A Cidade dos Diários foi tema da mais recente edição das conversas da PLATEIA – Associação de Profissionais da Artes Cénicas, que se realizam todas as segundas-feiras à tarde, na FNAC de S.ta Catarina.
O Visões Úteis já levou a estas conversas o Coma Profundo, o Contrabaixo e, agora, a Cidade dos Diários…
É pena que não se notem grandes alterações no funcionamento desta iniciativa desde a sua inauguração, mas é possível que esteja a dizer isso só porque só estive presente nestas três… mas não consigo combater a sensação de que, assim, estas conversas são demasiado internas.
É verdade que o modelo teórico funciona e que tem sido respeitado: os criadores apresentam o espectáculo, um elemento externo à criação e até às artes cénicas, faz uma leitura crítica, um moderador alinhava umas perguntas e ordena a conversa e abre-se um tempo para a participação do público… mas, no fundo, o evento parece nem sequer riscar a superfície do quotidiano do café FNAC. É verdade que durante a conversa não se servem cafés, por causa do barulho da máquina, mas fica a sensação que quem lá está (excluindo os amigos que vêm a todas) são passantes apanhados desprevenidos, que esperam ansiosamente que a conversa acabe para poderem usar as cadeiras que ficam sequestradas e há mesmo quem se retire quando percebe que o seu “café” vai ser interrompido por umas conversas doutros senhores.
As conversas parece que não conseguiram ainda entrar na “vida” da FNAC e, ao mesmo tempo, parece que não entraram sequer na “vida” da Plateia, a julgar pela representação da “classe”.
Uma destas duas coisas já deveria ter acontecido, sendo que a segunda era mais natural. Afinal, a Plateia não tem nenhuma outra iniciativa regular, pelo que estas conversas, apesar de se destinarem a apresentar e discutir com o público as propostas dos criadores, seriam óptimos locais de encontro para os associados.
Agora que se anuncia um interregno das conversas pode ser que haja tempo para pensar em tudo isto.