O meu pai publica os seus desenhos numa série intitulada “desenho, logo existe”.
Os desenhos dele são tácteis, sente-se a textura e quase se ouve o aparo da caneta a raspar a superfície rugosa do papel kraft cortado à medida do seu bloco de notas.
Eu, como ele, perco quase todos os meus desenhos nas toalhas de cafés e restaurantes.
Mas eu sou menos sensível. Fico feliz com a ponta veloz da minha Bic preta a cruzar a superfície do papel. E estou suficientemente anestesiado digitalmente para me satisfazer com rabiscos feitos com uma caneta digitalizadora, como este: plástico sobre plástico, num encontro muito pouco sensual.
Mas, desenho, logo existe, não é?