Suspeito que este post terá muitas partes…
Tenho sido confrontado várias vezes, desde que estou envolvido nesta coisa da campanha eleitoral com uma atitude tipicamente portuguesa que por vezes é difícil de desmontar: a lógica desresponsabilizante de achar que os políticos são os outros e que são todos iguais.
Desde a conversa de café, aos comentários e apartes que se vão ouvindo aqui e ali, nesta altura das eleições, sente-se muito essa divisão absolutamente virtual entre os políticos e as pessoas, o que à escala das eleições autárquicas, roça o caricato.
A verdade é que, nestas alturas ficamos claramente a ver (basta olhar para o número de candidat@s a Câmaras, Assembleias Municipais e de Freguesia) que políticos somos quase todos… a mobilização necessária, aliás, para este gesto democrático não se compadece com outro tipo de considerações.
Mas não podemos ignorar que uma parte significativa da população se sente diferente dos políticos e olha para essa/esta raça com uma desconfiança uniforme.
Não farei o discurso da “crise de regime”, mas sinto que esta é uma dificuldade civilizacional que teremos, mais cedo ou mais tarde, que ultrapassar.
Dito isto, torna-se relevante, ao mesmo tempo que procuramos diluir as fronteiras entre o exercício da política (como palavra feia) e o exercício da cidadania, tentar esclarecer algumas ideias sobre o que é que diferencia os vários discursos políticos.
Neste caso, uma espécie de “o que é que tem o Bloco, que é diferente dos outros?”
A necessidade de fazer esta reflexão assim, por escrito, tem a ver com a recente iniciativa do Navio de Espelhos, onde me soube muito bem estar evolvido num movimento com as características do Bloco. Tão bem, que vale a pena partilhar esta ideia de diferença, vista por um independente (que é o que sou) que se sente cada vez mais próximo do Bloco.
Ali, no ambiente do Navio de Espelhos tudo estava evidente:
A forma como participámos sem constrangimentos e sem qualquer receio de nos contradizermos e de discutirmos em público, construindo entre nós e com todos os presentes (outros políticos e demais cidadãos) as ideias com que se foi costurando aquela noite de discussão é o prolongamento natural da estrutura do Bloco e da forma como se construiu o nosso programa. E é a única forma de estar que se adequa às nossa convicções mais profundas de que a particpação cidadã é condição da democracia saudável.
Ser capaz e estar disponível para debater assim, abertamente, sem cerrar fileiras doutrinais à volta de líderes ou de “agendas paralelas” pode não ser monopólio do Bloco, mas não é, com toda a certeza, comum na vida político-partidária nacional.
Esta é a principal diferença que depois se reflecte um pouco em tudo. Porque com uma predisposição para o debate franco dentro e fora de portas, as gentes do Bloco não têm medo de ter opinião, nem de a mudar, quando confrontadas com a dos outros. Não estão presas a cumplicidades mesquinhas, mas são solidárias e generosas…
Acho que, mais do que qualquer outra coisa, é isso que vai dar votos ao Bloco em Aveiro: a vontade cidadã de escolher representantes que sejam, acima de tudo, veículos das vozes e vontades das comunidades. Sem populismo. Apenas com o compromisso sério de aumentar a exigência sobre tod@s na prática da cidadania.
O Fórum online que abrimos à participação de tod@s, desde antes da apresentação da candidatura, é um pequeno exemplo desta atitude de disponibilidade e abertura e, apesar de níveis de participação que ficam aquém da nossa vontade (ficariam sempre) é uma afirmação inequívoca da nossa diferença.
continua…
3 comentários a “A diferença do Bloco”
Como o Vaz não tem blog e você é o rosto visível do Bloco,deixe que lhe diga o seguinte: acabei de ver a sondagem do IPAM no Diário de Aveiro, que – a ser séria, o que dou por adquirido – mostra que, apesar de o Souto estar em vantagem, esta é pequena e está tudo em aberto para a presidência da CMA.
Há que parar para pensar. Não há a menor hipótese de o Vaz ser eleito. E se, por causa dos votos no Bloco, o Élio ganha a Câmara de Aveiro? É isto que queremos? Aveiro entregue ao PP/PSD? Os destinos de Aveiro entegues ao Élio Maia? Ao Ulisses Pereira?
Nas autárquicas, não há segunda volta nem rectificações do sentido de voto. Voto Souto. E vou fazer o que puder para evitar “desperdício” de votos no Vaz. Tenho a certeza que é a única coisa correcta a fazer…
Um abraço
Também me parece razoável.
Gosto do vAz da silva e do bloco essencialmente mas nao posso aceitar em consciencia que pessoas como a susana esteves ( que ate pensa que o voltaire é inglês) governem Aveiro.
A lógica do “voto útil” é uma lógica perniciosa e um bocado “bacoca”, desculpem-me os distintos anónimos.
Os votos que supostaente o Bloco “retira” ao PS, não são nem duma nem doutra força política. São das pessoas, que conscientemente farão as suas opções, que nos restará aceitar democraticamente.
Discutir questões tão sérias desta forma comezinha e calculista é desrespeitar os eleitores e o sistema democrático. E deixar que os partidos, em vez de fazerem o seu papel de mobilizarem com ideias e propostas, se afundem em exercícios contabilísticos degradantes.
Não é assim que encaramos a política.
E acreditamos na vantagem da pluralidade. Não é lirismo, é convicção.
E, desculpem-me que vos diga a todos: se o Élio ganhar, livrem-se de atirar as culpas para o Bloco. Assumam as responsabilidades da gestão deste executivo e a incapacidade do PS apresentar ideias sérias e mobilizadoras.
Nós fazemos o nosso trabalho. Era óptimo se o PS fizesse o seu… mas que havemos de fazer?