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O meu tio Délio

Quando eu era uma criança, o meu tio Délio conduzia camiões TIR por essa Europa fora e, por vezes, à ida ou no regresso, parava à nossa porta para dizer “olá”. O enorme camião, donde saía o meu tio, pequeno como toda a família e fácil de reconhecer por todos, dada a semelhança com o meu pai, causava um forte impacto em todos os colegas de brincadeira, na rua. Imagino que mesmo na era das Playstations, os grandes camiões entusiasmem crianças pequenas, mas não sei se ainda podem estacionar em zonas residenciais, como fazia o meu tio Délio.

E, quando já tinha idade para isso, passei uns dias de Agosto com ele, a assistir (mais do que participar), com os meus primos e a minha tia, ao “passatempo” de férias, na Vagueira: uma campanha de pesca artesanal, arte xávega feita de sangue, suor e lágrimas, de homens nos barcos, mulheres nas praias e bois e tractores a puxarem as redes para terra.
Desde esses tempos que guardo dele uma imagem “heróica”, construída com tanta realidade como ficção (como todas as memórias de infância) e é essa a imagem que tenciono guardar.

Como não gosto de despedidas, roubo as palavras ao meu pai: até já, tio Délio.

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