Dentro do Rivoli, no Porto, não estão apenas aqueles bravos que se recusaram a sair. Estão também todas as estruturas que com eles são solidárias. Estão as mais de 10 mil pessoas que se associaram ao movimento Juntos no Rivoli.
Os Lost Gorbachevs ontem à tarde foram animar as tropas na praça D. João I e sentimo-nos bem, na insignificância do nosso acto solidário.
Estamos cá fora, principalmente porque não nos deixam estar lá dentro. Da mesma forma que quem está lá dentro, está obrigado pela consciência de que desistir do Rivoli é muito mais do que desistir do teatro municipal do Porto (como se isso não fosse suficientemente grave). Desistir do Rivoli é desistir da defesa do bem público e da criação e fruição artística como parte integrante desse bem. E isso é também desistir da cidadania e de alguma humanidade.
O resto, no folclore dos actos perversos de mentes pequenas, fica bem como memória breve, instante peripatético de que nos havemos todos de rir, um dia. Ou não?