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To BIM or not to BIM

Um destes dias assisti a uma apresentação do Revit Architecture 2008, promovida pela Siscad. Não sei bem em que qualidade é que assisti… uma mistura de ex-estudante de Arquitectura com parceiro “tecnológico” de arquitectos (uma arquitecta em particular), mas também consultor/formador nas áreas das tecnologias de informação, curioso e fã de longa data de soluções contrárias ao paradigma do AutoCad.

A apresentação interessou-me e a ferramenta é, de facto, aquilo que se vai dizendo que é: uma solução de CAD que não se traduz em Desenho Assistido por Computador, mas Projecto Assistido por Computador. É um pormenor que tem escapado a muitos e bons profissionais desta área, mas que é vital.

De facto, soluções como o Revit, o Archicad e outros sistemas BIM (Building Information Modeling), são completamente diferentes das soluções convencionais de Desenho Assistido por Computador, que se aproximam mais duma extensão digital do estirador e, nesse sentido não passam de auxiliares de desenho. As soluções BIM, por outro lado, são muito mais do que isso: apoiam o processo de concepção, informam o processo de tomada de decisão, acompanham o normal fluxo de trabalho, desde a “especulação” ao projecto de execução, gerindo a informação do modelo do edifício de forma inteligente. Não são características novas e exclusivas do Revit, como alguns “deslumbrados” gostam de pensar, mas são as bases de qualquer aplicação decente que se proponha a apoiar a actividade do Projecto, na minha opinião. Claro que a adopção de ferramentas deste tipo pressupõe a alteração ou adaptação de hábitos de trabalho, a sistematização de procedimentos e a criação de convenções e “standards”, pelo menos ao nível da equipa de projecto: é óbvio que se queremos explorar as possibilidades de permitir que a máquina produza os objectos comunicativos necessários a partir da informação que adicionamos ao modelo, temos que ter uma abordagem regrada e sistematizada dos processos de projecto e de representação. Nesse campo, temo que haja ainda um longo caminho a percorrer em muitos ateliers e em muitas cabeças. Mas a implementação sucessiva deste tipo de soluções parece-me uma inevitabilidade: entre a aceleração contínua em que estamos envolvidos e a complexidade crescente dos processos construtivos, não me parece que seja normal que os arquitectos continuem agarrados a ferramentas que não acrescentam nada à gestão da informação do projecto e sejam apenas auxiliares de desenho.

Que fique claro: o que para mim é mais relevante na abordagem BIM não se reduz ao chavão de “faz-se o modelo e depois ele faz os cortes e alçados automaticamente”. O que é relevente de facto e deve ser frisado é que o modelo não é um simples modelo físico a 3 dimensões: trata-se de um modelo complexo, referenciado, parametrizado, articulado com bases de dados que apoiam as tomadas de decisão e facilitam testes de soluções alternativas, alterações e actualizações numa única base (o modelo), a partir do qual a informação necessária nos vários momentos do projecto pode ser extraída nas várias formas relevantes: desenho técnico, maquete digital, tabelas de medições, mapas de vãos, etc.

Com todas estas funções, os programas como o Revit ou o Archicad não podem, de facto, ser comparados com o omnipresente AutoCad e creio que a principal dificuldade na afirmação e no crescimento destas soluções no nosso mercado reside precisamente no profundo desconhecimento das diferenças de base entre os 2 “paradigmas” que estas soluções representam.

Parte da culpa desse desconhecimento é atribuível às escolas de arquitectura, estou certo, já que, nos casos que conheço, confundem a transmissão de competências técnicas mínimas nas áreas do CAD e Desenho Técnico e a manipulação de ferramentas úteis à integração profissional com o ensino das questões do Desenho e Projecto Assistidos por Computador. Não discuto (agora) a utilidade de se receber uma formação básica em ferramentas populares de CAD durante a formação universitária, mas discuto certamente as opções cegas por uma única ferramenta, a reboque do mercado (o que é sempre perigoso), e o desleixo absoluto face às questões fundamentais e à diversidade das abordagens ao papel dos computadores e outras tecnologias no apoio à actividade de Projecto.

