Segundo esta notícia, os responsáveis dos jornais portugueses acham que os “jornais gratuitos provocaram a queda das vendas dos diários e semanários pagos”. Pois. Porque a pergunta foi essa, certo? Se a pergunta fosse construída à volta do fenómeno dos blog e da difusão de notícias online, seriam esses os responsáveis, suponho. Ou outra coisa qualquer que sirva como forma de “sacudir a água do capote” e sustentar decisões de gestão de recursos como o “aumento das rescisões contratuais”, a exigência de “multi-tasking” excessivo e a persistência na precariedade como condição para o trabalho na comunicação social.
Quem anda atento, sabe que os gratuitos são um fenómeno comum um pouco por todo o lado e que a melhor reacção é assumir que se tratam de campeonatos “à parte”. Há até gratuitos que são fomentados e partilham recursos dos pagos, certo?
Para isso, é preciso apostar na qualidade, no rigor, na diferença e na diversificação estratégica. E isso faz-se com investimento e com projecto.
Os gratuitos têm o seu lugar e a sua função. Se em Portugal o seu impacto é maior, a culpa não é deles: é da diminuição acentuada do poder de compra e de décadas de desinteresse face à leitura e à comunicação social.
2 comentários a “Culpar os gratuitos é fácil”
Concordo plenamente contigo..
Para mim há vários factores que justificam a quebra das vendas dos jornais..no entanto a justificação dos gratuitos não faz parte do meu leque de causas.
O preço dos jornais é alto – se formos a ver grande parte dos jornais chega quase a um euro, nem falando dos fins-de-semana.
Eu tenho um prazer de ler jornais muito grande.De manha gosto muito de ler o meu jornalinho. No entanto se for a gastar um euro por dia, sao mais de trinta euros por mes. Esta causa pode não ser muito simbólica. Mas por vezes acho um exagero o preço dos jornais quando deles pouco se tira para a nossa cultura. A maior parte das notícias não interessam.
Os gratuitos a mim não me enchem. No meu ver quando leio um, demoro 5 minutos e ponho o jornal de lado. São poucas páginas com pouca informação.
A quebra dos generalistas deve-se também à baixa do poder económico das pessoas. Não há dinheiro, muito menos para comprar jornais. Há televisão, e ainda melhor e pior, há a internet. Através dela, vamos ao site do jornal e vemos as notícias do dia.
A tendecia é que os jornais baixem as vendas, pois estamos num mundo cada vez mais sedentário.
Há muito jornais para poucas pessoas. Secalhar se houvesse menos concorrência, não havia tanta quebra.
Só de jornais, diários e semanais, temos: DN, JN, CM, Publico, Diabo, Crime, Expresso, Sol, Semanario Economico, Diario Economico, Jornal de Negocios, Vida Economica, O Jogo, A Bola, Record, 24 horas etc..Já para não falar dos regionais, mais isso é outra história que não tem muito a ver.
No entanto quantos foram os jornais que enumerei?
16.
Não será de mais?
Boa dia. Gostava que visse como se pode fazer informação gratuita em Portugal, há 8 anos. Muito antes dos ditos famosos jornais de referencia.Temos 15.000 exemplares nas 49 freguesias do concelho de Vil Nova de Famalicão e com distribuição porta a porta (e não postos de levantamento).http://pt.wikipedia.org/wiki/Imprensa_gratuita