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Caos

Fotografia de pormenores de polvo congelado.

As borboletas batem as asas livremente, mesmo que saibam dos terramotos no Japão. As borboletas batem as asas porque não sabem o que poderia ser pior do que um terramoto no Japão. Nem querem descobrir. Dentro dos casulos, alimentando as mutações que as libertam, as larvas sonham com terramotos, o vento nas árvores, a migração dos povos e dos gafanhotos, a morte das estrelas e o “spin” das suas próprias partículas. Além e aquém da sua imprópria dimensão, as larvas sentem-se em consonância com o universo, percebem as mecânicas quântica e clássica, unificam-nas só pela graça de o fazerem e, no fim da sua própria mutação, esquecem tudo, absorvidas pela necessidade metafísica de baterem as asas e, nesse movimento, sustentarem o universo.
Na superfície da pele, temos o mapa dos universos. Na ondulação do cabelo, mapeamos o movimento das estrelas e das bactérias. O caos é a falta da escala e da dimensão que nos permitiria compreender a nossa própria loucura e divindade. O caos é isto aqui, entre os dedos, dentro da pele, espalhado pelas estrelas. É a ordem que não é nossa. A ordem da qual somos parte actuante.

ilustração de conceitos . deca-ua . nov.2003

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