Mas há uma parte significativa dessa culpa que, ironicamente, tem que ser atribuída a quem tenta agora convencer os arquitectos a mudar de ferramentas informáticas e que insiste em aceitar os termos da discussão “Autocad versus BIM”. A verdade é que empresas como a Autodesk (e suas representantes ao longo do tempo) fizeram fortunas a vender a arquitectos incautos, soluções de apoio ao projecto de baixíssima eficácia sob o pretexto de que não havia alternativas,, já que toda a gente usava aquilo. As alternativas sempre existiram (ArrisCAD, Spirit, Archicad), mas a inexistência de “massa crítica” do lado dos arquitectos e o domínio da cultura do “desenho técnico” (que serve os interesses dos engenheiros civis, dos desenhadores e de tantos outros, mas não dos arquitectos), impediu essas soluções de se afirmarem claramente como soluções melhores e mais adequadas à tarefa de projectar, que não é exactamente a mesma coisa que desenhar.

A evolução natural de tudo isto levou-nos à situação caricata de assistirmos agora, com o aumento da massa crítica e uma inevitabilidade na transição para ferramentas mais inteligentes, serem os mesmos actores (empresas, comerciais, técnicos) a tentarem operar uma alteração no mercado das soluções informáticas, simulando a continuidade onde ela não existe: dando a entender que o BIM pode ser uma evolução do modelo convencional, com medo de assumir que se trata de facto da alternativa há muito adiada.

Para os arquitectos que querem apenas melhorar a sua capacidade de resposta, é confuso serem postos nesta situação de, aparentemente, terem que perder tempo de formação e testes e adaptações, para darem apenas mais um passo na evolução das ferramentas que usam. Isto porque não há muita gente que tenha a coragem de explicar que o que está em causa não é uma evolução, mas sim uma (pequena) revolução. Além disso, há muitos arquitectos “escaldados” com as “promessas” do ADT, que não percebem como é que, em tão pouco tempo, a mesma empresa lança 2 supostas “bombas” e “força” processos de transição.

Sobre os jogos da Autodesk e a forma como constrói um monopólio e exerce um poder ilegítimo sobre o sector, haveria muito a dizer, aliás…

O que me parece óbvio é que o BIM (seja através do Revit ou de outra coisa qualquer) é necessariamente o futuro do Projecto Assistido por Computador, mas não deixo de pensar se não seria melhor para toda a gente que houvesse clareza e frontalidade suficiente para que estas soluções fossem apresentadas “contra” o Autocad, aliadas entre si, assinalando claramente a ineficácia do modelo representado pelo Autocad na área do Projecto. Não seria fácil a todos aqueles que fizeram uma carreira a vender, promover e/ou dar formação em Autocad assumir agora a verdadeira dimensão do seu falhanço, mas talvez fosse mais produtivo para arquitectos e restantes parceiros no mundo da construção.

12 comentários a “To BIM or not to BIM”

Bom post. Parabéns.

Uma correcção: Na escola onde lecciono três semestres de T.I., no curso de arquitectura da Universidade Católica Portuguesa – http://www.arquitectura-ucp.pt – Não se gasta (perde) um segundo dos 5 anos de curriculo a ensinar CAD.

De tal modo, que nem o AutoCAD se encontra instalado nos computadores da Uni.
Para mim, ensinar os alunos de arquitectura a desenhar CAD sería como ensinar futuros médicos a varrer o chão: Pode ser útil, mas não faz sentido aprendê-lo na universidade (em detrimento de outras coisas bem mais interessantes).

Aliás, cursos de Autocad há aos pontapés.

Agora ensinar a integrar o B.I.M. na metodologia de projecto isso jé é outra conversa.

