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O percibo

Toda a gente sabe que os umbigos são grandes apreciadores de cotão. O que nem toda a gente sabe é que, às vezes, nem os mais gulosos dos umbigos conseguem comer todo o cotão que encontram.
Foi precisamente numa altura em que um umbigo com mais olhos que barriga se deparou com uma montanha de cotão— tão grande que o deixou em sérios apuros—, que um bando de percibos apareceu em seu auxílio.
Agora estamos habituados a ver percibos e umbigos sempre juntos, os primeiros a alimentarem-se calmamente das sobras dos primeiros, mas até esse episódio inaugural, os bandos de percibos eram conhecidos apenas por andarem assim, em bando, e estarem sempre disponíveis para ajudar criaturas maiores: umbigos, tornigos, comigos…
Desde esse dia, de grande aflição para o umbigo em causa, a preciosa ajuda dos percibos passou a ser habitual. Tão habitual como a impaciência dos tornigos, a sonolência dos comigos e, claro está, a gula dos umbigos.

A história dos percibos e da sua relação com umbigos, tornigos e comigos está em construção entre mim e a Maria. Além do primeiro encontro de percibos e comigos, já testámos uma história de um percibo que estava sozinho e triste. Fica para a próxima.

Percibo, a palavra, é uma forma possível de conjugar o verbo perceber. Eu, pelo menos, consigo perceber a lógica. Percebido?

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Space Ensemble apresenta ALGORÍTMICO

Space Ensemble @ Casa da Música | Sala de Ensaio 1
27 a 30 de Outubro 2009 | 11h00 e 14h30
(sessões reservadas a escolas)
31 de Outubro 2009 | 11h00 e 16h00

ALGORÍTMICO – Música e Matemática
um novo programa do Space Ensemble

[…] Nenhum matemático devia alguma vez esquecer que a matemática, mais do que qualquer outra arte ou ciência, é um jogo juvenil.
G. H. Hardy (1877-1947)

O Space Ensemble encara o desafio de construir um programa de filmes-concerto relacionando Música e Matemática com naturalidade e entusiasmo. Frequentemente referidas como linguagens universais, a relação entre Música e Matemática parece ser uma fonte inesgotável de descoberta e inspiração e o Space Ensemble escolhe uma perspectiva bastante particular:

  • a Música, nosso território “nativo”, é uma linguagem universal por ser, com o movimento, condição prévia de comunicação, socialização e, assim, humanidade— une todos os seres humanos no que há de mais elementar e instintivo;
  • a Matemática, base do conhecimento, como ciência e aprendizagem, é também universal, por operar como uma poderosa ferramenta de modelação e manipulação da realidade (esta e todas as outras) e, assim, se constituir também como mecanismo de tradução e conversão entre virtualmente todos os domínios humanos— congrega e articula todas as formas de conhecimento e criação.

Assim, mais do que relacionar Música e Matemática, procuramos usar a universalidade da expressão musical como forma de ilustrar a extraordinária potência da ciência matemática na construção de relações: construímos música a partir de números, em jogos com o público ou com filmes, musicamos as composições geométricas animadas de Norman McClaren e René Jodoin e invertemos o processo, criando novas animações, que traduzem, em tempo real, a música produzida.

AlgoRítmico é um jogo juvenil, como a própria Matemática, segundo Hardy. Um jogo de sons e imagens, com regras matemáticas, como o mundo.

História de Palavras

Algoritmo e Algarismo têm a mesma origem etimológica: al-Khuwarizmi era um matemático árabe do séc. IX e não é comum que palavras tão importantes e de uso científico tenham origem no nome duma pessoa.

Na origem da palavra algoritmo também participa o grego para número: arithmós (donde vem a Aritmética).

Arithmós é número, em grego, e significa número e quantidade e Rhuthmós é ritmo, em grego, e significa medida, cadência e ritmo.
Portanto, o rhuthmós, a medida, pode ser representada por arithmós, quantidades. Giro, não é?

Daqui, temos a Aritmética, o Algarismo, o Algoritmo, o Ritmo e…

Matemática vem também do grego mathematikê ou mathêmatikós, que junta máthêma ou mathêmatos (estudo, ciência, conhecimento), que vem de manthánô (estudar, aprender), com -ica, um sufixo grego especialmente usado no domínio das artes, ciências, técnicas, doutrinas e afins, fazendo da Matemática a ciência fundamental, por se construir com base etimológica na própria ideia da aprendizagem e construção do conhecimento.

Se pensarmos que a Música (mosoikê) é, etimologicamente, também, a Arte das Musas, ou seja a Arte das Artes… temos uma espécie de “ciclo virtuoso“, em vez de “ciclo vicioso“.

Isto tudo dá o quê? Dá AlgoRítmico.

Space Ensemble: Sérgio Bastos (piano), Henrique Fernandes (contrabaixo), João Tiago Fernandes (percussão), Nuno Ferros (electrónicas), João Martins (saxofones), Eleonor Picas (harpa).

Programação Pure Data [pd~]: João Martins
Ilustrações: João Tiago Fernandes

Filmes de René Jodoin e Norman McClaren cedidos pelo National Film Board (Canadá).
Produção do Serviço Educativo da Casa da Música.

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Jogos de Tabuleiro

Tenho um amigo músico que é “viciado” em jogos. É “maluco” por RPGs, principalmente, mas experimenta todo o tipo de jogos (incluindo musicais) e tem uma energia imensa para partilhar essa “paixão”. À conta disso e duma vontade “familiar” de mudar hábitos que cada vez mais passam por monitores de computadores ou televisões, consolas e outras tretas, um pouco por todas as idades, juntei-me ao João Tiago, frequentando, de forma bastante irregular, sessões de jogos de tabuleiro e RPGs com a malta do JogoEu. Joguei com eles, umas sessões de D&D e uma sessão de Imperial.
Carcassonne, o jogoPercebi, com uma ou duas sessões, que há qualquer coisa de muito relaxante nos jogos de tabuleiro e dificilmente emulável por outras práticas lúdicas e gostava de conseguir trazer isso dentro de algumas rotinas familiares. Foi por isso que oferecemos o Carcassonne a um sobrinho e, para aprendermos, fizemos umas sessões com o jogo emprestado do João Tiago (obrigado).

Aspecto dum tabuleiro de CarcassonneÀ parte puramente lúdica, que não se deve racionalizar demasiado para não “estragar”, o Carcassonne é uma mistura muito interessante de estratégia, topologia e cartografia: o tabuleiro constrói-se enquanto se joga e assim se forma o território que se vai gerindo e ocupando em operações que, sendo simples, permitem que cada sessão seja sempre diferente.

Tem ainda a vantagem de ser um jogo com uma duração mais ou menos pré-determinada que é razoável (cerca de 45 minutos) e conseguimos, entretanto, encontrar uma forma de jogar com crianças abaixo dos 8 anos (a idade mínima recomendada), com uma simplificação das regras, o que nos permite jogar com mais sobrinhos. 😉

Há muitas sugestões de jogos no JogoEu e vamos tentar experimentar algumas por cá, mas, acima de tudo, estou convencido que a prática de jogos de tabuleiro e outros tipos de jogo são óptimas formas de encontrar escapes às rotinas muitas vezes involuntárias que passam pelo prolongamento desnecessário das horas em frente ao computador/estação de trabalho e a sua substituição acrítica por formas de entretenimento que envolvem mais monitores.

Não é muito “fashion”, bem sei, mas que se lixe.

E vocês? Quando foi a última vez que passaram umas horas em frente a um tabuleiro de Monopólio, de Xadrez, de Damas, Risco… ou com um baralho de cartas? ou…