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Esta rua não é só um número, apresentação

“Esta rua não é só um número” é uma peça de arte sonora comunitária: um esforço colaborativo para desenhar um mapa que se ouve, uma cartografia sonora.
Em oficinas com crianças, adultos e séniores, (re)aprendemos a ouvir com todos os sentidos e também com a memória, para procurarmos as paisagens sonoras, os eventos e os estados de espírito que constroem a identidade do lugar.
Estas paisagens incorporam registos mais objectivos, como gravações de campo, entrevistas e testemunhos, registos mais subjectivos, como as interpretações musicais de locais ou eventos e materiais híbridos, construídos a partir da manipulação dos registos.
Partilhámos mapas feitos de locais e percursos habituais, preferidos e imaginários e a a sobreposição destes mapas (re)constrói uma cidade que podemos ouvir, em fragmentos, distribuídos pelos diversos pontos de difusão da peça.
Nesta difusão fragmentada, há elementos comuns, estruturais e há grupos temáticos, que constituem a identidade específica de cada um dos locais de difusão. Mas há também excertos de percursos e narrativas que têm continuidade noutro local e que convidam à circulação e ao jogo de encaixar peças de um puzzle sempre incompleto.
Em cada um dos locais de difusão coexistem materiais diversos: ambientes públicos em difusão geral, testemunhos pessoais, em micro-altifalantes e materiais que exigem uma escuta mais atenta, em auscultadores.

“A casa”

Na Casa Alves Ribeiro, no espaço protegido das garrafeiras, sentamo-nos e pensamos na dimensão pessoal e íntima da cidade. Falamos sobre as suas fronteiras e sobre a relação com o exterior. Ouvimos confidências. Confrontamo-nos com o passado da vila e com o seu crescimento.
Estamos protegidos.

“O corredor”

No famoso corredor da Aipal, recriamos fragmentos dos circuitos familiares nocturnos da cidade de Espinho e pensamos na sua história. Pensamos no “picadeiro” e na Avenida 8 e, aproveitando a forma característica do espaço, reflectimos também aqui sobre a relação de Espinho com o comboio, ao longo do tempo.
Estamos de passagem.

“A pesca”

A cafetaria Conde Ferreira, instala-se no edifício da Junta de Freguesia de Espinho, que é também posto de turismo, e convida-nos a desfrutar da esplanada. Entre estes interiores e exteriores acompanhamos fragmentos do ciclo da pesca. Ouvimos o mar e as redes e pensamos nas origens piscatórias do lugar. E, já que aqui estamos, deixamos a praia entrar mais um pouco.
Estamos ao sol.

“A feira”

Em toda a sua calma, a casa de chá 20 Intensus, fica bem perto do centro da maior agitação da cidade. Pensamos na feira de Espinho e no ritmo semanal que impõe. Comparamos o seu funcionamento com a natureza do espaço que ocupa e visitamos a feira, mas visitamos também o vazio criado pela sua ausência.
Estamos só a ver.

“A circulação”

A posição da Perles de Chocolat, na Rua 23, permite-nos observar o sobe-e-desce da cidade, no seu ritmo constante de actividades complexas. Reconstruímos os ritmos diversos e as funções que fazem a vida da cidade. Pensamos nos locais de trabalho e nos locais de lazer. Na circulação.
Estamos a fazer uma pausa.