Utilizar o modelo BIM, desde o primeiro instante do projecto, em complemento, e eventualmente em substituição, de métodos mais clássicos, mais analógicos, como a maquetagem e o esquiço, isso já me parece matéria de investigação académica.

De qualquer modo, e mais uma vez, parabéns pelo post, e se quiser discutir coisas BIM pode sempre dar um pulinho ao meu Blog http://www.bimbalhices.blogspot.com

Bem,
bom post, apesar de achar descontextualizado!

É verdade que o Archicad já existe há tantos anos como o AutoCAD, mas a vedade é que nunca teve tanta implementação como o CAD.
O Archicad, apesar de ser BIM, nos primósdios tinha pouco mais que algumas ferramentas de objectos 3D. Por exemplo, conheço o ADT há já alguns anos (12, 13 anos) e a verdade é que foi descontinuidade pela antiguidade da tecnologia utilizada no AutoCad; apenas e só isso!

O mesmo aconteceu com o Archicad, mas com uma diferença: a Autodesk nessa altura apostou numa nova tecnologia e com muitas potencialidades (o Revit), enquanto que o Archicad teve necessidade de grandes revoluções e grandes alterações face à concorrência do grande Autodesk. Para isso teve que mudar quase na totalidade a forma de trabalhar, correndo o risco de que os utilizadores ainda hoje terem alguma dificuldade em trabalhar com as últimas versões (11)

Em relação ao curso de arquitectura referido em cima, é tudo muito bonito o facto de nãoe star instalado o autocad, mas a verdade é que depois esses novos arquitectos formados quando vão para o mercado de trabalho, precisam do AutoCad e não sabem trabalhar com ele, tendo necessidade de recorrer a formação (falo por experiencia própria, como arquitecto e como formador de AutoCAD/Revit). Sim, há muita formação de AutoCad; e porque não há de Archicad e/ou de Revit? Ainda assim encontro mais de Revit que Archicad…

Pergunto: não faria mais sentido na formação académica leccionarmos o software mais utilizado no desenvolvimento de projecto e deixar os outros para as tais formações? Não sou defensor desta ideia, pelo contrário! Adho que obrigatóriamente deveríamos leccionar AutoCad e uma alternativa (seja Revit ou ArchiCad ou outra solução).

No entanto, acho um post interessante de forma a discutir algumas ideias e conceitos de BIM.

Parabéns… Como arquitecto de profissão, este é um tema que me interessa seguir! Daí tentar-me manter actualizado com as novidades de Archicad e também da Bentley, mantendo-me fiel ao Revit, software verdadeiramente BIM (e, claro, da Autodesk)

Parabéns pelo post!
Sou professor universitário no Brasil. E realmente, ainda ensinamos o autocad ,mais para satisfazer uma ansiedade dos alunos, (em razão de ser muito utilizado no mercado) do que pelas potencialidades em se rediscutir possibilidades de concepção formal,organização e métodos para produção de projetos de arquitetura(que são oferecidos pela tecnologia BIM).
Vou participar mais deste seu blog.
Abraço

