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Um caso de polícia

Escrevi, em Dezembro de 2007, um artigo sobre o lançamento da revista Web Designer, onde partilhava algum do meu desalento e desconfiança. Estava longe de imaginar que o assunto teria o desenvolvimento que se percebe pela leitura dos comentários que continuamente vou recebendo e que a editora Enjoy deixaria as coisas chegar ao limite do absurdo, por actos e omissões. Mas deixou até que a questão, para alguns assinantes, se transformasse num caso de polícia. Têm razão todos aqueles que reclamam por direitos elementares, como a devolução dos valores pagos, dado o incumprimento, a todos os títulos lamentável, da editora. E têm razão em se manifestarem contra manobras dilatórias, quebras de comunicação e confiança e todos os comportamentos contrários aos direitos que nos assistem a todos, enquanto consumidores.

Eu não assinei a revista, mas estou solidário com todos aqueles que agora reclamam, como é óbvio. Mas não sei o que pensar do facto de ser num artigo do meu blog que estas pessoas trocam informações e se tentam organizar para reivindicarem os seus direitos. Gostava de poder fazer mais alguma coisa e tenho a certeza que há estratégias mais adequadas e visíveis para obrigar a Enjoy a mostrar o mínimo de respeito pelos consumidores. Assim, lanço daqui um apelo a todos os envolvidos neste caso e a quem possa eventualmente dar-lhes um apoio específico (advogados, juristas, activistas e especialistas em direitos do consumidor…) para que façam propostas concretas e apontem caminhos mais seguros e directos para a defesa dos direitos destes consumidores.

Agradeço antecipadamente.

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Se for para mudar, que mudem para melhor

Ouvi, nas notícias, que o Multibanco ia mudar de imagem. Fiquei curioso, obviamente, mas por acaso, e porque uso a Internet para quase todas as operações bancárias, só alguns dias depois da mudança é que me deparei com ela. E fiquei muito desiludido. As questões mais profundas, as que potencialmente dificultarão a acessibilidade ao novo interface, são bem analisadas pelo Ivo Gomes, mas a mim, a impressão mais imediata e superficial foi “porque é que isto ficou tão feio”? E reparem que eu não achava nem a imagem, nem o interface antigo particularmente bonito. Mas se, por um lado, funcionava, por outro, tinha algum equilíbrio. Já esta nova imagem, pode eventualmente ter melhorias ao nível da “actualização” da identidade gráfica do Multibanco que se reflectem (eventualmente) na comunicação fora do interface. Aceito até que pessoas menos sensíveis a questões de legibilidade e acessibilidade considerem que, em geral, a nova imagem é mais “moderna”.

Multibanco - nova imagem

Mas não concordam que o novo “boneco” do MB é feio e mal desenhado?

MB, o novo boneco é feioE isso, chama a atenção para os pormenores de todo o interface e da identidade e, genericamente, há imensas fragilidades gráficas. Ora reparem com atenção… não é mesmo “feio”?

Porquê?

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Design para míopes: o infeliz contra-exemplo destas novas caixas de lentes de contacto

Atenção aos incautos: as novas caixas de lentes de contacto oferecidas com o líquido de tratamento 3 em 1 da Bausch & Lomb, que eu compro na MultiOpticas, são bem piores do que as antigas, tornando fácil a troca entre a lente esquerda e direita. Reparem:

Caixa de lentes de contacto iWear: mudar para pior?

Por isso, se usarem estes produtos e precisarem, como eu, de ter a certeza que não trocam a lente esquerda e direita, guardem as caixas antigas.
Um daqueles exemplos em que a decisão de mudar o “design” fez “perder de vista”, momentaneamente, os clientes do produto e a sua função específica.

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Imagino que não seja complicado

“Eu não percebo nada disso, mas imagino que não seja complicado. É?”

