canto gutural tuva e mongol, na voz mágica de Okna Tsahan Zam.

Não é fácil explicar a atracção que estas músicas exercem, essencialmente pela sua natureza mística e primária, mas a verdade é que passei uma boa parte da tarde de hoje a ouvir músicas deste universo. A referência mais evidente é Huun Huur Tu, o grupo de canto gutural tuva que esteve em Portugal em 2007. É deles este vídeo belíssimo:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=hGaTLs-GsFw[/youtube]

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Last.fm: o que a web devia ser…

Last.fm logoO título é um bocado exagerado, mas confesso que estou completamente rendido à Last.fm e quase “viciado” no conceito de “Internet Radio” que eles oferecem. Já tentei várias vezes explicar a pessoas que conheço como é e como funciona, mas quase nunca consigo transmitir claramente aquilo que me cativa. A verdade é que uma parte das pessoas não percebe e não perceberá, porque está demasiado habituada a formas de partilha e dowload ilegal de música e não encontra ali nada que não possa “sacar” de outros sítios sem peso na consciência.
Eu, não sendo nenhum santo, gosto da sensação de ouvir a música legalmente, não pelo medo ou pelo respeito pela indístria discográfica, mas porque me parece que aumento as possibilidades de não estar a desrespeitar a vontade dos autores, que é a única que me interessa. E na Last.fm, posso ouvir de tudo, como numa rádio, mas não posso descarregar todas as músicas (só as disponibilizadas pelos artistas ou editoras) e, nesse sentido é algo de muito próximo de estar a ouvir rádio real. Mas sem as desvantagens— não tenho anúncios, nem interrupções idiotas nem tenho que estar dependente da vontade dos programadores— e com muitas vantagens: desde a minha capacidade de modelar a programação através de tags, de relações entre artistas ou de gostos/recomendações da comunidade (isto uso pouco) até à possibilidade de ir ver o que estou a ouvir (neste momento ou há bocadinho) e encontrar informação adicional, gerada e gerida pela comunidade num modelo de wiki que funciona extraordinariamente bem.

Mas mais do que ser um valioso “upgrade” do conceito de rádio, a Last.fm surpreende-me pela extraordinária biblioteca disponível, que me oferece horas infindáveis de música de que gosto, alguma da qual desconhecia completamente, e em géneros musicais que não têm (quase) nenhum espaço na rádio tradicional (e não estou só a falar da minha música 😉 ).

Experimentem pedir à Last.fm para vos tocar artistas parecidos com Fred Frith, Derek Bailey, John Zorn… ou Charlie Parker e Ornette Coleman, ou Stravinsky, Ligeti, John Cage, Risset, ou… Black Sabbath… já perceberam a ideia ou terei que sugerir Nelly Furtado para perceberem como se fazem as rádios comerciais que alguns de nós têm que gramar no carro? 😉
Experimentem mesmo e verão que o mais extraordinário é o fluxo das escolhas e das relações entre músicas que se constrói quer por sugestão das editoras e dos artistas, quer pela análise dos hábitos de escuta da comunidade de utilizadores e, quase de certeza, além de música que queriam mesmo ouvir, irá surgir música que não sabiam que queriam ouvir, música da qual já se tinham esquecido, música que nunca pensaram arrumar naquela prateleira, música verdadeiramente nova… Tudo é possível.

Ou serei eu que tenho muita sorte?

Em jeito de graça narcisista, deixo-vos o link de uma “estação” que tenho sincronizado frequentemente. E até aqui surjem agradáveis surpresas. 😉

Nota: o destaque que dou ao serviço da rádio não pretende menorizar todas as outras valências altamente interessantes da Last.fm, da qual se destaca o calendário de eventos, mas a verdade é que é este o maior factor diferenciador da plataforma, na minha opinião.

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Na ordem do dia: um agradecimento ao Alexandre Alves Costa

 O Arquitecto Alexandre Alves Costa esteve ontem Na Ordem do Dia, o programa da TSF em que as diferentes ordens profissionais têm tempo de antena. Não é irrelevante que tenha estado em representação da Ordem dos Arquitectos, mas a intervenção que fez diz-nos respeito a todos e põe muitas coisa na ordem do dia.


A mim, marcou-me o dia e devolveu-me um sentimento de admiração pela classe dos arquitectos pela qual nutro uma complexa mistura de amor e ódio… uma paixão assolapada, de facto.

Acho que a audição desta breve intervenção faz bem à alma de toda a gente que se preocupa com a cidade (a do Porto, particularmente), com a cultura e com o exercício activo e enérgico da cidadania.

Obrigado, Alexandre. Muito obrigado.

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Gentlemen: tune your radios

Fanfarra Recreativa e Improvisada Colher de SopaA Fanfarra Recreativa e Improvisada Colher de Sopa – F.R.I.C.S. é, sem sombra de dúvida, um dos mais activos e interessantes projectos musicais em que estou envolvido neste momento e posso dizer, sem grandes reservas, que sou, além de fundador e participante activo, fã.

A nossa presença no MySpace tem o seu interesse e importância, dado o funcionamento actual destas redes de social networking até na marcação de concertos (!), mas sempre gostei mais da lógica da Last.fm como meio de promoção e partilha da música, por isso, é com grande alegria que anuncio que já se pode ouvir o álbum Abraço Vivo através das rádios da Last.fm. No renovado perfil dos F.R.I.C.S. também se pode aceder a vídeos de performances de rua e à lista completa das nossa actuações, com a possibilidade ver as fotografias de cada evento, numa integração Last.fm/Flickr, que me agrada particularmente.

Para quem já usa a Last.fm, fica feito o anúncio. Para quem não usa, fica a sugestão: é mesmo um outro nível de “rádio”.

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Pessoal e… transmissível

A TSF decidiu (e bem) retransmitir a conversa pessoal e transmissível do Carlos Vaz Marques com o matemático brasileiro Elon Lages Lima:

Elon Lages Lima, matemático
O que falta ao ensino da matemática não é pedagogia são os conhecimentos adequados por parte dos professores. O matemático brasileiro Elon Lages Lima garante que o problema é igual pelo mundo inteiro e defende, na entrevista ao fim da tarde, com Carlos Vaz Marques, que os professores também deviam ir a exame.

É de Junho de 2005, mas continua fundamental para quem não perceba a beleza da Matemática.

O site da TSF não é propriamente um bom exemplo de usabilidade e o feed do podcast não é muito explícito, por isso e para facilitar a pesquisa, deixo aqui o link do audio (enquanto estiver disponível do lado da TSF).