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Perfeitamente (a)normal

Ouvi a notícia do acidente no Centro Comercial Dolce Vita de Vila Real na TSF e ouvi, com algum espanto, um responsável do Conselho de Administração dizer que tudo tinha sido normal e que estavam satisfeitos porque o sistema de detecção e combate a incêndios tinha funcionado como seria de esperar. Vi mais pormenores na notícia do Público e fiquei ainda mais admirado. De facto, é perfeitamente normal que um sistema de detecção de incêndios detecte um pequeno fogo no exterior do Centro Comercial, caso o fumo chegue lá dentro, como foi o caso. É também normal, em determinadas circunstâncias —quanto fumo, temperatura, o padrão de distribuição do fumo— que os aspersores (todos ou alguns, dependendo das tais circunstâncias) se liguem para combater o eventual incêndio logo no início. Se assim não fosse, um acidente doutra natureza, como um fogo de grandes dimensões seria difícil ou impossível de evitar.

O que já não é nada perfeitamente normal é que um pequeno fogo no exterior, por muito fumo que tenha produzido e transportado para o interior do parque de estacionamento, despolete aspersores em zonas de acesso ao dito parque e que a água desses aspersores ensope o material dos tectos falsos, fazendo-os desabar e provoque, desta maneira, um ferido. Achar que esta é a resposta normal dum sistema de detecção e combate a incêndios e que não há nada de anormal no desabamento dum tecto falso provocado pelo dito sistema é, no mínimo, insultuoso da inteligência geral e, em particular, insultuoso para a vítima que, deste ponto de vista, apanhou com umas placas de gesso cartonado em cima por questões perfeitamente normais relacionadas com o funcionamento dum sistema de segurança.

É a gozar?

Um comentário a “Perfeitamente (a)normal”

Realmente, é estranho o desabamento. De acordo com uma testemunha, instantes após a “chuva” de água dos aspersores, aconteceu o desabamento. Com isto, se fosse cliente, questionava seriamente as condições de segurança de todo o edifício e a qualidade dos materiais usados na construção – e tão depressa não punha lá os pés.

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