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À beira do abismo

Lembram-se dum jogador de futebol que, a propósito duma boa performance da sua equipa numa situação particularmente difícil, disse, com profundidade poética “estivemos a beira do abismo mas soubemos dar o passo em frente”? 😉

Foi mais ou menos isso que fiz a propósito das minhas angústias e inquietações com as plataformas de social networking. Numa atitude de “coragem, audácia e total desprezo pela vida”— o verdadeiro espírito dum casamento, segundo um outro “poeta”— registei-me em todas as que me lembrei com a secreta esperança de encontrar um procedimento de “avaliação comparativa” que me seja útil e, eventualmente, venha a ser útil a outros.

Resumo:

  • MySpace – estou registado como músico, tenho conteúdos específicos disponibilizados— música e calendário de eventos— e mais de 400 ligações já estabelecidas (“amigos”). É a mais “eficaz” e dinâmica, “socialmente”, em parte porque é onde estão presentes algumas das minhas ligações óbvias (outros projectos musicais). Tem um código de susto, permite integrar vídeos do YouTube, fotos do Flickr (estou a usar o Slide.com para isso) e tabelas da Last.fm, mas não importa o feed do blog, nem calendários externos…
  • Virbº – estou registado como músico, tenho conteúdos específicos disponibilizados — música e calendário de eventos—, mas só tenho 22 ligações estabelecidas (“amigos”). Consigo ter como blog o conteúdo que está aqui e as fotos do Flickr, através dos feeds. Os vídeos do YouTube vão lá parar “manualmente” e as tabelas da Last.fm também devem poder ir lá parar assim. O código é mais limpo e o aspecto base é muito melhor que o MySpace. Acima de tudo não parece ser frequentado pelo mesmo tipo de gente. É mais cool. Demasiado?
  • hi5 – estou registado como utilizador regular, porque só depois é que percebi que também há registos específicos para “bandas”. Não tenho conteúdos específicos. Tenho fotos do Flickr introduzidos por intermédio do Slide.com e tenho 18 ligações (“amigos”) feitas em tempo recorde. Pelos dados disponíveis no Alexa é a rede mais usada em Portugal, mas parece demasiado orientada para o engate adolescente. Posso ficar com essa sensação por estar registado como músico nas outras redes…
  • orkut – registei-me ontem depois de ver que, de acordo com o Alexa, é uma rede mais usada que o MySpace, em Portugal. Parece tudo extraordinariamente fraco, para um serviço afiliado do Google, mas consegue-se pôr lá todo o tipo de feeds e tem integração com os vídeos do YouTube. Espero não ser mal interpretado, mas parece uma rede feita por e para brasileiros… até nas comunidades em inglês ou nas comunidades regionais portuguesas a presença de brasileiros é avassaladora… não percebo bem o funcionamento desta rede e nem sequer sei explicar como é que posso ser encontrado… Não tenho ligações nenhumas e uma das minhas expectativas é perceber como é que elas vão aparecer (o processo básico de submeter endereços dos meus serviços webmail não resultou em nada, ou seja, aparentemente não conheço ninguém que use o orkut)
  • Multiply – acabei por me registar e tive algumas agradáveis supresas na integração de conteúdos: vai buscar fotos ao Flickr e vídeos ao YouTube, por exemplo. Só é pena que importe os conteúdos em vez de usar os feeds, o que faz com que as actualizações não sejam automáticas e que, relativamente aos blogs, não esteja preparado para vir buscar conteúdos aos WordPress. Tenho 1 ligação (“amigo”) que é a pessoa que me convidou para lá ir e despoletou isto tudo. Pelos processos sugeridos não encontrei outros amigos ou conhecidos nesta rede. Não percebo bem o mecanismo de partilha de playlists de música, porque não parece ser necessário ser autor das músicas para as colocar lá…
  • Facebook – uma rede já orientada segundo alguns dos princípios mais inteligentes de concentrar o “core” na criação e manutenção da rede de ligações, deixando os conteúdos e coisas restantes para “widgets” externos a que chamam “apps” e que, entre outras coisas, me permitiram colocar no perfil fotografias do Flickr, através do Slide.com e as tabelas da Last.fm. O código parece bom e moderno, o aspecto é o que se esperaria duma aplicação web moderna. Ligações ainda não tenho e aí é que a lógica do Facebook falha, parece-me. Se o princípio é replicar on-line as redes de contactos físicos, o objectivo é conseguido, já que as formas de associação são a proximidade regional ou a partilha de estabelecimentos de ensino ou locais de trabalho. O problema é que, na minha opinião, as redes com maior potencial são as que se baseiam na partilha de interesses e não de locais. Usar a web para coordenar a minha vida social “física” não me interessa muito. Mas descobrir pessoas à escala global que partilham interesses de “nicho”… isso a Last.fm e até o MySpace já me mostraram que tem algum interesse.

Um das formas óbvias de perceber o que é que resulta ou não, além do funcionamento estrito e das possibilidades oferecidas é analisar a dinâmica “social” da coisa. Afinal de contas, são redes sociais.

Uma primeira análise mostra-me que, no meu caso específico, será difícil surgir alguma coisa que possa tomar o lugar do MySpace, por muito que me custe. Só o hi5 parece ter um universo de utilizadores  e uma dinâmica comparável.
Assim sendo, espero que eles decidam cooperar com os esforços de integração propostos pelo Brad Fitz.

Mas a “minha” rede de eleição é, cada vez mais a Last.fm, por se basear na simples partilha de gostos musicais, que no meu caso, é central na “avaliação social” que faço das pessoas. Entre isso e a funcionalidade de Internet Radio… fico rendido.

Mas vou, apesar de tudo, tentar encontrar outros indicadores de desempenho das redes. Um que é fácil de implementar, mas não tão fácil de acompanhar é a eficácia de cada plataforma como mecanismo de divulgação, por exemplo, dos discos de Ohmalone à venda na iTunes Music Store (ainda está só o primeiro).

Só preciso de encontrar uma forma de publicitá-los da mesma forma em todos os suportes e, mais difícil, de avaliar o impacto real em cada rede. Alguém tem sugestões?