Completando o comentário acima:
em 1995 comecei a fazer uso destas tecnologias(AUTOCAD, versão Dos), em 1997/98, conheci o Archicad 4. Não concordo com o que disse. Pois da versão 4. para a versão 11(12 atualmente), todas as evoluções do Archicad eram complementares(testuras renderizadas do 5 para o 4) a retidada do plotmaker no 10 e publicações em PDF), ou seja, nunca tive dificuldade alguma em me adaptar as alterações que sempre, a meu ver eram lógias, eficaz, e inteligente.Quanto ao autocad sim, não podemos dizer o mesmo..várias alterações, mas continua desde sempre a exigir uma conduta de prancheta,(desenho de plantas, depois alçados,etc..)
Não se trata de competir(qual é melhor), mas apenas de corrigir um comentário que não procede.
Quanto ao comentário de que os alunos saem para o mercado e não poderão trabalhar com Autocad…espero que sim, e que mudem o perfil do mercado(essa é a função da universidade).Aconteceu aqui, em minha cidade. Fomos a primeira faculdade a fazer uso do Archicad, enqnato todo o mercado fazia uso do Autocad, e a Autodesk não se mobilizava em atender as universidades, oferecendo softwares gratuitos). Passados os anos,hoje, 80% do mercado faz uso do archicad. O que acontec? Meus alunos ao entrar no escritório, trabalhavam com o Autocad, mas motivavam o proprietário a conhecer ois métodos de trabalho do Archicad. Então,a migração era certa, mediante a avaliação de produtividade que o Arquiteto fazia.
E também concordo, que o Autocad, serve apenas a cultura do desenho técbico, e as universidades não tem a função de formar arquitetos para “servirem”, ao mercado, mas sim para melhorarem,modificar, essa sim a verdadeira vocação da universidade, e não o contrário!! Já imaginou, se uma faculdade de medicina resolve ensinar os alunos a rezar, porque em tribos mais primitivas ainda se faz cura assim?? Ou deve ser ensinado aos futuros médicos terapias mais eficazes, modernas???
Sobre este aspecto, também concordo, ensinar Autocad, nas faculdades de Arquitetura, é perda de tempo hoje, mediante a quantidade de novas tecnologias nais arrojadas. A não ser que se substitua o quadro negro para disciplinas de desenho geométrico,mas para “projetar”…Não o vejo como ferramenta eficaz e produtiva nas disciplinas de projeto. Muito mais rico o uso do sketchup, Archicad, Revit…

Pois é verdade,
não sei qual a realidade em todas as universidades, mas sei e tenho essa experiencia que a implementação de uma nova tecnologia com o conceito BIM são muito pouco bem recebidas nas universidades. Porquê? Porque temos lá “bons” professores que leccionam autocad desde que eu me lembro e não sentem necessidade de evoluir, ou seja, não sabendo trabalhar com estas tecnologias, seja ArchiCad ou Revit ou outro BIM, teriam que voltar a investir em estudos e em aprender um novo software!

No entanto, penso que isso será um “mal necessário” visto que a tendencia é deixar as técnicas de desenho de linhas sem desenharmos objectos!

Lembro-me deste processo de transição quando se deixou o estirador e as canetas da china para iniciarmos o processo de representação do projecto em AutoCad (no início haviam muitas pessoas que afirmavam fazer o projecto à mão mais rápido que em AutoCad; hoje em dia é impossível pensar-se assim).
Actualmente passar do processo de CAD para o BIM, os “problemas” são os mesmos…

Concordo com você. E pensando bem, os processos se repetem. No início, aqui no Brasil 1995, muitos arquitetos resistiam a novidade do autocad. Resistiam, esbrabejavam, pois tinham investido anos e anos no aperfeiçoamento de suas técnicas de desenho,já tinham construído um padrão de produção de pranchas, e de uma hora pra outra tudo se desmorona!Tenho percebido o mesmo processo com usuários do AutoCad.Insistem em não reconhecer que é uma tecnologia ultrapassada. Afinal foram anos de estudo,investimento em livros,trocas de blocos, etc..e o que fazer com todo este investimento agora? Continuar a desenhar enquanto Arquitetos fazem uso de outras tecnologias e “projetam”! Creio que é isso.Cad é pra desenho, e BIM, para projetos, Será que eles compreendem isso?
abraço.
Gostaria de convidá-los para participar de meu blog também, aliás faço citações de alguns colegas daqui, pois agradeço muito ter encontrado colegas inteligentes que dividem as mêsmas preocupações com relação as novas possibilidades de produção de arquitetura.
http://blogadriarchi.blogspot.com/

