Extenuado, regresso a casa depois do último dos concertos do Space 2004.
Fomos a Braga, desta vez, dar à Velha-a-Branca uma amostra do que se faz neste millieu da música experimental/improvisada “anónima”*.
Mais uma colaboração com o Henrique Fernandes, desta vez com o Jorge Queijo na bateria.
Em 3 dias, eu e o Henrique t(r)ocámos música e ideias com o humor desconcertante do João Tiago nos corredores da RUC, com o poder desmesurado do Gustavo no Porto Rio e, hoje, com a subtileza versátil do Jorge Queijo.
Duns dias para os outros, foram-se afirmando as coisas que nos unem, as que nos separam e, mais importante do que isso, os motivos pelos quais ainda temos tanto para dizer uns aos outros, t(r)ocando músicas e ideias.
O peso imenso de toda a música feita (8 concertos em 5 semanas, sem nenhuma repetição de ensembles) serve só para nos mostrar a imensidão de música que ainda está por fazer.
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*perguntaram hoje qual era a “filosofia” do Space… entre uma agressão cartesiana e um desprezo socrático, pus-me a pensar que talvez seja no carácter “anónimo” dos músicos que reside a força do Space. A pergunta não me foi dirigida a mim, claro, mas arriscaria essa resposta: nenhum participante empresta um “nome” ao Space; limitamo-nos todos a fazer música, uns com os outros, no ambiente de experimentação que o contexto Space nos proporciona. Voltando aos princípios de tudo isto e ao que diziam os Ohmalone a propósito do que nos propomos a fazer:
A ideia é fazer música. Mais nada. Com o público presente. Tudo em tempo real.
A ideia é fazer música. Fazer mesmo. No momento. Neste, porque no seguinte será outra coisa.
A ideia é fazer música. Experimentando e improvisando. Que não é bem a mesma coisa.
A ideia é fazer música. Com esta (in)certeza só:
Which is more musical? A truck passing by a factory, or a truck passing by a music school? (John Cage)