Com cada vez mais frequência sou confrontado com este paradoxo: com a “democratização” das tecnologias e com a disseminação da ideia (absurda) de que dos computadores se tira o trabalho já feito, são cada vez mais as pessoas que, sem terem a menor ideia das competências necessárias, tarefas envolvidas ou tempo dispendido em alguns dos trabalhos que desenvolvo, requerem, em cima do prazo final de entrega dos trabalhos, actualizações, rectificações, modificações, revisões e outras tarefas que têm o seu tempo próprio no processo. E é comum dizerem mesmo coisas deste tipo: “não faço a mínima ideia como é que isso se faz, mas não deve ser assim tão complicado substituir isto, ou acrescentar aquilo ou…”

Mas não é bem assim, senhores. Se não fazem a menor ideia como se faz, é possível, e até provável, que aquilo que vos parece perfeitamente banal, mas que vos foi dito que teria um tempo próprio, seja de facto bastante complicado fora desse tempo.

Ah! É importante que se esclareça que neste “estabelecimento” o cliente não tem sempre razão. Aliás, é raro isso acontecer.

Desculpem o desabafo, mas são 5 da manhã e estou a acabar um desses projectos fora de tempo. Porquê? Porque, apesar de tudo, o trabalho é mesmo “a porca chantagem da sobrevivência”.

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iPhone em Portugal pela Vodafone

O Pedro Aniceto chama a atenção para o anúncio da Vodafone, mas a questão do “quando” permanece. “Later this year” será exactamente o quê?

Eu continuo sem saber exactamente o que pensar do iPhone, se querem que vos diga. Mas, se pensar no meu quotidiano e no tipo de uso que dou ao meu telemóvel, aos computadores e até ao iPod que me foi oferecido nos anos 🙂 , não sei mesmo o que faria com um gadget daquele tipo. Não me faz falta nenhuma das suas funções, mas, bem sei que essa não é a primeira questão que passa pela cabeça de quem o deseja e foi por isso mesmo que foi assim concebido.

Mas,

Recognizing the need is the primary condition for design.

Foi Charles Eames que o disse e se o for repetindo regularmente talvez evite pensar muito nisto. 😉

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Substância

É cada vez mais evidente que o ciclo de desenvolvimento “técnico” de um website foi encurtado significativamente, ao ponto de ser possível, com um CMS competente e uma certa ginástica no desenvolvimento de templates, pôr um projecto online em alguns dias, ou mesmo horas, dependendo do fôlego, do número de colaboradores, da exigência gráfica, dos conteúdos.

Mas o ritmo acelerado a que se resolve o esqueleto e a pele superficial destas coisas, deixa cada vez mais evidente a progressiva ausência de substância: é cada vez mais comum ter projectos “pendurados”, à espera de conteúdos, ter clientes que querem um site mas que não fazem ideia do que ele irá conter, encontrar organizações que não são capazes de produzir nenhum tipo de discurso acerca de si próprias…

Corremos com toda a força para o futuro e vamos tão depressa que o presente nos escapa e a poeira da nossa corrida nos esconde o passado.
Boris Vian, Os Construtores de Impérios

E nem sequer sei (desconfio muito) se é só no caso da comunicação digital que vamos adoptando cada vez mais esta lógica de fazer “coisas” desenfreadamente, sem nos determos no que é verdadeiramente fundamental. Ou sem sequer percebermos o que é necessário.

Recognizing the need is the primary condition for design.
Charles Eames

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Tipografia para Web Designers

Em tempos que já lá vão, escrevi aqui acerca do brilhante I Love Typography, mas não tenho conseguido ser um leitor assíduo e, de cada vez que me dedico a ler os artigos ou simplesmente seguir algumas das sugestões apresentadas, fico sempre “maravilhado”. Mas agora, o iLT avançou com um primeiro capítulo dum Guia de Tipografia para a Web e isso é um acontecimento a destacar. É claro que esta não é a primeira iniciativa do género e há alguns recursos online e offline dedicados a estas questões de forma mais aprofundada, mas a leitura do iLT é muitíssimo agradável e, também a partir dos comentários, abre imensas portas. The Elements of Typographic Style Applied to the Web é um exemplo dum outro recurso mais aprofundado, também work-in-progress, a que acedi a partir dos comentários no iLT. O que prova que ter uma comunidade de leitores interessados e interessantes é uma enorme mais-valia.