Outro ponto interessante que Décio tocou e gostaria de compartilhar com os colegas:
Aqui no Brasil, o conhecimento destas tecnologias, nas universidades, ficam a cargo dos professores destas áreas específicas(informática aplicada). Raras exceções, professores de outras áreas se aprofundam nestas questões(projeto,urbanismo,etc )muitos até evitam tecnologias.
Como isto ocorre por aí? Como podemos perceber, esta evolução de representação e concepção de projetos, não pode ficar restritas as disciplinas de informática, mas sim, deveriam ser discutidas e experimentadas em muitas outras disciplinas, principalmente Projeto. O que acham, e como é estão tratando isto em suas universidades?

Adriano,
aqui passa-se o mesmo! São poucos (penso que o Krippal é uma das excepções) os arquitectos que conheço que dão aulas de AutoCAD ou BIM nas faculdades e universidades.

Em Coimbra, no meu tempo, AutoCad era dado por uma professora de Matemática se não me falta a memória e hoje penso que é da área de Informática

Os supostos arquitectos das faculdades, os “vilhos do restelo”, apesar de alguns deles serem praticamente da minha idade, fogem a 7 pés das tecnologias pois, pensam eles, que essa parte do “trabalho de escravo” já nada tem a ver com o projecto propriamente dito!

Caro Décio. Creio ser importante esta discussão pois deságua em várias vertentes interessantes. E gostaria do parecer de vocês.
Em nossa universidade, existe uma postura bastante interessante a elaboração de sua grade curricular, “a interdisciplinaridade”, ou seja, uma integração horizontal das disciplinas. Por exemplo, ministro disciplinas da área de tecnologia, mas também estou nas disciplinas de projeto. Cuja intenção é fazer a ponte, o link, entre teoria, processos de produção de projeto e as novas tecnologias. Pois bem. O que percebo?E aí quero vosso parecer.
Acredito, de maneira clara e cristalina, que as novas tecnologias a serviço dos processos de concepção projetual, alteram sim, os resultados não só estéticos, funcionais dos projetos,como também vem alterando paradigmas seculares nos processos de produção projetual.
Para que me compreendam melhor, faço uso de uma analogia “o cinema”. Vejamos:
Antes de 1895, ou seja, muito antes da invenção do cinema pelos irmãos Lumiére, a “palavra” trafegava através dos tempos, ou seja, a produção literária era repassada de geração em geração através da escrita(mídia impressa), ou através da palavra(teatro).Homero, Platão, Aristóteles, atravessam os séculos chegando a nós, através de registros, de tecnologia da escrita (Lévy, Pierre. Tecnologias da inteligência.)
Pois bem com o advento do cinema (nova tecnologia de comunicação), criam-se novas possibilidades de linguagem, a linguagem cinematográfica, criando possibilidades antes inexistentes para a experimentação da “palavra”,ou seja,textos que só podem ser compreendidos e estruturados na linguagem cinematográfica(textura, escala, linguagem, etc).è neste ambiente proporcionado pelo cinema que afloram Frank Capra(A felicidade não se compra),Victor Fleming,Elia Kazan,Alfred Hitchcock, entre tantos outros que souberam compreender este novo ambiente, adequando textos as novas possibilidades, criando então inovações estéticas para a reprodução da idéia, da “palavra”, da mensagem.
Em síntese, um novo ambiente tecnológico recria novas possibilidades estéticas.O que dizer de Arquitetura?
Das tecnologias que ao longo dos tempos, estruturam e viabilizam a criação arquitetônica (Brunelleschi e o uso da maquete física, como ferramenta de estudos e elaboração projetual, a perspectiva da Renascença, a fotografia, até nossos dias a tecnologia CAD, Bim, etc.).
A abstrações estéticas de Zaha Hadid, não fizeram uso das novas tecnologias(enzimas),para que suas concepções formais estruturassem e resultassem em grandiosas edificações?
Portanto fica aqui minha dúvida.Se novas possibilidades estéticas e funcionais, são possíveis graças ao novo ambiente viabilizado pelas novas possibilidades de produção de arquitetura, mesmo a contragosto da velha guarda resistente!
E complementando meu raciocínio: É dentro das universidades que estas possibilidades podem ser incentivas, ou simplesmente mal compreendida como um “modismo”.Fico com a primeira opção, mas me entristece observar que muitos ainda hoje resistem às inovações tecnológicas, como ainda hoje crêem que o homem não chegou a lua!
Abraço…

