A propósito de Conversas em família, um post no Esquerda Volver sobre o drama do prof. Marcelo e as baboseiras que a propósito disso se foram escrevendo— nomeadamente, sobre as subtis diferenças entre a pressão/censura estritamente política que tantas vezes se criticou nos órgãos de comunicação social públicos e que, nos privados, passam a vestir roupas elegantes, mas escorregadias—, tentei fazer um comentário que, pelo número de caracteres não foi aceite.
Fui censurado! 😉
O comentário era assim:
O drama maior, se assim lhe quisermos chamar, é que a mais vil forma de censura neste paradigma da “democracia-capitalista” em que nos vamos enterrando é precisamente a censura “económica”. O “delito de opinião” é, no contexto empresarial, uma realidade quotidiana, através do qual tantas pessoas são pressionadas a agir e pensar de acordo com a “linha justa”. O que é, senão uma forma de censura a definição do “homem SONAE”? O que são, senão formas de censura, os memorandos internos das empresas, que dizem aos seus quadros superiores e demais assalariados o que pensa a administração acerca de assuntos internos e externos relacionados com o seu funcionamento, estratégias e lugar no mercado?
Nas “sociedades avançadas” o que o Estado censura é uma gota no oceano da censura tremenda do mercado.
Ou nunca te sentiste censurado por não comprares o único perfume que te dá “individualidade”?
O carro que te oferece namoradas e amigos, com leitores de MP3s?E viva o “Fight Club”!
E, já agora, viva a “Orla do Bosque”, que vamos fazer em Bragança, na sexta-feira.
Um comentário a “Fight Club”
A propósito dos meios subterràneos que impelem os indivíduos a tomar esta ou aquela atitude, a ter este ou aquele carro ou perfume para ter namoradas ou sucesso, apercebi-me, há dias, de um drama que quase me passou ao lado nos tempos do liceu.
Em Portugal, como nos EUA (lembras-te do Beverly Hils 90210?), a miudagem sectariza os colegas pela roupa que vestem… a cena a que assisti tocou-me tanto que me pus a pensar que a estória dos uniformes não é despropositada de todo – acho que a individualidade ressaltaria mais justamente pelo mérito do trabalho ou da amizade do que nesta selva onde o capital continua a comprar consciências.
Bom, mas isto foi só um desabafo… longe de revivalismos que não são meus.