Mas o mais relevante neste dois sites é a capacidade que têm de provar a relevância do conteúdo pelo exemplo. Ora reparem:

I Love Typography: aconselhável pelo conteúdo, pela forma e pelo exemplo

The Elements of Typographic Style Applied to the Web: um recurso em construção e um exemplo de como fazer

Se alguém precisa de exemplos que ilustrem a necessidade de dominar conceitos de tipografia para comunicar bem online, eles aqui estão, não é?

E pegando numa curtíssima referência do iLT:

Robert Bringhurst, the consummate typographer writes, typography exists to honor content. Are we honoring the content, if we design our pages in such a way that the text, the content, is difficult to read? 

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O problema do significado

Novo logotipo do Banif Já muito se disse acerca da nova imagem do Banif, imagino eu.

A mim, o que mais me espantou nesta mudança foi a adopção duma figura mitológica cujo significado não é imediato e com o qual se terá (suponho eu) que criar uma ligação a três: símbolo, empresa e clientes.

Mas esta será uma boa oportunidade para perceber se alguém se importa com os significados que se escondem ou revelam por trás das imagens.

Centauros

O Tessaliano Ixíon, filho de Ares, o rei dos Lápitas, apaixonou-se por Hera e procurou levá-la para o seu leito. Mas Zeus enviou-lhe uma nuvem com a aparência de sua esposa, com a qual Ixíon se deitou. Desta união nasceram criaturas híbridas, cavalos com busto humano, munidos de braços: os centauros.

Os centauros viviam nos bosques dos montes Pélion e Ossa e os seus costumes eram considerados selvagens. Vêmo-los figurar nos cortejos de Dioniso. A lenda atribui-lhes numerosos delitos.

Quando Pirítoo, filho de Ixíon, se casou, convidou os seus monstruosos parentes para o banquete. Estes embebedaram-se e tentaram violentar a noiva. Este acontecimento provocou uma luta entre centauros e Lápitas, que se traduziu numa batalha muito sangrenta. Os Lápitas acabaram por vencer, graças à coragem de Pirítoo e do seu amigo Teseu, e expulsaram os centauros da Tessália.

Curiosamente, a tradição costuma destacar deste conjunto dois centauros, a quem atribui uma origem bem diferente e que são recordados pela sua bondade e pela sua sabedoria: Folo, filho de Sileno, cuja hospitalidade Héracles apreciou, e sobretudo Quíron, filho de Cronos, benevolente e omnisciente.

A palavra Centauro (que significa: picador de touros) permite, sem dúvida, discernir a origem do mito: os vaqueiros a cavalo (que recordam os guardião de Camarga) intrigavam verosimilmente os viajantes que percorriam a Tessália. E foram estes que criaram a lenda destes seres, misto de homens e de cavalos.

in Dicionário de Mitologia Grega e Romana, de Georges Hacquard (Edições ASA)

Para mim, é uma curiosa associação, esta dum banco a uma criatura de origem duvidosa e maldita, entregue a excessos e comportamentos selvagens… curiosa por ser honesta. 😉
Mas estariam os responsáveis do Banif e/ou da agência responsável por esta nova imagem a pensar nesta associação de significados? Ou isso não interessa nada?

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I love typography too!

I Love Typography, cabeçalho do site

Foi através do blog do Jeffrey Zeldman (e viva os feeds!) que conheci o I Love Typography.

O site é muito bom, a escolha dos 15 exemplos de uso excelente de tipografia em websites é muito boa e é claramente um sítio que vale a pena guardar e visitar regularmente (e viva os feeds outra vez!).

E é especialmente engraçado encontrar esta referência no mesmo dia em que conheci o Typography Kicks Ass e falei de coincidências tipográficas. 🙂

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Coincidências tipográficas

Alfabeto do Quotidiano, através do Typography Kicks Ass

Chamaram-me a atenção para este Typography Kicks Ass: Flickr Bold Italic, distinguido com um Favourite Website Award. Muito bom. E lembra-me um trabalho do curso de Design de há uns anos: o Alfabeto do Quotidiano. 🙂

Alfabeto do Quotidiano, por João Martins

Alfabeto do Quotidiano, por João Martins