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Assim Não, parte 2

Acabei de ver os mais recentes vídeos da campanha do “Assim Não”, do Prof. Marcelo e estou, como calculam, chateado…
O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa insiste na total desonestidade intelectual.
Vire-se o discurso do Professor ao contrário e facilmente se vê que a verdade é que o SIM no referendo permite a despenalização que o Prof. Marcelo diz defender, enquanto o NÃO, que ele nos propõe, impede não só a alteração da lei proposta pelo PS, mas toda e qualquer outra alteração, incluindo as diversas variantes de despenalização ou suspensão de julgamentos de que ele fala e diz defender, que, além de não serem soluções para os problemas reais, não se apresentam como alternativas neste referendo. A verdade é que temos SIM e NÃO como opções e os requintes de malvadez que o Prof. Marcelo atribui ao SIM— com lobos esfaimados (o SIM “hard”?) disfarçados de inocentes ovelhinhas (o SIM “light”?), preparados para partir ao assalto da liberalização selvagem do aborto logo que o SIM ganhe—, vejo-os eu no NÃO, onde facínoras reaccionários, autoritários, chauvinistas e falsos moralistas, se disfarçam atrás de bem falantes marionetas, que a custo se disfarçam de humanistas e progressistas e acenam com promessas de virem a defender uma despenalização muito melhor que esta (ou outras coisas que ninguém sabe muito bem o que são), caso ganhe o NÃO.
E o Prof. Marcelo pergunta se podemos acreditar que os defensores do SIM, depois do referendo, farão as alterações à lei que forem consideradas razoáveis em vez de partirem para a selvagem liberalização… Acredito mais nisso do que nas boas intenções de quem defende o NÃO e parece prometer que, com a sua vitória, virá a terreiro defender estratégias de despenalização do aborto que, em boa verdade não se pode vir a dizer que tenham o apoio do povo português em caso de vitória do NÃO. Esse continua a ser o drama de Marcelo Rebelo de Sousa e do seu movimento: é que a ser sério (não acredito que seja), não nos diz, depois do “assim não”, o “então como”.
É que, com uma vitória do NÃO, é claríssimo, cristalino até, que não vai ser possível mexer nesta lei no sentido da despenalização sem novo referendo. O Prof. Marcelo pode dizer quantas vezes quiser que estamos a votar não só a pergunta, mas também o projecto de lei a que ela diz respeito. Mas não deixamos nunca de votar a pergunta.
Ou seja, se o SIM ganhar, ganha na resposta à pergunta e abre-se as portas à proposta de lei. Mas se o NÃO ganhar, ganha o NÃO à despenalização, independentemente da lei ou da forma da despenalização. E ficamos exactamente no mesmo sítio.
E é aí que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa nos quer, embrulhados no seu discurso paternalista e glicodoce de NÃO “light”, “moderno”… um NÃO que é quase um talvez, mas que, de facto, é apenas uma tentativa de passar um atestado de estupidez ao povo português.
Já mete nojo… assim não, senhor professor.
Vá pregar para outra freguesia.

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