Muito me agrada ver que um simples artigo de reflexão pessoal está a permitir desenvolvimentos tão mais aprofundados.
A minha experiência na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto tem já uns anos largos, mas na altura, apesar dos professores responsáveis pelas disciplinas de CAD serem Arquitectos, assistia-se a um grande divórcio entre a aplicação das Tecnologias e a prática do Projecto, por resistência óbvia dos professores de projecto à ideia de que as novas Tecnologias podiam ser algo mais do que complementos do estirador. Essa foi uma das grandes discussões que tive desde o início e uma das minhas grandes desilusões.
Com o tempo, creio que as coisas poderão mudar, mas não sei a que velocidade é que veremos isso acontecer. Até porque não existe verdadeiramente um estímulo (que eu saiba) à experimentação e investigação processual nessa Faculdade que é considerada de “referência”. Em vez de estar virada para o futuro, a “Escola de Arquitectura” do Porto, que influencia muito as práticas em todo o país, ocupa-se na perpetuação artificial de modelos e práticas reaccionárias, ainda que recentes.
É claro que isto é apenas a minha opinião, formada a partir da experiência que tive e das notícias que ainda vou recebendo através de amigos e colegas que se mantêm próximos da FAUP. Pode não corresponder já à realidade. Eu preferia estar completamente enganado e vir a saber que, afinal, a FAUP agora está virada para o futuro e se compromete com práticas de investigação e experimentação ao nível dos processos, das ferramentas, dos vocabulários… mas duvido.

Sim Joao,
também duvido que essa mudança já se tenha concretizado!

Realmente existe um fosso muito grande ainda a ultrapassar para que isso seja verdade e não consigo perceber o porquê de ainda nem ter sido iniciado esse processo, mas enfim, será um “mal” necessário!
Penso que isso deve-se ao desfasamento dos professores das novas tecnologias,pois são algo que não dominam sequer ao nível do conhecimento da sua existencia. Quem olha para os softwares BIM pensam à partida que são softwares caprichosos e que fazem de forma simples determinados procedimentos que em cad demoraríamos o dobro! Enquanto a mentalidade não for alterada, não passaremos da cepa torta!

O completo divórcio entre a maioria dos professores universitários dos cursos de arquitectura em Porugal e o BIM é uma feia realidade, que me causa calafrios sempre que penso no futuro da nossa profissão.

Duas questões se podem colocar:
1- Qual a consequência deste divórcio? A consequência é óbvia. Outros profissionais irão ocupar o nosso lugar. Numa economia de mercado, os vazios não duram muito tempo. Se os arquitectos não ocuparem este novo nicho profissional que se começa a desenhar, outros o farão. Nada que me afecte directamente, que tenho uma carteira de projectos estável e apenas mais 20 anos de vida produtiva pela frente, mas algo que vai impactar fortemente no futuro dos nossos alunos.

2- Porque é que os profs parecem não querer saber disto? Acho que a resposta já foi dada acima. Porque não vai afectar a sua vida profissional.

Pensam eles…

SIm,
acho que os principais problemas foram colocados pelo Arq. Miguel…

A mim também me causa calafrios essa dura realidade. Mas o problema é: como se resolve?

Acredito (ainda sou crente…) que os arquitectos vão abrir os olhos para esta “nova” realidade; provavelmente terão os mesmos problemas quando do aparecimento dos sistemas CAD.

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