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Ainda sobre o filtro de Vuvuzelas

Notícias recentes fazem saber que algumas televisões vão transmitir jogos do Mundial sem Vuvuzelas. O Meo prepara-se para oferecer essa opção e a BBC também a estuda. Obviamente não o farão com uma solução parecida com a que andámos a estudar (houve quem perguntasse).

Um fitro de Vuvuzelas, para os emissores de TV, é uma coisa relativamente elementar. Um filtro simples como o que desenvolvemos, aplicado exclusivamente ao som do estádio chegaria para atenuar a irritação, mas podem e devem usar filtros mais avançados, com análise em tempo real de padrões de ruído, como o Vuvux da Prosoniq, específico para Vuvuzelas (gratuito, mas exclusivo para Mac OS) ou o SoundSoapPro da Bias, por exemplo, que é usado para “limpar” registos sonoros ruidosos— desde vinis antigos e riscados a gravações ao ar livre com ruídos de fundo irritantes (motores, ares condicionados, vuvuzelas…). Estes softwares específicos para “limpeza” e/ou “restauro” incluem algoritmos que visam a protecção da voz e, apesar de não fazerem milagres, no caso das Vuvuzelas, a sua aplicação é relativamente elementar e os benefícios evidentes. Considerando que quem transmite tem a possibilidade de separar o som do estádio do som dos comentários e aplicar os filtros de forma doseada, só não se compreende porque é que tardaram tanto a tomar medidas, mas deram-me indicações que o relato da TSF já era relativamente livre de Vuvuzelas, por exemplo. Não tive oportunidade de confirmar.

Entretanto, para quem não tem acesso a emissões pré-filtradas, o filtro que desenvolvemos está disponível para ser usado e melhorado.

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Silêncio?

No início do Jogo Contra a Pobreza, no Estádio da Luz, fez-se um minuto de silêncio em honra das vítimas do terramoto no Haiti, para onde será canalizada a receita do evento. Fiquei a saber que o silêncio, nos estádios de futebol, tem banda sonora específica.

Por estas e por outras é que quero aprender, ensinando, no Workshop O Som no Drama, onde se inclui um debate sobre o significado e a representação musical do silêncio.

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Pérolas desportivas do dia

Via Twitter, deparei-me com duas pérolas desportivas que mostram bem o estado dos media desportivos em particular, mas creio que não seria injusto generalizar para os media em geral:

  1. A Lusa chamou “tretacampeão” ao FCP (ver aqui) e o Público e o JN reproduzem, sem revisão. Uma gralha com graça.
  2. O blog Força nas Canetas encontrou uma forma engraçada de usar uma campanha de marketing do site do SLB e o JN, em vez de perceber a simplicidade da graçola e por, claramente, faltar na redacção o tipo que sabe navegar num site e olhar para uma barra de endereços com olhos de ver, fala de “piratas informáticos”. Se também quiser ser um pirata informático é fácil: vá até http://www.slbenfica.pt/Informacao/Futebol/Noticias/CompraRedPass.asp?Adepto=PirataInformatico (pode escrever, em vez de “PirataInformatico” a seguir a “Adepto=” qualquer nome que lhe interesse ver no plantel).

Como não acompanho a imprensa desportiva, não sei com que frequência estas coisas acontecem. A reprodução constante de gralhas e a falta de revisão dos textos é um problema endémico e só chateia que, mesmo depois de ter sido revelada a gralha, considerando que o meio online é facilmente actualizável, ninguém se pareça importar.

Notícia do JN sobre "possível ataque informático" ao site do SLB

Mas no segundo caso, a falha parece-me mais grave e reveladora duma enorme falta de formação, mais do que simples ingenuidade. Falar de “possível ataque informático” neste caso é, simplesmente, ser preguiçoso, pouco sério, nabo… para poupar em adjectivos mais fortes.

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Triatlo: o nosso desporto-rei

Alguém tem ainda dúvidas sobre qual devia ser, verdadeiramente, o nosso desporto-rei?

Vanessa FernandesHoje, em Pulpi (Espanha), Vanessa Fernandes sagrou-se pela 4ª vez consecutiva Campeão Europeia de Triatlo Sub-23 e na prova masculina, João Silva e Miguel Arraiolos conquistaram a medalha de ouro e a medalha de prata, respectivamente, num feito verdadeiramente notável para o desporto nacional e inédito na história dos campeonatos, segundo ouvi na rádio.

Claro que as capas dos jornais estarão reservadas para os tipos que andam aos chutos na bola e que parece que marcaram uns golos, hoje. Aliás, já quererá dizer qualquer coisa o facto do Público online só referir o resultado de Vanessa Fernandes, sem salientar o resultado histórico na prova masculina, enquanto reserva dois espaços de última hora para os futebóis, um para o jogo, outro para as declarações do “mister”.
Mas, se há desporto que merece a nossa atenção e orgulho nacional é, claramente, o Triatlo.

Ou isso de prestarmos atenção a desportos que não sejam futebóis era só durante os Jogos Olímpicos?

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Escapatórias

Pelo pouco que fui acompanhando, parece-me que havia muita gente convencida que desta vez é que íamos ser campeões europeus de futebol. Parece que não, afinal.

Ficam algumas questões no ar, para entreter os próximos dias e fornecer escapatórias, para quem precisar:

  • Terá sido culpa do árbitro sueco que não marcou a falta do Ballack sobre o Paulo Ferreira, no 3º golo alemão?
  • Terá sido culpa do Ricardo que continua “aos papéis” em lances de bola parada e deixou que os alemães repetissem uma jogada ensaiada para o 2º e 3º golos?
  • Terá sido culpa do Scolari que anunciou a sua transferência para o Chelsea durante o campeonato, contribuindo para a desestabilização do plantel?
  • Terá sido culpa do João Moutinho que não soube escolher entre a cabeça e o joelho
    quando o Bosingwa lhe entregou o golo?
  • Terá sido culpa do Pepe que cabeceou para fora quando o Deco lhe meteu um canto mesmo a jeito?

Ou terá sido simplesmente a eficácia germânica e a simplicidade absoluta do futebol que consiste em marcar golos e evitar que o adversário marque, por mais “rodriguinhos” que os nossos meninos façam?

Temos escapatórias para várias semanas de rescaldo do europeu mas fico com uma dúvida: os ecrãs gigantes montados um pouco por todo o país mantêm-se, independentemente da nossa participação? Podem baixar um bocadinho o volume, pelo menos?

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Somos um país de sócios?

A campanha estupidificante que o BES tem em curso com a Federação Portuguesa de Futebol, com o objectivo de tornar todos os portugueses “sócios da selecção” é uma jogada de mestre em termos de colheita de dados, já que a maior parte das pessoas, nestes tempos de euforia histérica, adere de forma irracional e nem se apercebe que está autorizar a utilização dos seus dados para marketing variado para o resto da vida. Depois do rescaldo do Euro 2008, talvez se intensifiquem as queixas de publicidade indesejada, mas agora, pela “nossa selecção”, faz-se tudo. Até (ou principalmente) os maiores disparates.

Saber que o BES só agora é que comunicou à Comissão Nacional de Protecção de Dados que estava a fazer a recolha é apenas a prova do sentimento de impunidade que paira sobre estas coisas. Mas diz bastante acerca da postura da FPF nestas coisas: como representantes de interesses públicos, os dirigentes da FPF deviam assegurar que todas as iniciativas que envolvem a Federação decorrem dentro da normalidade e da legalidade.

Mas somos todos sócios, não é? Quem é que se vai queixar?